“Pessoas e diversidade geracional no centro do sucesso no setor da hotelaria e restauração”, por Carlos Díez de la Lastra, CEO Les Roches

Num artigo em que afirma que as pessoas têm que ser colocadas no centro das discussões estratégicas, o CEO da Les Roches, Carlos Díez de la Lastra fala do talento e do desafio que as perturbações do mercado motivas por mudanças geracionais representam cada vez mais para as empresas.
Os modelos de negócio mudam à medida que as novas gerações fazem parte das suas estruturas de base. Não podemos pensar em organizações completas, eficientes e competentes se não falarmos em posicionar as pessoas como o primeiro ponto das discussões estratégicas. As pessoas talentosas fazem a diferença porque estão em formação contínua, estão motivadas e podem trabalhar em equipas multiculturais e multigeracionais. Não há maior desafio para uma empresa do que enfrentar as perturbações do mercado causadas pela mudança geracional. Além disso, penso que um dos desafios mais complexos para as empresas, independentemente do seu setor, é o de fomentar a diversidade geracional.
Os dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde ajudam-nos a compreender a dimensão do desafio em causa. Em 2030, uma em cada seis pessoas no mundo terá 60 anos de idade ou mais e, em 2050, o número de pessoas com 60 anos ou mais ultrapassará o número de adolescentes e jovens entre os 15 e os 24 anos. Esta é uma projeção demográfica que também pode ser extrapolada para o mercado de trabalho. Em Espanha, os trabalhadores com idades compreendidas entre os 51 e os 64 anos representam um terço da população ativa e, tendo em conta as atuais tendências de baixa taxa de natalidade, é previsível que o número de talentos seniores aumente.
Em muitos países, pela primeira vez na história, coexistem cinco gerações, desde os baby boomers até à geração Z. Por conseguinte, é essencial criar líderes capazes de gerir a diversidade geracional, protegendo a transmissão de conhecimentos, promovendo o valor individual de “todos temos algo para contribuir”, criando coletivamente ambientes estimulantes e implementando espaços de formação contínua. Este é um modelo flexível que inclui o desenvolvimento pessoal e profissional e é considerado um processo contínuo e integrado.
Não é algo de novo para nós na Les Roches. Aqui, a formação em valores e relações, centrada nas pessoas, é o eixo dos nossos programas académicos. Os programas são concebidos pelos melhores especialistas em hospitalidade do mundo e destinam-se a forjar as carreiras daqueles que vão ser os próximos líderes do setor do turismo e dos serviços de luxo.
Atualmente, os nossos professores são os anfitriões. A sua missão é orientar os alunos e despertar a sua vocação através de uma abordagem global que projeta o crescimento das pessoas e dos profissionais em conjunto. Confio no poder da educação, no compromisso com a aprendizagem transversal, na interação e no multiculturalismo como valores diferenciais. Claro que também ajudam na construção de equipas multigeracionais. O que é a formação senão um imenso e contínuo esforço de equipa multigeracional?
A diversidade, em qualquer das suas variantes, é sempre enriquecedora e, no caso das empresas bem geridas, é uma vantagem competitiva.
De facto, para nós e para os nossos campus, a diversidade é um modo de vida. Formamos os nossos alunos para trabalharem num setor criado por pessoas ao serviço de outras pessoas, pelo que não faria sentido que assim não fosse. A Les Roches é uma sala de aula de formação viva, onde cerca de 100 nacionalidades vivem em simultâneo, criando redes de contato que incluem professores, especialistas do setor, empresários, empresas e cerca de 13.000 antigos alunos que ocupam hoje importantes cargos de gestão nas indústrias do turismo e do luxo. A nossa escola é um ambiente de aprendizagem global onde se reúne uma multiplicidade de experiências e se incubam os projetos mais inovadores – tudo com base no que aprendemos com as pessoas.
Não procuramos apenas fornecer conhecimentos técnicos, mas promover, juntamente com a inovação, a gestão das emoções e a experiência do cliente. Nesta nova era, a procura de talentos intensificou-se e esta nova realidade exige perfis híbridos e complexos capazes de fornecer uma visão estratégica. Isto significa desenvolver pessoas flexíveis e adaptáveis, com capacidade para analisar e resolver problemas rapidamente em ambientes incertos e em equipas diversificadas. Assim, às competências de gestão fundamentais devem ser acrescentados conhecimentos multiculturais e linguísticos, aprendizagem teórica, princípios éticos sólidos e um forte compromisso coletivo. Em última análise, isto constitui a base de uma liderança emocional forte. Trata-se de colocar as pessoas no centro da estratégia e do sucesso.