Percalço com Cayo Coco não impede crescimento de vendas da Sonhando, revelou José Manuel Antunes
José Manuel Antunes, diretor-geral da Sonhando, acredita que 2022 vai ser “um grande ano” para o operador que até maio, regista um crescimento superior a 36% face ao mesmo período de 2019, para o que muto contribuíram as operações para Timor.
Como é que estão a correr as vendas para as operações de verão da Sonhando?
A operação está a correr excecionalmente bem em termos absolutos embora tenhamos um percalço que é Cayo Coco que foi durante muitos anos a bandeira da Sonhando e que, por variadíssimas razões, este ano não teve a aceitação que esperávamos em termos de vendas e fomos forçados a cancelar a operação, protegendo os nossos clientes noutros destinos, desde logo em Varadero e noutros destinos das Caraíbas.
Nós tínhamos 10% da operação vendida quando nas outras operações de risco que temos as ocupações estão, neste momento, entre os 70% e os 80%. Era um insucesso anunciado e com valores muito altos que não nos permitiam manter a operação.
As razões são várias, desde logo o facto de não terem aberto alguns hotéis de referência em Cayo Coco, nomeadamente aquele que nós vendíamos mais que era o Meliá Jardines del Rey, que era o hotel estrela da nossa operação. Para que se tenha uma noção, vendíamos entre 40% a 50% da ocupação dos aviões para este hotel, ou seja, entre 100 a 130 pessoas por semana. As entidades cubanas entenderam que, devido à dimensão do hotel ainda não era altura de o reabrir, o que foi um handicap.
Como entendi, à exceção deste percalço, o resto da operação está a correr bem?
Falando de números, até 31 de maio estamos com 36,3% de aumento face ao mesmo período de 2019, o que é fantástico, e em relação a 2021 temos um aumento de 274%, o que é espetacular tendo em conta que o ano passado a Sonhando registou um lucro de 479 mil euros, um resultado histórico num ano de pandemia.
Estamos crentes que 2022 vai ser um grande ano, claro que para isso contribui muito uma operação que nos diferencia do resto do mercado, que é a operação de Timor que é muito forte, com um grande volume de negócio e que nos traz alguns proveitos, mas que também nos dá um enorme trabalho.
Aposta da Sonhando em Timor cada vez mais sustentável
Para Timor, a Sonhando já avançou com as datas das três próximas partidas, o que significa que a procura continua a ser grande?
Continua. O próximo voo, que será a 16 de julho, já está muito próximo dos 200 passageiros, um número que assegura praticamente o break even da operação. Trata-se de um voo que tem, desde o primeiro minuto um grande entusiasta, que é o Dr. Ramos Horta, que é agora Presidente da República de Timor Leste e que poderá levar a que as autoridades timorenses vejam esta operação com outros olhos.
Como tenho dito, para além do lado comercial, estes voos têm também uma componente humanitária já que esta é a única ligação direta de Timor ao mundo ocidental. Aliás, boa parte dos passageiros que transportamos para lá nem sequer têm origem em Lisboa, o que dá uma universalidade à operação. O voo de Julho vai ser o 12º, o que mostra que se trata de uma operação que está já consolidada. No futuro, gostaríamos de formatar quase um voo regular, embora espaçadamente no tempo porque o mercado não tem uma dimensão que permita fazê-lo com muita regularidade. Em 2020 fizemos três voos, em 2022 fizemos quatro e este ano fizemos três até maio e temos outros três programados até ao fim do ano, o que revela um crescimento sustentado.
Quais são os destinos que mais estão a vender?
Tunísia e Porto Santo são os destinos que mais estamos a vender, exatamente por esta ordem, embora com números muito próximos. Isto se falarmos nas operações de verão porque se contabilizarmos tudo Timor foi o destino que mais se vendeu até maio. O que também estamos a vender muito bem são as Caraíbas, com a TAP. Nestes primeiros cinco meses do ano, a produção para as Caraíbas representa mais de meio milhão de euros para a Sonhando, o que é muito bom principalmente se tivermos em conta que são destinos novos para nós. São Tomé é outro dos destinos de topo, onde também estamos quase a chegar ao meio milhão de euros de vendas.
Há uma grande curiosidade sobre os Bijagós, em que também apostaram este ano?
Somos o único operador que tem o destino e queremos reforçar a nossa presença. Saímos praticamente do zero e temos números relativamente relevantes, é rara a semana em que não se venda Bijagós. Antes vendíamos mais a franceses do que a portugueses, agora já não é assim, já está tudo mais estabilizado e já estamos a vender os pacotes aos portugueses. O facto de também já termos mais do que uma unidade hoteleira, também ajuda. Bijagós é realmente um paraíso e tem a grande vantagem de as pessoas falarem português.
Também com a TAP, têm programação para o nordeste brasileiro. Como é que está a correr?
Também aí partimos do zero e está a correr bastante bem. Na Sonhando, o Brasil estava limitado aos réveillons, que operávamos em conjunto com outros operadores mas agora estamos a vender o ano todo. Não é a euforia que há em relação as Caraíbas mas é uma cadência regular. Para já, a nossa oferta para o Brasil ainda não é aquela que gostaríamos de ter, pelo que acredito que com mais oferta os resultados sejam melhores.