Perspetivas do operador Viagens Tempo para 2025 apontam para “ter um crescimento entre 10 a 15%”, avança Ricardo Gordo

Antecipação do lançamento da programação devido à antecedência com que os portugueses marcam as suas viagens, um novo destino (Coreia do Sul), apostas renovadas em destinos já programados, com alterações em alguns circuitos, levam Ricardo Gordo, diretor da Viagens Tempo, a acreditar que 2025 vai voltar a ser um bom ano para o operador.
O que é que os resultados do ano passado deram como leitura para a vossa programação deste ano?
O que o ano passado nos demonstrou foi que a antecipação da compra de viagens tem sido cada vez maior. Já estava a ser, logo no pós da pandemia, mas o ano passado confirmou isso, o que nos levou a tentar lançar a programação no mercado o mais cedo possível, porque percebemos que as vendas começam no ano anterior, e cada vez mais cedo. Por isso, se calhar a meio deste ano já temos que começar a programar o ano seguinte, e a preparar tudo para ter sucesso.
E para este ano, as Viagem Tempo já tem a vossa programação toda na rua?
Temos toda a programação na rua, falta só sair o folheto físico, o que deve acontecer no próximo mês, mas toda a programação no nível do website já está lançada, e vamos sempre lançando alguma coisa que surja, mas o grosso da programação está praticamente completa.
O arranque de vendas para este ano que tiveram ainda durante o final do ano passado, correu melhor ou pior que no ano anterior, ou sejam de 2023 para 2024?
Tem-se assistido a uma subida constante, e bastante sustentável, das vendas, e parece-me que o ano também vai correr bem e vai haver um crescimento igual ao do ano passado.
Em termos de produto programado para este ano no mercado, há diferenças significativas em relação ao ano passado ou não?
Há algumas diferenças, lançámos um país novo que é a Coreia do Sul, que tem tido muita procura, e fizemos algumas alterações em alguns circuitos. Mesmo tratando-se do mesmo destino, tentamos sempre lançar produtos novos, até para marcar a diferença, porque aquilo que os clientes procuram são coisas diferentes, é para isso que têm apetência. Por isso tentamos sempre manter um bocadinho a linha que nos distingue e continuar a prestar o mesmo serviço.
O lançamento da Coreia do Sul teve a ver com o voo direto para Portugal?
Teve, aproveitámos o voo direto e, para além de programação regular, aproveitámos para lançar uma partida exclusiva, só com portugueses e com acompanhamento das Viagens Tempo. Sendo o novo destino da empresa, estamos a apostar nele e considero que tem havido um bom feedback.
“ (…) o Vietnam beneficiou, a meu ver, porque houve uma grande subida de preço o ano passado em relação a outros produtos e outros destinos, e o Vietnam conseguiu manter o nível de preço que tinha antes, o que o tornou relativamente mais barato face a outros”
Qual foi o produto ou os produtos que o ano passado tiveram grande procura e que vocês repetem este ano?
Toda a Ásia teve uma grande procura o ano passado, mas os produtos que se distinguiram mais na Ásia, talvez também pelo volume de vendas, mas essencialmente pelo grande crescimento que tiveram, foram o Japão e o Vietnam.
Estamos a falar de grandes viagens, com preços mais direccionados a uma classe média alta?
No caso do Japão sim, claramente é um produto com um nível de preço mais elevado. Já o Vietnam beneficiou a meu ver, porque houve uma grande subida de preço o ano passado em relação a outros produtos e outros destinos, e o Vietnam conseguiu manter o nível de preço que tinha antes, o que o tornou relativamente mais barato face a outros, pelo menos na perceção do cliente e isto levou muitas pessoas a transferirem as suas viagens para o Vietnam.
A Viagens Tempo programa grupos fechados, só para portugueses, mas também programam o ‘fato à medida’ para casais?
Nós temos três tipos de produtos, as partidas regulares que saem todas as semanas, temos as partidas especiais, as partidas exclusivas, que fazemos só com portugueses e com guia, a partir de Portugal, e depois temos o ‘fato à medida, o tal tailor made, que fazemos para todos os destinos que programamos.
O que é que tem mais peso nas vossas vendas anuais?
O que tem mais peso são as partidas regulares, até porque as partidas exclusivas ainda têm datas limitadas, mas estamos a tentar aumentar. A ideia será colocar, cada vez mais, o nosso foco nas partidas exclusivas, mas as partidas regulares têm peso, assim temos também muitas vezes grupos organizados pelas agências.
