Patrick Fernandes: “O ideal é destacar os pontos positivos [em Cuba] e alertar para os negativos”
Em 2015 abriu a Norte Viagens Valpaços e seis anos depois, um segundo balcão, desta vez em Mirandela. Chama-se Patrick Fernandes e é o proprietário desta agência de viagens. Em 2022 esteve em Varadero e Havana, por isso a ida a Cuba na famtrip da Solférias, trouxe-lhe ainda mais know-how sobre o destino.
A Norte Viagens está vocacionada para que tipo de viagens?
Trabalhamos essencialmente com lazer. Não trabalhamos grupos, e muito pouco com corporate, trabalhamos mais com individuais, num segmento médio-alto ou alto. Trabalhamos muito bem a área das Grandes Viagens. Obviamente, vendemos produtos charter também, mas, por exemplo, este tipo de produto que nós visitamos em Cuba, que não é um produto muito comum de se vender, até porque as deslocações entre as cidades não são propriamente fáceis e nem todos os clientes querem este tipo de produto.
Como é que se diferenciam da vossa concorrência?
Apresentamos programas alternativos, hotéis alternativos com qualidade e a outra parte da diferenciação tem muito a ver com a forma como lidamos com o cliente. Tentamos que o atendimento seja direto e por isso personalizado.
A minha equipa é constituída por bons profissionais, ter conhecimento do destino, o que fazemos através de participarmos em famtrips, mas também através de muitas viagens pessoais e depois é importante a atenção prestada ao cliente. Não é que seja o fator diferenciador, por que isso é uma coisa que toda a gente pode fazer. Mas tentamos ser bons aí para fidelizar o cliente.
O know-how do produto é muito importante, porque podemos perder clientes se os colocarmos, por exemplo, num hotel mau. O facto de aconselharmos bem um cliente faz com que este tenha plena confiança em nós para fazer viagens diferenciadas e com valores mais elevados.
Como estão a correr as vendas este ano?
Estão a correr bem e acima do ano passado. Na verdade, também reforçamos a equipa e penso que isso nos ajudará a manter este crescimento durante algum tempo. Mas pela troca de informação com outros colegas penso que estamos em linha com o restante mercado, estamos todos a vender mais.
Há algum destino que esteja a ser mais procurado este ano?
Este ano estamos a vender muito bem grandes viagens, vendemos muito bem Maldivas, curiosamente, mas vende-se muito bem Caraíbas. Tudo o que é o produto charter vamos vendendo. Os pacotes em voos charter estão mais baratos, mas mesmo assim está a ser aquele que em comparação com o ano passado estamos a vender menos.
Penso que a maior parte do verão está vendida, embora ainda haja oferta para vender, mas já estamos a trabalhar para o inverno e para o próximo ano.
“… a verdade é que as pessoas começam a colocar as viagens como uma prioridade nas suas vidas e, abdicam eventualmente de outras coisas, mas não das viagens”
Os portugueses já compram com mais antecedência ou ainda é muito “em cima do joelho”?
Penso que antes do Covid estava-se a criar uma tendência de compra muito antecipada, perdeu-se com o Covid, mas no ano passado já houve uma recuperação na confiança que se perdeu. Parece até um pouco estranho, porque fala-se muito na crise, no mercado imobiliário em que os créditos aumentaram muito, mas a verdade é que as pessoas continuam a viajar.
No início do ano estava com algum receio com aquilo que poderia aí vir, mas a verdade é que as pessoas começam a colocar as viagens como uma prioridade nas suas vidas e, abdicam eventualmente de outras coisas, mas não das viagens.
Qual é a sua opinião sobre a hotelaria que vimos durante esta famtrip?
Eu gostei dos hotéis de cidade. Gostei de todos os hotéis que visitámos em Havana, – Iberostar Parque Central, Iberostar Grand Packard, Innside Habana Catedral, Hotel Sevilla Habana Affiliated by Meliã – exceto o Hotel Inglaterra. Não achei extraordinários, mas penso que têm boa qualidade para os nossos clientes.
Em Trinidad gostei do Iberostar Grand Hotel Trinidad e no Cayo gostei muito do Royalton Cayo Santa Maria, do Meliã Buenavista e do Meliã Las Dunas, principalmente por causa das praias, realmente lindíssimas. Penso que para o cliente português tem um bom nível, mesmo para os clientes mais exigente.
Quanto à gastronomia, eles fazem o seu melhor, e que fazem até mais do que aquilo que conseguiríamos fazer com os recursos que têm, porque vê-se mesmo que não os têm. Não é uma questão de falta de vontade por parte dos hotéis ou até dos funcionários.
Penso que se fossem capazes de ultrapassar esse problema subiriam patamares, porque em termos de infraestruturas, como vimos, são melhores do que aquilo que eu estava à espera.
Normalmente os clientes nas vossas agências optam por que destinos em Cuba?
O programa mais vendido é o combinado Havana-Varadero. Ou só Varadero, que permite depois fazer um tour de um dia completo a Havana e que já dá para ter uma panorâmica geral da cidade. Ou combinado, duas ou três noites em Havana e depois Varadero.
Com as novas operações charter para os Cayos, a aceitação está a ser muito boa, mas também porque os valores de mercado são relativamente baixos. Aqui a oferta cultural é pouca e não sei te todos os clientes têm disposição para fazer três a quatros horas de autocarro até Trinidad que é a cidade mais cultural, para além de Havana.
Agora que esteve em Cuba e vivenciou todas estas experiências, vai explicar ao seu cliente o que poderá encontrar ou não no destino?
Vou explicar a 100%. Há clientes que direi logo que Cuba não é um destino para eles, porque já os conheço e sei do que gostam. O ideal é destacar os pontos positivos e alertar para os negativos, para que não se criem falsas expectativas.