Perto de 40% das empresas do turismo não apoia os seus trabalhadores imigrantes, conclui estudo da Porto Business School

A conclusão é do Observatório do Talento Migratório do Turismo da Porto Business School (PBS). Divulgado esta quinta-feira, véspera do Dia Mundial do Turismo, o relatório alerta que falta de integração dos trabalhadores imigrantes “compromete o setor”.
Divulgados esta quinta-feira, 26 de setembro, os primeiros resultados do Observatório do Talento Migratório do Turismo da Porto Business School (PBS), revelam que “38,5% das empresas do setor não implementam medidas formais de apoio à integração de migrantes, como programas de acolhimento e orientação”. Ainda assim, segundo o estudo, 21,6% das empresas oferecem algum suporte, como orientação e acolhimento, e 8,9% promovam apoio linguístico e formação.
Sublinhando a necessidade de maior transparência e estruturação nos programas de apoio à integração de trabalhadores migrantes no setor do turismo em Portugal, o relatório da PBS conclui que é necessário “melhorar a sensibilização para a diversidade e desenvolver programas de inclusão da força de trabalho migrante, incluindo formação linguística, qualificação profissional, bem como apoio administrativo”.
Neste âmbito é destacada a necessidade de regularização da residência, autorizações de trabalho, segurança social e seguro de saúde, ou o suporte na obtenção de alojamento digno. Adicionalmente, o apoio à integração das famílias dos migrantes, com acesso a serviços de educação e saúde, é apontado como essencial.
O estudo constata, também, que 21,7% das organizações a operar no setor do turismo não identificam desafios de elevada dimensão ou não estão cientes das dificuldades associadas à integração dos migrantes. No entanto, 25,5% das organizações destacam o recrutamento e retenção de talentos multiculturais como o maior desafio, seguido da adequação de qualificações (20,3%) e questões legais e regulatórias (9,4%).
Relativamente ao nível salarial, a perceção geral é de equidade salarial entre migrantes e trabalhadores portugueses em funções similares, com a maioria dos respondentes (81,9%) a acreditar que ambos os grupos auferem o mesmo rendimento. De registar, contudo, que 21% dos respondentes admitem desconhecer as políticas de compensação, o que sugere uma alegada falta de transparência remuneratória em algumas organizações.
Para Rita Marques, diretora do Tourism Futures Centre da Porto Business School, “o Observatório do Talento Migratório do Turismo releva que, pese embora existirem empresas com algumas iniciativas interessantes tendentes à integração de migrantes nas suas organizações, há muito espaço para dinamizar programas estruturados de apoio aos migrantes que incluam, não só componentes formativas, mas, também, componentes associadas à integração social e familiar dos migrantes, ou alojamento e condições de vida”.
“Sem os migrantes, verificar-se-ia uma implosão de alguns setores da nossa economia, em particular no turismo. O setor tem de cuidar, não só dos turistas, mas da sua força de trabalho: 16% dos trabalhadores do turismo são estrangeiros, mas perto de 40% das organizações no setor do turismo não têm implementado quaisquer medidas formais de apoio à integração destes trabalhadores”, sublinha Rita Marques.
O estudo recorda que o Observatório das Migrações 2023 refere que, no turismo, dois em cada dez trabalhadores são estrangeiros, com 15,9% ligados ao alojamento e restauração, 9% a mais do que os trabalhadores portugueses.
O Observatório do Talento Migratório do Turismo é uma iniciativa do Tourism Futures Center, integrado no Innovation X Hub da Porto Business School, tendo como objetivos identificar desafios, oportunidades e boas práticas na integração e qualificação do talento imigrante.
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