Pedro Costa Ferreira: “Verão de 2022 superior ao de 2023” em vendas é forte hipótese
Em conferência de imprensa nos Açores, à margem de apresentação do local do congresso da APAVT, Pedro Costa Ferreira reiterou que as vendas de viagens este ano podem muito bem suplantar as de 2023. A inflação e o seu impacto no bolso de cada um,foram razões apontadas.
Começando por recordar que “do ponto de vista da recuperação todos os consultores apontavam a recuperação para 2024/25 e houve mesmo quem apontasse para 2026”, o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo deixou claro que o entender da associação não era o mesmo, antes apontava para uma recuperação mais célere: “a nossa experiência diz-nos que todos os momentos disruptivos do ponto de vista da procura provocaram uma enorme resposta do mercado no sentido da quebra, e depois tiveram uma resposta quase imediata, o que revela que o mercado é muito sensível mas tem memória curta”, disse, exemplificando com o que aconteceu com o 11 de setembro, com os ataques bombistas em Londres ou o atentado contra o Charlie Hebdo, em Paris.
Nesta crise pandémica, explicou, “o único obstáculo à procura era físico, a procura não se podia encontrar com a oferta e nós sempre achámos que assim que esse obstáculo estivesse corrigido a procura iria regressar em força”. O que aconteceu foi que “chegámos à conclusão que [a procura] regressou mais em força até porque houve uma poupança forçada durante o período da pandemia, que se estima em 20 mil milhões [de euros]”.
O que acontece neste momento é que, apesar de os preços estarem a aumentar significativamente nos últimos tempos, por causa do preço do petróleo, “a vontade das pessoas em passar férias ganhou a todas as restrições e constrangimentos”, levando a que neste momento as vendas estejam“muito semelhantes”às de 2019.
“A retoma do turismo veio em força e as pessoas estão a gastar em férias e lazer as poupanças acumuladas na pandemia”, declara Pedro Costa Ferreira, alertando no entanto que “há o risco de a forte procura acalmar depois do verão deste ano”, uma vez que “a inflação e o aumento das taxas de juros vão honorar mais os bolsos dos portugueses”.
Questionado se esta situação pode levar a um estado de alerta nas agências de viagens relativamente a 2023, o presidente da APAVT diz que “temos aqui uma grande imprevisibilidade, mas assumindo o mundo como ele está temos uma forte hipótese de termos um verão de 2022 superior ao de 2023”. Isto porque “as questões relacionadas com o momento económico foram melhor digeridas, para já, pelos consumidores, primeiro porque a subida das taxas de juro ainda não são visíveis -vêm sempre uns meses depois da inflação – e depois porque havia uma margem que está a ser gasta”.
No entanto, “a tornarem-se mais definitivas as hipóteses de inflação e se as subidas das taxas de juros forem continuadas, com a concomitante subida das prestações da habitação, que em Portugal têm muita importância no rendimento disponível das famílias, penso que podemos ter uma menor capacidade económica por parte da procura e eventualmente um verão menos feliz do que este ano”, assumiu.
De todas as formas, considerou prematuro tecer muitas considerações sobre como pode ou não vir a ser o próximo ano até porque, face à volatilidade das situações “ainda nem temos certezas relativamente a este ano, não sabemos como é que o ano vai acabar quanto à pandemia e temos incertezas do lado da guerra e do lado da economia”. Por isso, frisou, “é com alguma reserva que faço estas previsões para o próximo ano, mas numa visão atual, com aquilo que temos hoje para poder ter uma visão para 2023, é o que posso dizer”.