Portugal apoia candidatura do Campo do Tarrafal à UNESCO
Portugal vai apoiar tecnicamente o processo de candidatura do ex-Campo de Concentração do Tarrafal à UNESCO. A garantia foi dada pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, durante uma recente visita oficial a Cabo Verde.
“É um projeto que nos une. E une-nos no sentido em que a memória normalmente não une dois países. Porque o Tarrafal corresponde à história e à memória do combate à ditadura portuguesa, mas como corresponde também à memória do combate ao colonialismo. E quer a ditadura, quer o passado colonialista resolveram-se de certa forma com a transição para a democracia em Portugal e é importantíssimo para nós projetarmos o futuro, preservarmos sempre a memória”, afirmou Pedro Adrão e Silva.
O ministro da Cultura de Portugal considera que o Tarrafal “é um trauma que é partilhado com dimensões distintas e por isso é fundamental o trabalho de preservação de memória e no fundo superar o estigma associado ao Tarrafal, mas preservando aquilo que efetivamente aconteceu naquele local”. Por isso prometeu o “empenho de Portugal em ajudar em tudo a componente técnica, nomeadamente através da Direção-Geral do Património Cultural”.
O campo do Tarrafal, que desde o ao 2000 alberga o Museu da Resistência, foi classificado Património Cultural Nacional em 2004 e integra a lista indicativa de Cabo Verde a património da UNESCO.
Pedro Adão e Silva sublinhou, ainda que, em Portugal, “o Forte de Peniche, que era também uma prisão política particularmente violenta durante o Estado Novo, durante a ditadura portuguesa, está também num processo de musealização e de grande investimento em obras e de recuperação. Há muitas experiências que se podem partilhar naquilo que é e qual é o propósito e a construção de espaços de memória e de memória traumática”.
Situado na localidade de Chão Bom, o antigo Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936 e recebeu os primeiros 152 presos políticos no dia 29 de outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956. Depois de cerca de quatro anos encerrado, o campo reabriu em 1962 com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, para albergar presos anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.