Pedro Nuno Santos: “O comboio pode ser um produto turístico de grande valor acrescentado”

Ferrovia, legislação laboral e governança, foram reptos lançados pelo presidente da CTP no almoço com o líder do PS, em que apenas a reivindicação de um Ministério para o Turismo ficou sem resposta e onde Pedro Nuno Santos considerou “impensável” a AD não dar condições de governabilidade ao PS, se este vencer as eleições mas houver uma maioria de direita.
Francisco Calheiros escolheu para terceiro tema a ferrovia, tendo lamentado o atraso na sua modernização, prejudicando o país e o turismo: “Se tivéssemos uma ligação direta entre Porto e Madrid poderíamos prescindir de mais de 40 voos no nosso aeroporto de Lisboa e isso era extremamente importante para a dinamização do nosso turismo”, defendeu.
Nesta questão, presidente da CTP e líder socialista concordam, já que para Pedro Nuno Santos “a ferrovia é o meio de transporte do futuro e não do passado”, defendendo que também para o turismo a aposta na ferrovia é essencial: “Temos de olhar para a ferrovia não apenas como um meio de transporte para as populações, para trabalhar, para regressarem às suas terras, para se deslocarem para a escola ou para o trabalho, mas também como um meio de transporte turístico”.
Afirmando que “o comboio pode ser um produto turístico de grande valor acrescentado”, o secretário-geral do PS avançou mesmo que se a ferrovia “funcionar bem” irá permitir “alargar o espaço de visita do turista a todo o território” e “aumentar o tempo de permanência dos turistas no país”, sendo que o aumento da estada média foi uma das preocupações focadas por Pedro Nuno Santos na sua intervenção.
Legislação laboral e governança
A reforma da legislação laboral foi o quarto repto lançado por Francisco Calheiros: “É nosso entendimento que a legislação laboral está desatualizada, está caduca. Precisamos de uma legislação laboral mais moderna, que tenha mais a ver com a nossa actividade”, afirmou.
Sobre os Recursos Humanos, e considerando que o tema da imigração é de difícil abordagem na sociedade portuguesa, Pedro Nuno Santos afirmou que “temos de conseguir conciliar os diferentes interesses” porque “é impensável” que a falta de mão de obra esteja a travar o crescimento de diversos setores da actividade económica.
A propósito disse mesmo que “grande parte das dificuldades que nós temos sociais no que diz respeito à imigração devem-se ao facto de o Estado não ter feito um investimento público que permitisse acompanhar a entrada de tanta gente no nosso país”.
No âmbito da governança, o presidente da CTP voltou a reivindicar um Ministério para o Turismo, pela “importância que o turismo tem para o nosso país”, mas se no almoço debate realizado nas anteriores Legislativas, o líder do PS não respondeu directamente, este ano não abordou a questão, preferindo fazer um reconhecimento público da importância que o setor tem para o país, a nível direto e indirecto.
Afirmou, por isso, que o Estado não pode ser um “empecilho” ao desenvolvimento da actividade. Exemplificou com os atrasos nos licenciamentos hoteleiros provocados por dificuldades colocadas pelo Património, para dizer que “temos de ver onde podemos simplificar para ajudarmos, sem pôr outros interesses em causa”.
Vincou ainda que “nós queremos ser um parceiro do setor privado e queremos desenhar as nossas políticas em diálogo convosco”, porque “se o vosso negócio correr bem, corre também bem ao país”.
“Era só o que faltava” a AD chumbar um governo do PS
Colocando em cima da mesa os vários cenários que podem sair das eleições de dia 18, Francisco Calheiros citou a possibilidade de, no caso de uma vitória do PS e de uma maioria de direita no Parlamento, a AD chumbar o governo socialista.
“Francisco Calheiros estava a dizer que se o Partido Socialista ganhar as eleições, a direita chumba um programa de governo. Era só o que faltava. Era só o que faltava”, respondeu Pedro Nuno Santos, sublinhando que “não é um favor ao Partido Socialista. É simplesmente respeitar o país. E já agora respeitar também, primeiro o país e os portugueses, e em segundo lugar um partido que quando estava na oposição deu estas condições de governabilidade à AD”.
“O Partido Socialista chumbou a moção do PCP. Nós viabilizámos o Orçamento de Estado, nós demos estabilidade política ao país, o que significa que o mesmo deve acontecer se o Partido Socialista ganhar as eleições”.