Pedro Costa Ferreira: “Começava por amarrar o Luís [Rodrigues, presidente da SATA] à cadeira”
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No primeiro painel do Encontro Regional de Turismo dos Açores, subordinado ao tema “Respostas às novas exigências que surgiram no setor do turismo”, o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, falou do bom ano turístico dos Açores, de sustentabilidade e de uma estratégia que tem que ser continuada para que a tendência de crescimento se consolide.
Ao intervir no primeiro painel do Encontro Regional de Turismo dos Açores, que se realizou nos dias 11 e 12 de Novembro em Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), começou por afirmar que o ano turístico de 2022 “correu muito bem”, sublinhando que “os Açores cresceram mais em valor que em número de turistas”, o que considerou serem “boas notícias e boas linhas de orientação”. Alertou, no entanto, que os números alcançados “não nos devem iludir”, servindo antes para “nos chamar a atenção para alguns aspetos importantes, para uma estratégia que tem ser continuada”.
“Uma coisa são os números, ajudados este ano por uma abertura pós-pandemia, que foi como um clique” que fez com que todos quisessem viajar, disse Pedro Costa Ferreira, apontando que este crescimento gerou “alguma pressão sobre o preço” que, associada a questões inflacionárias ao nível das energias, e aos custos com o pessoal, acabaria “de certa maneira, por influenciar também os valores que temos”.
A grande questão que se coloca agora é a da consolidação e esta, segundo o presidente da APAVT, “tem muito menos a ver com aspetos conjunturais do que com a planificação de uma estratégia de criação de valor, que é diferente em todas as nossas empresas e em todas as regiões”.
Os Açores estão bem posicionados quanto à sustentabilidade e à autenticidade
No que se refere aos Açores, Pedro Costa Ferreira salientou que “há alguns aspetos determinantes relativamente aos quais os Açores estão muito bem posicionados “ como é o caso da sustentabilidade onde, considerou, o arquipélago tem feito “um trabalho notável” que “já é importante e diferenciador” mas que “vai ser ainda mais diferenciador no futuro”. Destacou igualmente que “as questões relacionadas com a autenticidade são muito relevantes e estão muito bem tratadas” na região.
Referindo-se aos produtos turísticos, destacou o turismo de aventura e o turismo de natureza, ressalvando, no entanto, que o turismo de aventura está ligado à natureza mas que ambos vão muito além do que as palavras aventura e natureza significam só por si. “Nos Açores, o turista pode querer fazer uma caminhada de várias horas com botas de borracha até ao joelho mas, chegado ao hotel, se calhar vai querer um bom spa e uma refeição diferenciadora”, elucidou.
A “pegada de carbono”, que acaba sempre por estar aliada ao turismo, foi outro dos temas abordados no painel, com o presidente da APAVT a opinar que “quem deve pagar a pegada de carbono é o consumidor que é quem a faz”. A propósito, destacou que a ECCTA, Confederação Europeia das Agências de Viagens, tem feito “muitos inquéritos sobre as mudança no mundo” transparecendo deles que “há muita gente preocupada com a pegada de carbono, mas também vejo muita pouca gente que aceda a pagar mais pelas suas viagens para compensar a sua pegada de carbono”.
Fazendo notar que as suas afirmações poderiam ser polémicas, o presidente da APAVT considerou que “estamos sempre a atacar as organizações, as grandes empresas, mas não sei se há maiores empresas investidoras em tecnologia, numa tentativa de resolver os problemas, do que as indústrias mais poluidoras”, pelo que “se calhar é mesmo a indústria automóvel quem mais fez progredir o mundo na direção da sustentabilidade”.
Porque falar de turismo é falar de aviação, principalmente no caso de um arquipélago como os Açores, Pedro Costa Ferreira terminou dizendo que “estamos sempre a falar da aviação, mas quando vejo gerações mais jovens a acorrentarem-se às portas dos aeroportos por causa do fuel, tenho a certeza que nesse mesmo dia vão para casa comer um bife de porco”.
Os Açores e a SATA são um exemplo fantástico
Mas se há oportunidades, há também desafios, nomeadamente “as questões relacionadas com a sazonalidade e com a dispersão das ilhas”, o que provoca problemas no que toca às acessibilidades. A este nível, acabaria por considerar a SATA como “um exemplo fantástico” ao nível da recuperação que está a ser conseguida: “Nós, que somos tão catastrofistas, temos aqui nos Açores particulares preocupações de conectividade. Temos problemas de décadas com as acessibilidades, quer com os aeroportos, quer com as companhias aéreas, e na minha vida nunca vi companhias aéreas nacionais sem problemas e poucas foram as recuperações, por isso penso que os Açores e a SATA são um exemplo fantástico”, afirmou.
Com alguma graça, Pedro Costa Ferreira diria mesmo que “eu começava por amarrar o Luís [Rodrigues, presidente da SATA] à cadeira e não o deixava sair do arquipélago e da companhia de aviação. Não sei se ele está de acordo, mas sei que os empresários estão de acordo”.
*O Turisver deslocou-se à ilha de Santa Maria com o apoio da Azores Airlines e da Bestravel.