Para Vítor Silva “o grande mercado é o norte-americano” que já está em segundo lugar no Alentejo

Recuperar o mercado espanhol em número de dormidas, é um dos objetivos para 2025 da ARPT do Alentejo, que segundo o seu presidente, Vítor Silva, vai começar, também este ano, a trabalhar novos mercados como o Japão, a Coreia do Sul, Argentina e México e também do Médio Oriente, além de continuar a apostar no mercado norte-americano.
Estamos a fazer esta entrevista na FITUR, pelo que a primeira pergunta é sobre o comportamento do mercado espanhol para o Alentejo em 2024 e o que é que se pode esperar para 2025?
Para 2025 o que há a esperar é que o Alentejo recupere o mercado espanhol, porque tivemos uma perda muito significativa na Páscoa de 2024 e não recuperámos até ao final do ano, quando este era um mercado que nós não pensávamos que pudesse ter problemas. Claro que ainda não temos os dados de dezembro, mas esses contam pouco.
Obviamente, em 2025 temos que fazer um esforço grande para recuperar. Continua a ser o nosso mercado emissor mais importante, mas, de facto, quando saírem os resultados de dezembro, vamos ter dois mercados a terem problemas. Um que já nos vinha a dar problemas desde a pandemia, que é o do Brasil, que não conseguimos recuperar apesar do enorme esforço que temos feito, e agora tivemos este problema com o mercado espanhol.
Curiosamente, o número de turistas espanhóis aumentou, o que diminuiu foram o número de noites dormidas, o quer dizer que os espanhóis não deixaram de vir, mas estão a permanecer menos dias, portanto, vamos fazer um esforço. De qualquer maneira, globalmente, subimos no mercado espanhol.
E no geral, como é que foi 2024 para o Alentejo?
Faltam ainda os números do mês de dezembro, mas sabemos que já não vai alterar muito, por isso o mercado externo deve ter crescido em torno dos 4,5%, o que é bom. Aliás, o mercado interno também cresceu na mesma percentagem.
Agora, o grande mercado é o norte-americano, que neste momento destaca-se e já está em segundo lugar e até se aproxima muito do mercado espanhol, o que é importante para a região.
Depois temos o mercado alemão que é um mercado de confiança, fiel. Foi um mercado que, quando começámos a trabalhar há 20 anos, era residual e neste momento está sempre em segundo, terceiro lugar, entre os mercados externos e cresce sempre entre 4% e 5% ao ano. É um mercado de grande confiança.
“Andamos sempre muito a par daquilo que a TAP faz, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil. E no Canadá, conseguimos uma parceria, nos últimos anos, com a Air Canadá, que é a companhia bandeira canadiana, que tem uma agência de viagens, que é a Air Canada Vacations, que já fez cá uma ação em 2023 e, a partir daí, o mercado canadiano começou a ser um mercado extraordinário para nós”
O Vítor Silva tem estado muito em contacto com o mercado americano nos últimos anos. Penso que esteve recentemente nos Estados Unidos…
Estive há uns meses. Fizemos o roadshow dos Estados Unidos e Canadá, com o Centro e com o Porto e Norte.
Esta mudança política nos Estados Unidos pode influenciar alguma coisa?
Pode, porque um determinado segmento que não gosta muito do ambiente que se poderá criar nos Estados Unidos, tenderá a sair mais do país nas férias. Ainda assim, não penso que seja significativo. Os mercados dos Estados Unidos e do Canadá começaram a dar grandes resultados há pouco tempo e vão continuar. Só que o Canadá não tem o número de habitantes que têm os Estados Unidos.
Esta última vez que estive nos Estados Unidos, começámos a trabalhar a costa oeste, desde São Francisco e Seattle. Antes só nos concentrávamos na costa leste, mas como a TAP tem voo direto para São Francisco, é uma boa oportunidade. Andamos sempre muito a par daquilo que a TAP faz, seja nos EUA, seja no Brasil. E no Canadá, conseguimos uma parceria, nos últimos anos, com a Air Canada, que é a companhia bandeira canadiana, que tem uma agência de viagens, que é a Air Canada Vacations, que já fez cá uma ação em 2023 e, a partir daí, o mercado canadiano começou a ser um mercado extraordinário para nós. Essa parceria vai continuar em 2025.
Japão, Coreia do Sul, Médio Oriente, Argentina e México na “mira” do Turismo do Alentejo
O ano de 2025 já vem a ser promovido e preparado há muito tempo. Houve algumas alterações na vossa linha de atuação?
O que eu ressaltaria é o seguinte, nós conseguimos uma candidatura ao Compete com o Centro e o Porto e Norte, aliás, esta a candidatura só podia ser apresentada por estas três regiões. A candidatura foi aprovada e nós, como já tínhamos financiamento para os mercados tradicionais, chamemos-lhe assim, resolvemos, com o apoio e validação do Turismo Portugal, estender isto para os mercados emergentes. Portanto, vamos começar a trabalhar mercados que não trabalhávamos até agora, como o Japão e a Coreia do Sul.
Vamos aproveitar a exposição de Osaka, mas mesmo que não houvesse a exposição de Osaka, o Japão estava lá incluído, tal como o mercado árabe do Médio Oriente, onde já fizemos algumas coisas a partir da exposição que houve no Dubai, há um par de anos, e agora vamos reforçar isso. Nós temos contactos com o maior operador residente no Dubai, mas que trabalha todo o Médio Oriente árabe, que aliás já cá esteve em Portugal, nomeadamente no Alentejo,
Vamos começar também a trabalhar a Argentina, onde há uma grande apetência por Portugal, e o México. O Turismo Portugal está em vias de abrir uma delegação no México e isso pode ser potenciado com um roadshow de Portugal, mas ainda não está fechado.
Estas alterações são o grande upgrade que vamos ter este ano, o resto é trabalhar os mercados, mas não é fazer o mesmo. Até porque, relativamente a Espanha, para nós podermos inverter um pouco os resultados que tivemos, temos que fazer coisas diferentes. Portanto, temos que estar atentos aos mercados.
Aliás, nós vamos ter uma grande oportunidade, que ao mesmo tempo é um grande desafio. Nos próximos cinco anos, se tudo correr normalmente com aquilo que já está em obra, o Alentejo vai duplicar o número de camas. Estamos com 30 mil camas e daqui a uns cinco anos podemos estar com 70 mil, o que obriga a um maior esforço promocional que tem que ser suportado também financeiramente.
Já chamei a atenção do Turismo Portugal, porque no que se refere aos critérios de atribuição de verbas da contratualização, um dos parâmetros tem a ver com o número de camas e, portanto, tem que se atender a isso, porque se nós duplicarmos o número de camas em cinco anos e aumentarmos 20% o número de dormidas, não poderemos dizer que é uma coisa muito boa. Não, se duplicarmos o número de camas, temos que aumentar se calhar para o dobro o número de dormidas. Não quer dizer que isso se consiga logo mas o objetivo tem que ser esse. E isso também não pode ser feito à custa de diminuições dos custos, dos preços praticados.
Lembro que o Alentejo é, neste momento, das regiões mais caras do país, mas é o mercado a funcionar, os preços estão altos porque há muita procura. Não é uma determinação administrativa, e a ARPT do Alentejo não tem nada a ver com isso, os empresários põem os preços que querem. Agora, temos que saber responder ao aumento do número de camas.
O Turisver deslocou-se à FITUR a convite da ERPT do Alentejo