Pedro Reis quer empresários a pagarem “salários mais altos” para que o Turismo vença o “desafio da qualificação”

Num almoço promovido, na sexta-feira, pela AHP, o ministro da Economia enumerou uma série de desafios que se colocam ao turismo, apesar dos bons resultados alcançados. Um desses desafios é a atração e retenção de talento que, segundo Pedro Reis, só pode ser ganho através de melhores salários. Entre outros temas, o governante referiu-se também à massificação do turismo.
Perante uma plateia composta, maioritariamente, por empresários hoteleiros, o ministro da Economia, Pedro Reis, fez uma intervenção (sem direito a perguntas) em que falou de economia e de turismo, sendo que, neste caso, debruçou-se largamente sobre os desafios que se colocam à atividade turística.
O turismo é um setor estratégico que está diretamente ligado ao posicionamento de Portugal enquanto economia, e uma atividade em que o nosso país beneficia de “fatores diferenciadores que nos comparam bem com qualquer país”, disse Pedro Reis, afirmando que o turismo está no caminho, que a economia portuguesa precisa também trilhar, da qualidade da sua oferta e da proposta de valor integrada.
O “Turismo está no campeonato da qualidade. E a qualificação constrói-se logo a começar por produtividade e salários mais altos”, defendeu o ministro, sublinhando que os salários mais altos são mesmo “o único caminho para atração de talento”, até porque, considerou, “as gerações mais novas são cada vez mais exigentes”.
Sem esquecer outros desafios como a descarbonização e a sustentabilidade, o ministro salientou, no entanto os desafios de qualificação e requalificação dos destinos e da sua oferta, mas também da “construção de novos destinos”, para o que considerou ser absolutamente fundamental o novo aeroporto e a captação de novas rotas aéreas diretas.
Outro desafio enumerado foi o da “aposta na marca e no conceito” e na criação de um programa de eventos internacionais, sejam de cultura, de desporto, ou corporativos, área em que o país “ainda tem muito trabalho” a fazer mas “já tem as infraestruturas”.
Uma maior aposta no ensino e na formação contínua “com escolas de turismo fortes e com impacto internacional” foi outro dos desafios enumerados pelo ministro da Economia, que considerou, também, que o setor tem que vencer o desafio da digitalização e da sustentabilidade, área em que o problema da água é crítico.
Ainda no que se refere aos desafios que o setor tem que enfrentar, Pedro Reis colocou em cima da mesa o tema da massificação do turismo e das reações negativas que estão a proliferar por toda a Europa.
A atividade turística “tem um desafio existencial, não só em Lisboa e no Porto, que é a reação à massificação do turismo, questão que temos de trabalhar em conjunto, para evitar que a reação se torne em rejeição. Não vale a pena assobiar para o lado”, vincou, defendendo que este é um problema que tem que ser calibrado ao nível de quota e de regulação da oferta.
Pedro Reis garantiu que “o Ministério da Economia vai estar muito ativo e muito presente, nos próximos meses, na identificação das necessidades setoriais e regionais em termos de talento, em cooperação com outros Ministérios, Associações e Confederações” porque “hoje, acho que ninguém sabe responder isto”, ou seja, ninguém sabe se faltam 50 mil ou 150 mil trabalhadores nem quantas oportunidades de emprego existem ou em que áreas.
Falando em termos mais “macro”, Pedro Reis defendeu que “do ponto de vista do Ministério da Economia e em particular do ministro da Economia, o melhor que pode e deve dar ao serviço das empresas é acelerar a internacionalização”, garantindo que “investimento e internacionalização são dois ‘is’ que irão parametrizar muito a nossa atuação” porque, afirmou, “não vejo outra maneira de colocar a economia a crescer”.