Presidente da APAVT faz duras críticas à BTL e afirma: “Precisamos de uma feira que sirva o Turismo”

Na sessão de abertura do 49º congresso da APAVT, que começou esta quinta-feira em Huelva, Pedro Costa Ferreira desafiou o presidente da CTP a “tomar politicamente conta da BTL” porque o setor precisa de “uma feira que sirva o turismo” e não de uma feira em que o turismo seja apenas uma “fonte alimentadora de uma necessidade crescente de realizar receitas”, tendo criticado a organização do certame, acusando-a de “gulosa”.
Entre os vários pontos que o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo focou durante a sua intervenção na sessão de abertura do Congresso, esteve a decisão tomada pela APAVT de não estar presente na BTL 2025 porque “o mercado nos pede uma explicação”.
A explicação foi dada, com Pedro Costa Ferreira a recordar que em 2020, no deflagrar da pandemia, que levou ao cancelamento da BTL, a APAVT, acabou por financiar a BTL ao não ter exigido as verbas então já pagas à organização da feira, num momento em que os associados passavam o pior momento das suas vidas.
“Fomos dos muito poucos, senão os únicos, a fazê-lo, num momento em que todos vocês sabem que o fazíamos sem saber se alguma vez poderíamos reaver os valores entregues”, recordou, para afirmar, de forma crítica, que foram estes mesmos parceiros [a BTL] que, ultrapassada a pandemia, nos fizeram exigências financeiras que obrigaram dezenas de associados nossos a abandonar a feira”.
No mesmo tom crítico, Pedro Costa Ferreira, acusou a BTL que “empurrar” a APAVT do “comboio do sucesso”. O que está em causa, disse, é que “a BTL, enquanto necessitou da APAVT, acordou um preço que fez do nosso Stand não apenas o maior stand privado da feira, o maior dinamizador do programa dos hosted buyers, o precursor do b2c na BTL, o grande realizador da aventura de consumo em que se transformou a nossa feira de turismo, nos fins de semana”, para, no momento em que “a BTL achou que o turismo estava forte e que a feira estava consolidada, decidiu empurrar-nos do comboio do sucesso, para nos substituir por mais e mais dinheiro”.
Considerando que a organização da feira até está no seu direito, o presidente da APVT defendeu que o que interessa saber “é se temos uma feira para o Turismo, um evento que dinamiza, promove e consolida o nosso sector, ou se temos o Turismo para uma feira”, tendo acusado a organização da feira de ter-se tornado “gulosa” e de apenas usar “o sucesso do sector para obter mais e mais dinheiro, sem a menor articulação, ou mesmo respeito, pelos diversos stakeholders”.
Afirmando que com a decisão tomada de não participar na BTL 2025, a APAVT encerra um ciclo de 10 anos “que não tem regresso possível”, Pedro Costa Ferreira reiterou o desafio que já uma vez fizera ao presidente da Confederação do Turismo de Portugal no sentido de “tomar politicamente conta da BTL” para que o turismo não seja “utilizado por um mero processo de recuperação empresarial”. Isto porque, afirmou, “precisamos de uma feira que sirva o turismo e que se articule com os seus estrategas, decisores e protagonistas, não precisamos que o turismo seja unicamente fonte alimentadora de uma necessidade crescente de realizar receitas”.
O presidente da APAVT conclui, agradecendo ao Comendador Rocha de Matos e a Fátima Vila-Maior, por terem tido “primeiro a visão, e depois a coragem e a capacidade profissional de conosco trabalhar neste processo de crescimento harmonioso dos nossos associados, da BTL e do Turismo português”.
O Turisver está em Huelva a convite da APAVT