Paulo Mendes: “Para mim, o preço das férias na República Dominicana está equilibrado”
Paulo Mendes, diretor de contratação do Grupo GEA, que integrou a fam trip promovida por operadores do Grupo Ávoris à República Dominicana, por ocasião da estreia da operação à partida do Porto, considera que este é um destino de referência no mercado e vai continuar a sê-lo porque oferece aquilo que o cliente português procura, quer se trate de um cliente que apenas quer fazer férias de resort, quer seja aquele que procura algo mais.
Era expectável que a República Dominicana fosse um dos destinos mais procurados este ano, logo que se percebeu que 2022 iria ser um bom ano de vendas?
A República Dominicana já era um destino de referência no mercado português e demonstrou agora que o continua a ser pelas suas características que são o que o mercado português procura. A partir do momento em que houve uma abertura de fronteiras, uma vacinação em massa e que deixou de haver entraves para viajar, este seria, garantidamente, um destino de eleição.
O preço ajudou a essa procura pelo destino?
Numa fase inicial não, porque os preços estavam acima do que era normal em anos anteriores. O que houve depois foi um ajustamento de oferta, tendo em conta a entrada de um novo player e isso levou a um equilíbrio de preços de forma a que os operadores pudessem manter uma boa ocupação dos voos – essa é a grande diferença.
Quando os operadores espanhóis lançam um preço no mercado é para vigorar até saírem novas ofertas
Isso significa que os preços nunca baixaram de um patamar considerado razoável?
Há preços de chamada bastante interessantes no mercado, mas a verdade é que o que acaba sempre por vender-se tem preços acima da média porque aí é que está o tipo de hotéis que os portugueses procuram – a média está acima dos 1.000 euros, pelo que não acho que existisse uma grande descida de preços.
Outra questão muito importante, tendo em conta o mercado e as variações de preço que estão a existir por causa do jet fuel e dos aumentos da inflação, é que há uma certa segurança, por parte dos clientes, em optarem por destinos como a República Dominicana porque não há surpresas, ou seja, não há suplementos de combustível. É conhecido que os operadores tidos como espanhóis não fazem esse tipo de abordagem, quando lançam um preço no mercado para determinado pacote é esse o preço que vai vigorar e não mexem, ou seja, não acrescentam depois suplementos ao preço do pacote, o que fazem é ir ajustando os preços à medida que saem novas ofertas e isso também dá alguma confiança ao agente de viagens para vender melhor produto ao cliente e este já sabe com o que é que pode contar antes do início da sua viagem.
Houve a oportunidade, nesta viagem, de visitar muitos hotéis. O “preço justo” aplica-se na maior parte dos casos?
A maioria dos hotéis que vimos pertencem a uma nova cadeia que quer posicionar-se no mercado português pela qualidade e pela diferença. Neste momento há uma série de hotéis com uma oferta cada vez maior para todo o tipo de carteiras e para todo o tipo de clientes: famílias, luas de mel, casais jovens, pessoas de viajam a solo, seniores, etc. e isso faz com que seja um produto muito procurado, ainda mais agora que há voos diretos de Lisboa e do Porto e, como vimos, com os aviões a virem completamente cheios.
Agora, considerar que o preço é o justo, depende muito daquilo que o cliente procura. Neste momento penso que existe uma oferta adaptada às necessidades do mercado português e, para mim, o preço das férias na República Dominicana está equilibrado.
Entre os hotéis que vimos, quais considera mais adequados ao cliente português?
Nós vimos uma série de hotéis que têm uma segmentação grande ao nível dos preços que praticam e isso acontece para que um mesmo hotel possa cobrir vários tipos e várias necessidades e motivações dos clientes. Se tivesse que escolher dois, a meu ver os melhores hotéis que vimos para o cliente português – classe média, férias em família – foi o Grand Bávaro Princess e o Dreams Dominicus La Romana Resort & Spa em Bayahibe. Por exemplo, Grand Bávaro Princess é um hotel que penso que se adapta muitíssimo bem ao cliente português.
Depois temos hotéis para uma classe com maior poder aquisitivo e aí, sem dúvida, o Cap Cana é o hotel mais vocacionado para esse segmento e não tenho dúvidas que vai ser uma boa surpresa.
“Há mutos clientes que querem vir para fazer férias de resort, para desfrutar do resort mas há os que querem fazer mais qualquer coisa e aí as opcionais são importantes”
Quando chegamos a este lado da ilha onde estamos enquanto temos a mossa conversa Bayahibe há uma vantagem que é o facto de não haver o sargaço que há no outro lado (Punta Cana) …
Sem dúvida alguma. Do outro lado há o problema do sargaço, que é sazonal, mas que aparece mais na época alta dos clientes portugueses e não é por acaso que nas zonas com mais sargaço os preços são mais competitivos e mais atraentes. Nas outras zonas, como La Romana, Bayahibe, ou mais para sul, o problema do sargaço praticamente não existe e vê-se de facto uma grande diferença. Uma pessoa que vem para a Dominicana, e mais ainda o cliente português, quer é desfrutar da praia.
Quanto às excursões opcionais que são propostas aos clientes, o preço justifica-se? Vale a pena fazê-las?
Na minha opinião, há duas formas de vender a República Dominicana, tendo em conta o tipo de cliente. Ainda há mutos clientes que querem vir para fazer férias de resort, para desfrutar do resort mas há os que querem fazer mais qualquer coisa e aí as opcionais são importantes. Por exemplo, é praticamente obrigatório ir a Saona para conhecer as verdadeiras praias das Caraíbas. Depois, há a questão de ter contacto com as populações locais que, pessoalmente, é o que me atrai mais nestas viagens mais exóticas porque faz parte do viajante poder ter este contacto e levar um bocadinho do destino connosco. É por isso que a República Dominicana é o destino número um das Caraíbas para o mercado português e irá continuar a ser até porque ao longo do tempo irão aparecendo cada vez mais opções. Há muitos anos só havia Punta Cana mas hoje em dia temos Samaná, temos Bayahibe, La Romana e daqui a uns tempos haverá Pedernales, como também já houve Puerto Plata e isso faz com que se crie uma nova motivação para voltar.
Justifica-se, para o mercado português, haver voos o ano inteiro para a República Dominicana?
Eu diria que sim mas neste momento, tendo em conta que temos uma oferta charter e uma oferta regular, a oferta regular vai complementar a oferta charter na nossa época baixa e acredito que esse vai ser o futuro. Acredito que a maioria dos operadores, tanto espanhóis como portugueses, irão continuar a apostar nos voos regulares porque permite várias opções: permite a opção de mais vias, de um serviço diferenciado no avião, dá ao cliente a possibilidade de diversificar a sua viagem e, ao mesmo tempo, beneficiar de outros serviços que uma operação charter não permite, principalmente no que toca ao número de noites. O problema das operações charter para estes destinos é que limitam muito o período de estada a sete ou 14 noites. A TAP vem dar essas possibilidades, tanto na república Dominicana como no México, por isso diria que se justifica uma oferta anual para Punta Cana.