Portugal continua a afirmar-se como “destino de referência” para o investimento hoteleiro na Europa
Segundo o mais recente ‘Portugal Hotel Market Snapshot’, da consultora Christie & Co, Portugal é um destino bastante atrativo para o investimento hoteleiro internacional, sublinhando, a este nível, que as marcas internacionais já estão a apostar noutros destinos que não apenas Lisboa, Porto ou Algarve.
O relatório analisa a evolução do mercado hoteleiro em Portugal, centrando-se nas nove regiões que compõem o país e explorando ambiciosos planos de investimento em infraestruturas, o desempenho comercial e o impacto da atividade económica mais ampla.
“O mercado hoteleiro português continua a demonstrar resiliência e grande determinação para continuar a consolidar-se como um destino europeu líder e um concorrente atrativo para o investimento hoteleiro, graças a uma combinação positiva das suas condições macroeconómicas, do seu desenvolvimento competitivo e dos seus custos operacionais, juntamente com um evolução contínua do seu panorama comercial e de marca”, conclui o relatório que analisou os dados das nove novas unidades territoriais NUTS II: Norte, Centro, Oeste, Grande Lisboa, Setúbal, Alentejo, Algarve e ilhas dos Açores e da Madeira.
De acordo com o relatório, o país registou mais de 77 milhões de dormidas em 2023, com níveis de procura “confortavelmente superiores” a 2019 em 10%. A receita por quarto disponível (RevPAR) em 2023 atingiu os 64,8€, o valor mais elevado alguma vez registado, o que representa um aumento de 31% em comparação com 2019. Já nos sete primeiros meses de 2024, o país registou um aumento de 7% no RevPAR, ao mesmo período de 2023.
Também a tarifa média diária (ADR) continuou a aumentar em todas as nove regiões no primeiro semestre de 2024. No entanto, segundo a consultora “aumentos significativos na oferta nos últimos anos impediram o regresso total da ocupação em muitas regiões”.
O relatório frisa, também, que “os ambiciosos planos de investimento em infraestruturas em todo o país, que visam melhorar a conectividade interna, a acessibilidade internacional e otimizar o mix energético do país, são acompanhados pelos avanços na produção de energia verde, com Portugal a gerar quase 35% de todo o consumo de energia a partir destas fontes em 2022, posicionando-se como pioneiro na transição global para um futuro mais sustentável”.
Para o futuro, a consultora perspectiva que “o pipeline de hospitalidade ativo e robusto do país totalize mais de 10.000 quartos nos próximos quatro anos, ou seja, cerca de 10% do stock atual (…) impulsionado principalmente pelas marcas internacionais” que para além de Lisboa, Porto e Algarve, estão a explorar “destinos secundários”.
Pierre Ricord, responsável pela Hotel Consulting da Christie & Co, comenta que “apesar da sua presença histórica entre as opções preferidas de muitos viajantes europeus para escapadelas e férias, a transformação da economia portuguesa, a indústria do turismo e a rápida evolução da oferta em destinos consagrados , entre outros, são todos fatores positivos para colocar o país num dos lugares mais altos na tabela de classificação de hot spots para investimento e desenvolvimento hoteleiro”.
Nicolas Cousin, diretor-geral da consultora para Espanha e Portugal, frisou, por seu turno, que “o mercado transacional relativamente pequeno de Portugal está preparado para oferecer muito mais oportunidades aos investidores internacionais num futuro próximo, à medida que o volume e a qualidade do stock hoteleiro aumentam, a oferta de destinos. Esta transformação pode, ao longo do percurso, causar algumas perturbações de curto prazo, uma vez que a concentração da oferta em algumas áreas pode exceder temporariamente a procura”.
Alberto Martín, diretor de Investimentos em Espanha e Portugal, sublinha que “Portugal está a ganhar impulso em termos de investimento hoteleiro, ultrapassando os 550 milhões de euros no primeiro semestre deste ano”.
De acordo com o mesmo responsável, este investimento está a ser “canalizado não só para os activos operacionais, mas também para reposicionar os activos para regenerar a oferta”, sendo importante verificar que “este investimento não se concentrou apenas nos destinos líderes, mas também começou a fluir para destinos secundários onde os investidores viram o potencial que oferecem. Além disso, as marcas internacionais têm demonstrado grande interesse em estabelecer os seus portfólios de marcas, o que apoia a atração de clientes globais do segmento económico para a escala superior”, conclui.