Preços pouco competitivos levam turistas alemães a trocar o Algarve por outros destinos, considera Oliver Zahn
Oliver Zahn, CEO da Portimar DMC e responsável de produto no operador turístico alemão Olimar especializado no destino Portugal, esteve na 12ª Convenção Anual da Vila Galé, realizada no Cumbuco (Ceará, Brasil) e transmitida online pela primeira vez, onde falou sobre o mercado alemão para Portugal e para o Brasil, e do posicionamento das agências de viagens na Alemanha.
Na mesa redonda “A promoção dos novos destinos Vila Galé”, em que participou também o Carlos Antunes, diretor TAP para o continente americano, Pedro Ribeiro, diretor de marketing e vendas da Vila Galé, que moderava a sessão, questionou Oliver Zahn sobre o porquê da diminuição do market share do mercado alemão para Portugal, com o responsável a apontar dois motivos principais: falta de disponibilidade hoteleira em destinos como a Madeira e uma relação preço-qualidade pouco competitiva no caso do Algarve.
Afirmando que “Portugal tem um excelente posicionamento como produto turístico no mercado alemão”, Zahn considerou que “nos dois últimos dois anos, a procura existiu”, embora tenha havido “falta de disponibilidade” a nível hoteleiro em alguns dos destinos portugueses preferidos pelos alemães.
“No pós-pandemia Portugal teve uma procura muito grande por parte de outros mercados internacionais que antes da pandemia nem sequer existiam”, explicou o responsável do operador, acrescentando que “a Madeira, que antes da pandemia tinha como mercados principais, a nível internacional, o britânico, o alemão e mais um ou dois, hoje tem ligações aéreas com todos os países da Europa e é procurada por turistas de todos esses mercados”.
Destacando que também o grande aumento verificado no número de turistas norte-americanos que hoje procura Portugal é um facto a considerar nesta equação, por exemplo em destinos como os Açores, Oliver Zahn adiantou que a procura continua a existir mas que hoje é mais difícil encontrar disponibilidade.
“Senti o ano passado, e vou sentir este ano, que podia vender muito mais para Portugal porque a procura existe mas não há disponibilidade hoteleira”, afirmou.
Para o responsável, “o Algarve podia ser uma opção porque não está a ter ainda essa grande procura por parte de outros mercados e tem disponibilidade hoteleira suficiente”. No entanto, no que se refere a este destino, existe o problema do preço: “No mercado alemão, o Algarve está a concorrer com outros destinos de sol e mar que têm uma melhor relação preço-qualidade, caso da Espanha e da Turquia – a Turquia vende-se muito através do preço e o alemão hoje, por razões económicas devido à recessão, está muito sensível ao preço”, rematou.
Já relativamente ao Brasil enquanto destino turístico para os alemães, os problemas que se colocam são outros, nomeadamente a segurança. “Os alemães prezam muito a segurança e ainda têm medo de viajar para o Brasil – pode ser injusto mas o facto é que o Brasil não está no top dos destinos seguros”.
Por isso, embora o Brasil seja “um produto espectacular, ainda há poucos alemães que viajam para o Brasil. Foram pouco mais de 150 mil o ano passado que se comparam com cerca de 300 mil alemães que foram para o México e outros tantos para a República Dominicana”.
A “qualidade do produto” que “é importantíssima para o alemão”, e a língua, foram outros problemas apontados.
Posicionamento das agências de viagens na Alemanha “é muito forte”
Sobre o posicionamento das agências de viagens na Alemanha, Oliver Zahn destaou que o mercado alemão é ainda “muito tradicional”, com as agências a terem um posicionamento “muito forte” e a serem, “de longe, o canal mais importante na venda de produtos turísticos para o estrangeiro”.
Uma das razões, disse, reside no facto de os agentes de viagens terem estado “sempre presentes durante a pandemia como têm estado em todas as crises, o que criou uma ligação muito grande do consumidor ao consultor de viagem que é responsável pela qualidade de serviço”.
Os viajantes, disse, “querem ter a segurança em que alguém cuida deles se houver alguma irregularidade. É uma questão de confiança na qualidade do produto”.
Acresce que “a segurança que as leis europeias dão ao consumidor em termos dos pacotes turísticos comprados nas agências, mesmo que haja uma falência”, concluiu.