“Preço médio bom” e ser uma “novidade” são “duas coisas boas” da operação da Jolidey para Cayo Santa María, diz Paulo Mendes
Paulo Mendes, diretor de contratação do Grupo GEA, integrou a famtrip da Jolidey, operador turístico do Grupo Ávoris, a Cayo Santa María, um destino que, segundo afirmou ao Turisver, o “surpreendeu pela positiva” e que vem dar “algo diferente” ao mercado por permitir combinados com Trinidad e assim possibilitar ao turista conhecer dois destinos numa só viagem.
Paulo Mendes, a Jolidey realizou esta famtrip a um destino novo que está a operar este verão. Com que ideia ficou da oferta do Cayo Santa María?
Nos últimos anos, vimos notando que o Grupo Ávoris tem feito uma grande aposta em lançar, pelo menos, uma novidade no mercado por ano, o que é importante, porque nós estamos a falar de destinos que, não sendo novos, acabam por ser um pouco um pouco diferentes daquilo a que já estamos habituados.
Este destino, Cayo Santa María, com os combinados, nomeadamente para Trinidad, vem dar aqui algo diferente do que é o habitual na oferta das Caraíbas, que é o manter as sete noites, e o regime de tudo incluído, dando possibilidade ao turista de conhecer dois destinos em Cuba numa só viagem. O que eu notei nesta viagem, é que há uma aposta grande de Cuba em ter novos hotéis, novas infraestruturas, de forma a dinamizar mais destinos em Cuba, o que é bastante interessante e importante para o mercado português.
Posso dizer que o destino surpreendeu-me pela positiva, no entanto, acho que há aqui muitas coisas para melhorar como é óbvio, estamos em Cuba, mas eu acho que existe aqui já uma aproximação com aquilo que o próprio cliente português procura, que como sabemos, que é o sol e mar.
O sol e mar é o que motiva o cliente a vir para Cuba ou para qualquer destino das Caraíbas. O restante é complementar, e o que eu posso dizer desta nova operação, é que vem a dar uma complementaridade às pessoas que não querem só o sol e praia, porque permite fazer combinados com Trinidad, uma cidade com muitas mais valências a nível cultural e de experiências que podem fazer-se.
É uma operação pequena, uma operação de teste, e só no final da operação é que nós vamos saber se, de facto, é viável ou não dar-lhe continuidade. A própria Ávoris, a Jolidey, continua a apostar nesta operação.
A Jolidey está a planear não só manter a aposta neste destino como também ampliá-la, realizando um maior número de partidas no próximo ano, porque parece que a reação do mercado foi boa.
Esta operação tem duas coisas boas, a começar pelo facto de ter um preço médio bom para o poder de compra do mercado português. Depois há a questão da novidade, é um destino inovador, novo no mercado, nunca se tinha feito, e combina duas realidades para dois perfis clientes diferentes: a questão da praia nos Cayos e a questão de Trinidad com cultura, tentando-se aqui fazer um combinado, que normalmente era sempre entre Havana e Varadero. Neste momento, começa a haver mais opções para visitar a Cuba mais cultural, a Cuba do interior, que não seja apenas Havana.
“Não falta comida, até há variedade, dentro do possível e da realidade cubana, existe uma variedade interessante, e as pessoas podem comer todos os dias refeições diferentes, não sempre o mesmo. Depois, há a hospitalidade cubana, que também faz o destino”
Agora que conhece o produto qual é a sua perceção: tem uma boa relação qualidade / preço?
Como qualquer destino que está a começar e que se quer impor no mercado, é óbvio que tem que haver melhorias.
Eu noto algumas lacunas, nomeadamente na animação. Por todos os locais onde passámos a questão da animação ainda não está bem implementada. Quanto à alimentação, estou surpreendido pela positiva, e ao contrário do que muitos dizem não acho que seja um destino em que falta comida. Não falta comida, até há variedade. Dentro do possível e da realidade cubana, existe uma variedade interessante, e as pessoas podem comer todos os dias refeições diferentes. Depois, há a hospitalidade cubana, que também faz o destino.