As guerras também têm afetado a programação da Viagens Tempo
Alguns operadores que programam viagens mais longas, dizem que tiveram problemas nas suas operações por causa das guerras. Vocês não tiveram que mudar grande coisa nos últimos anos por causa disso?
Claro que tivemos, basta dizer que antes da pandemia e antes da guerra, a Rússia era um dos nossos principais destinos, e isso afetou-nos e tem vindo a afetar. Depois tínhamos Israel e a Jordânia: Israel foi diretamente afetado, e muito -, a Jordânia por inerência, também acabou por ser afetada. Continuámos a programar a Jordânia, mas as vendas têm sido escassas.
Fora da Ásia e do Médio Oriente, qual é o produto ou os produtos que salientaria para este ano?
É assim, fora da Ásia, há um destino em que temos apostado muito e que eu gosto muito, que é o Peru, que o ano passado sofreu um bocadinho no final do ano pela questão política. Para mim é um dos países de que mais gosto e sempre que posso, organizo as minhas próprias viagens, mas aposto muito tanto no regular como nas exclusivas para o destino, porque acho que é um destino completo. E já agora, o Egito também, até pela abertura do novo Museu do Cairo. É um país que vive muito do turismo e que tem sido massacrado, primeiro com o Covid e depois com a guerra, nos países vizinhos. Apoio bastante o Egito e acho que para este ano tem condições para voltar a alavancar.
O Egito, vocês programam essencialmente para visitas culturais?
Sim, nós também fazemos extensões tanto a Sharm el-Sheikh como a Hurghada, mas a base do produto é sempre o circuito e depois o cruzeiro, e damos sempre a opção de a pessoa poder depois fazer uma estadia de praia, ou em Hurghada ou em Sharm el-Sheikh.
Têm alguma programação mais específica para o período da Páscoa?
Temos um produto específico que tem estado a vender-se muito bem, que são partidas para a ‘Europa Florida’, que é um destino para ver o Keukenhof, o maior jardim de flores do mundo, que fica em Lisse, nos Países Baixos. Esta é a única altura para ver as tulipas e por isso temos apostado também nesse tipo de produto.
Estamos a falar de uma viagem de quantos dias?
É uma viagem de oito dias, sete noites.
O Norte da Europa não é um destino muito procurado? Estou a falar, por exemplo, da Escandinávia…
Tem sido cada vez mais procurado. Numa primeira fase, o Báltico sofreu por inerência da guerra da Rússia, agora acho que já existem condições e já se tem estado a vender mais. Toda a parte da Escandinávia, Noruega, Suécia e Finlândia têm tido procura.
Não é uma procura tão grande como a de outros destinos, porque são países com preços mais elevados, mas continua a existir procura e nós temos lançado algumas partidas exclusivas também para apoiar.
Para o vosso funcionamento e para garantir uma resposta às agências de viagem, vocês têm lugares em firme, têm allotments? Como é que funciona?
Nós temos allotments e temos grupos também fechados que fazemos para todas as nossas agências. Portanto, temos lugares em firme e temos allotments de lugares para algumas partidas mais vendáveis, caso da Itália…
(…) haver mais opções do Porto facilita-nos sempre na escolha das melhores opções para os nossos clientes, nomeadamente ao nível da Turkish Airlines e da Emirates, se voltar agora para o Porto, e espero que confirme o voo rapidamente”
O transporte aéreo em Portugal tem-se dividido um pouco nos últimos anos e o aeroporto do Porto tem ganho mais relevância para muitas companhias aéreas. Isso tem-vos facilitado a vida para este tipo de programação?
Claro que facilita, muito embora a maior parte das nossas vendas esteja no sul, apesar de sermos do Porto. É no sul que o peso do PIB é maior e, portanto, há mais mercado, no entanto, haver mais opções do Porto facilita-nos sempre na escolha das melhores opções para os nossos clientes, nomeadamente ao nível da Turkish Airlines e da Emirates, se voltar agora para o Porto, e espero que confirme o voo rapidamente. Acho que é sempre bom para o país que haja mais opções de saída no maior número de cidades possível.
O que é que esperam para este ano em termos de crescimento?
Acho que dada a antecipação de vendas, cada vez se torna mais fácil prever com maior antecedência como vai correr o ano, portanto, a minha expectativa para este ano é ter um crescimento entre 10 a 15% face ao ano passado.