Portugal é o primeiro mercado emissor para São Tomé, diz o diretor-geral do Turismo
São Tomé recebeu em 2022, cerca de 26 mil turistas. Depois de dois anos em que o país esteve praticamente parado devido à pandemia, é tempo de “arregaçar mangas” e voltar a apostar no turismo, segundo disse ao Turisver Eugénio Neves, diretor-geral do Turismo e Hotelaria de São Tomé e Príncipe. A meta até 2025 é atingir os 50 mil turistas no país.
Portugal continua a liderar o Top 10 do destino em termos de mercados emissores, com os dados do primeiro mês de 2023 a colocarem-no em primeiro lugar, seguido da França, Reino Unido, Alemanha, Angola, Espanha, EUA, Gabão, Gana e Nigéria.
Depois de dois anos de pandemia, São Tomé quer agora atrair mais e melhores turistas, apostando no turismo sustentável. A este nível, Eugénio Neves, diretor-geral do Turismo e Hotelaria de São Tomé e Príncipe, destacou a recente apresentação do programa “Equador + Turismo + Desenvolvimento”, um projeto “proposto pela Associação de Defesa do Património de Mértola, em parceria com a Direção Geral do Turismo de São Tomé e Príncipe, financiado pelo Instituto Camões na ordem dos 158.820 euros”, cujo objetivo é “promover o turismo sustentável como fator de promoção da identidade cultural, gerar rendimentos e melhorar as condições socioeconómicas em São Tomé”.
Novidade também é a abertura da Escola Profissional de Hotelaria e Turismo no país, neste mês de março. Um projeto-piloto com duração de dois anos, que será gerido pela Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da Madeira, vencedora do concurso internacional. Numa primeira fase, segundo o mesmo responsável, será dada formação aos futuros formadores do estabelecimento e em setembro abrirão as inscrições para os novos alunos. A escola terá uma capacidade anual de 200 alunos e a cozinha de aplicação terá lugar numa das unidades hoteleiras de São Tomé. Eugénio Neves avança que, apesar de o projeto ter apenas duração de dois anos, estão já a ser encetados contactos com outras entidades para a sua continuidade.
Apesar de algumas infraestruturas, como é o caso do Aeroporto Internacional, estarem a necessitar de renovação para que o país consiga atrair maiores fluxos turísticos, Eugénio Neves explicou ao Turisver que não estão contempladas, para já, quaisquer obras na reestruturação do Aeroporto Internacional de São Tomé.
Questionado sobre as maiores dificuldades que o destino e a população em geral tiveram de ultrapassar durante a pandemia, Eugénio Neves ressalva a “grande mobilização de toda a sociedade são-tomense em apoio ao setor do turismo” e também o papel do Governo local ao implementar “algumas medidas pontuais para fazer face à crise, como por exemplo a obrigatoriedade do programa Clean & Safe em todos os setores ligados ao turismo e o apoio a algumas empresas em termos de tesouraria”.
Recorde-se, a propósito, que só desde o último mês de fevereiro foi retirada a obrigação de apresentação do certificado de vacinação de Covid-19 ou teste PCR à entrada do país.
Ilha do Príncipe: a ideia “é atrair um nicho de mercado com maior poder de compra”
A ilha do Príncipe foi considerada recentemente pelo jornal francês Le Monde como o oitavo destino turístico a visitar em 2023, numa lista de 20 países, e esta classificação é vista pelo diretor-geral do Turismo e Hotelaria de São Tomé como “uma mais-valia para alavancar a notoriedade do destino”. No entanto, reforça que a “maior preocupação é que este não se torne um destino massificado e de podermos controlar o fluxo turístico, o que acaba por ser feito naturalmente pela acessibilidade difícil e dispendiosa”, acrescentando que a ideia é “atrair um nicho de mercado com maior poder de compra”.
Já no que diz respeito à recente submissão de uma lista indicativa de São Tomé e Príncipe à UNESCO, o diretor-geral do Turismo e Hotelaria reforça que “esta inclui patrimónios naturais como os parques naturais Obô de São Tomé e da ilha do Príncipe, e patrimónios culturais como as Roças Monte Café e Água Izé, em São Tomé, e a Roça Sundy, na ilha do Príncipe”, sublinhando que o país “tem muita esperança de que estes dois registos sejam reconhecidos pela comunidade internacional num futuro próximo e se tornem motores não só para o desenvolvimento do turismo, mas também para o desenvolvimento sustentável”.