Há muita hospitalidade, há um bom serviço, é óbvio que há hotéis mais preparados do que outros, depende muito das equipas, mas acho que caminham, a passos largos, para poderem posicionar-se como uma oferta muito válida para o cliente português em termos das Caraíbas.
No passado, Cuba chegou a ser o principal destino do cliente português nas Caraíbas, depois caiu. Hoje estamos perante um novo tipo de clientes, que que visitar Cuba pela primeira vez, ou de clientes que querem revisitar o destino alguns anos depois de cá terem estado?
O cliente português vê as Caraíbas como um destino único. É óbvio que Cuba chama a atenção pela sua diferenciação em relação aos outros destinos, por ser um destino mais fechado, com as limitações que todos conhecemos, pela questão do embargo económico, etc. Mas há aqui uma coisa muito boa e que vai ditar a venda, que é o preço médio, e o preço mais competitivo vai fazer com que haja mais procura e o cliente esteja disposto a ir para Cuba, em vez de ir para o México ou para a República Dominicana.
Depois há outros fatores, como a curiosidade, ou o desejo de visitar um novo destino. Ou seja, não acredito que nesta operação que foi vendida, na sua totalidade, a motivação dos clientes seja a mesma, cada um tem a sua motivação.
Há outra coisa que foi uma aposta boa e interessante, tendo em conta a oferta turística existente, na diferenciação de alguns hotéis. Nós estivemos em hotéis modernos onde a maioria dos quartos tem saída direta para uma piscina privativa, e isso foi algo que me chamou muito a atenção porque se trata de uma aposta num cliente médio-alto que está disposto a pagar mais por um melhor alojamento, um melhor quarto, com piscina privativa, etc. Isso vai fazer com que as pessoas vejam o produto e vai complementar também com a aposta que a Jolidey fez este ano em colocar um avião com uma classe executiva. Um dos problemas em vender Caraíbas em operação charter sempre residiu nos voos sem executiva porque existem clientes que gostam de uma determinada hotelaria, já com um padrão alto, e que depois não estão dispostos a vir numa operação charter.
A TAP teve bastante procura nas operações para o México e para Punta Cana devido a esse tipo de cliente que quer viajar de uma forma mais cómoda. Este ano a Jolidey dá esse passo importante, e eu acho que é de dar-lhe os parabéns, porque há sempre um nicho de mercado onde podemos aumentar um bocado a rentabilidade por passageiro.
Não ficou admirado pelo facto de a oferta em termos de incoming, quer para as excursões quer para o transporte mais longínquo, entre o Cayo e Trinidad, a frota da Gaviota ser bastante nova?
Pelo que eu vi em todas as instalações que visitámos, a frota que faz os transferes e os próprios circuitos é uma frota moderna, é verdade. Há aqui uma aposta grande de Cuba em retomar o seu lugar como destino turístico nas Caraíbas e isso faz com que nós, como distribuidores e parceiros dos operadores que vendem estes destinos, olhemos com mais confiança para o próprio destino e o próprio produto que estamos a vender. Uma coisa é ter um bom produto montado e tudo se encaixar dentro de um determinado padrão de qualidade, e outra é ter tudo montado e o nível de recetivo ou de serviço não acompanhar essa expectativa.
Portanto, fiquei um bocado surpreendido por ser uma frota relativamente nova tendo em conta que estamos em Cuba.
Este ano foi colocada muito mais oferta de Cuba no mercado. As vossas agências venderam mais Cuba?
A oferta que há este ano para Cuba é superior à do ano anterior, aliás, neste momento, estamos com 4 charters por semana em época alta – estamos a falar do período premium que vai desde julho até meados de setembro. De facto, há uma oferta melhor no destino. Posso dizer, tendo em conta que é uma operação mais curta, que os dados que eu tenho até ao final de junho, indicam que Cuba já tinha ultrapassado o México como segundo destino mais vendido na rede GEA nas Caraíbas, ficando logo a seguir à República Dominicana.
É óbvio que isto pode mudar no final do verão, mas para já, tendo em conta que a operação do México é mais longa, Cuba neste momento é o segundo destino que estamos a vender mais nas Caraíbas.
O Turisver viajou para Cayo Santa María a convite do Grupo Ávoris