Paulo Portas no “Global”: Venda da TAP à Iberia seria um “epitáfio”

No “Global”, o seu comentário semanal na TVI, Paulo Portas referiu-se à possibilidade da compra da TAP pela Iberia, avançada pelo ministro da Economia. No episódio de domingo, dia 29, Portas manifestou-se “assombrado” com as declarações de António Costa Silva porque a venda da companhia portuguesa à sua congénere de Espanha significaria a perda do ‘hub’ de Lisboa.
Questionado sobre as consequências de uma possível compra da TAP pela Iberia, hipótese avançada pelo ministro da Economia, António Costa Silva, Paulo Portas começou por afirmar ter ficado “assombrado com frase do ministro da Economia”, até porque, acrescentou, o ministro “não pode dizer aquilo nem pode dizer o contrário se queremos respeitar as normas do direito comunitário”.
Recorde-se, a propósito, que em entrevista ao jornal espanhol Eleconomista.es, durante a FITUR, Costa Silva admitiu que para as ligações com Madrid e para impulsionar o turismo, seria benéfico que a TAP fosse integrada no grupo que detém a Iberia e a British Airways (além da Vueling e da AerLingus) (ler notícia).
“A ideia de que um governo que nacionalizou a TAP, supostamente para proteger o ‘hub’, que estava protegido e cresceu durante a privatização (…) agora quer, ou admite, entregar a TAP à companhia Iberia (…) é uma coisa extraordinária porque daria cabo, com toda a probabilidade, do chamado ‘hub’ de Lisboa”, afirmou Paulo Portas no “Global”, comentário inserido no Jornal das 8 da TVI.
Para explicar o porquê de Lisboa perder a sua posição de ‘hub’ para as Américas e para África caso a TAP viesse a ser comprada pela Ibera (Grupo IAG), Paulo Portas exemplificou com o número de ‘slots’ de ambas as companhias para aquelas regiões do globo. “A TAP tem, nesses destinos, 186 ‘slots’ e a Iberia 103”, com a TAP a voar para 15 destinos e a Iberia para 16, sendo que no caso da companhia espanhola predominam as rotas para a América Latina.
“Nós temos um predomínio em relação a África, que não temos nenhum interesse em perder – viajamos para muito mais países africanos do que a Iberia”, além de que “temos mais voos para os Estados Unidos e temos muito mais voos para o Brasil”.
“Perder tudo isso é o epitáfio”, declarou, sublinhando que “o ‘hub’ de Lisboa estaria relativamente condenado”, no caso de a Iberia comprar a TAP
Paulo Portas estranha também que o governo, depois de ter nacionalizado a companhia “queira agora entregar 100% [da TAP] a outro privado que concorre com os nossos destinos”.
Paulo Portas denota uma “assombrosa” falta de conhecimento sobre o funcionamento do mercado de aviação.
O grupo IAG (BA + Iberia + outras) não iria comprar a TAP para depois destruir o seu próprio negócio.
É absolutamente normal que existam ajustes a rotas, principalmente devido à proximidade entre LIS, MAD e BCN. Mas as rotas mais fortes da TAP sairiam reforçadas, e menos vulneráveis à concorrência.