Preço dos pacotes turísticos vai depender do dólar, afirmou Miguel Ferreira CEO da Exotico

Depois de um ano de 2022 que foi “excelente”, Miguel Ferreira, CEO do operador turístico Exoticoonline, afirma não esperar que 2023 seja muito diferente, apesar de, face à situação económica, as pessoas poderem fazer alguns ajustes, quer na duração, quer nos destinos das suas viagens.
Como é que correu a operação de fim de ano para o Brasil no global e em particular quanto aos vossos lugares?
Foi uma operação fantástica, nós tínhamos dois voos, um que fazia Lisboa – Porto – Maceió que teve de ser “desdobrado” para um Lisboa-Maceió, um Porto-Maceió e tínhamos também um Porto-Salvador. Como foram anunciados na altura, tivemos que colocar mais um voo e foi um sucesso. Ou seja, no fundo, aumentámos 248 lugares que era a capacidade do avião de Lisboa. Nos três voos, disponibilizámos ao mercado um total de 780 lugares.
Este ano notou-se que os preços estavam um pouco mais elevados do que em anos anteriores…
Subiram consideravelmente em função da valorização do dólar, que aumentou mais de 20%. Isso levou a que o preço médio subisse, é verdade.
De alguma forma esse aumento de preços veio a funcionar como inibidor da procura ou não?
Houve um reajuste, começámos com dois voos e ficámos com três. Já tivemos anos em que chegámos a quatro e cinco, tivemos de fazer um ajuste. Notou-se, no caso das famílias, que algumas não levaram crianças, nomeadamente as crianças que passaram dos 11 para os 12 anos e que por isso deixam de usufruir das condições de criança e pagam como se fossem um adulto. A verdade é que se deu ali um ligeiro reajuste, ainda assim a operação de fim de ano foi um sucesso, quer para o Brasil quer para a Madeira.
Isto dá-vos um alento para encarar este novo ano ou há muitas dúvidas?
Dúvidas não há, porque 2022 foi excelente. O ano de 2023 é, para já, uma incógnita, mas não deve ser muito diferente do ano anterior. Poderá haver alguma correção, em vez de viagens de 15 dias, podem passar para 10 ou 12 dias, como poderá acontecer que o cliente não vá para o destino A e faça, não um “downsize”, mas um ajuste face ao seu budget, mas creio que o ano de 2023 não será diferente do ano anterior no que diz respeito ao número de pessoas a viajar.
Quais são as vossas principais apostas para este ano?
Em equipa que ganha não se mexe. Portanto, o Brasil sempre, o Dubai, as Maldivas e a Madeira.
Contratação de apartamentos no Algarve já está feita
No Algarve a contratação está fácil, ou não?
No país em geral a diária média subiu, também em função da subida de custos. Os hotéis não sobem os preços porque querem, os custos também aumentaram para a hotelaria em geral e por isso eles também sobem as diárias. Agora o que eu noto relativamente ao Algarve, o grande detalhe – e já tínhamos falado nisto -, é que o português deixou de usufruir dos early bookings. Este ano já está a acontecer novamente, ou seja, quando o cliente vai comprar muito em cima da data tem um preço, mas se comprar alguns meses antes tem uma redução no preço pelos early bookings e nota-se este ano que a recuperação do mercado é o early bookings.
Numa entrevista anterior ao Turisver falava na possibilidade de introduzir apartamentos…
E já está feito, porque em função do aumento do custo de vida é legítimo que algumas famílias recorram novamente aos apartamentos. Não têm o serviço de um hotel, mas são férias fantásticas na mesma.
Pela lógica do que tem estado a dizer, a programação em risco também irá ser semelhante à do ano passado… ou vai aumentar?
Em 2023 não está previsto, poderá haver algum ajuste, algumas operações pontuais, mas não temos em mente, para já, mudar o nosso drive do negócio.
Face às ofertas que estão no mercado, que de alguma maneira vão concorrer com as vossas, não só ao nível dos destinos em a Exótico aposta mas nos destinos em geral, pensa que irá haver muito choque de interesses, muito produto no mercado?
No início do ano há sempre inúmeras operações anunciadas, que depois no segundo trimestre se ajustam e se juntam, ou seja, tentamos todos ter o produto da maneira que deve ser consumido, se a procura não vem ao encontro da oferta, ela tem de ser ajustada,de contrário toda a gente iriaperder dinheiro. Ou seja, não há o avião do A ou B, há a operação.
Fica surpreendido com alguns dos novos destinos que estão a ser lançados no mercado ou já era previsível que viessem a surgir novidades?
Há sempre destinos novos que se lançam ou tentam lançar, depois temos sempre aquele receio e eu estou a falar daqueles destinos que eu penso às vezes que têm potencial para avançar, mas depois eu olho para o outro lado da minha cabeça que diz ‘será que?’.
A tendência é sempre inovar e dar produtos novos ao cliente e ao mercado, mas a cabeça do cliente é que manda, o cliente é que decide. Mas é normal que surjam novidades e ainda vai haver mais alguns destinos novos que podem ter potencial.
Podem ter, mas isso depende também se conseguem arranjar avião…
Há destinos na Europa Central para onde ainda podem fazer-secharters de praia, porém a temperatura da água ou é igual à nossa ou inferior e são estes detalhes que importa sempre analisar porque às vezes o consumidor prefere ir para as águas quentes e paradisíacas, mas há destinos engraçados de proximidade a explorar ainda.
O Brasil, um dos voos destinos principais, vai ser mais caro este verão do que no ano passado ou vai manter-se igual?
Vai depender do dólar, este é que é o grande fator, porque o aumento que existe não é só no Brasil, a Ásia também vai aumentar de preço, ou seja, em todos os destinos cuja moeda de referência é o dólar sofremos pela valorização desta moeda. Se o dólar vier agora a ajustar em baixa penso que são destinos que se mantêm em termos de preço.