Para os cruzeiros de luxo Portugal tem “entre 2.000 a 3.000 passageiros no total do mercado”, diz Eduardo Cabrita

Em conferência de imprensa a bordo do navio Explora II, da marca de cruzeiros de luxo do Grupo MSC, a Explora Journeys, Eduardo Cabrita, diretor-geral da MSC Cruzeiros Portugal, falou das especificidades e mais-valias deste novo produto, da forma como é apresentado ao mercado e da penetração que pode vir a ter no mercado português.
A MSC Cruzeiros Portugal já está a trabalhar no sentido de se consumarem vendas para os navios da Explora Journeys. Que resultados é que já têm e o que é que já conseguiram de penetração e de conhecimento do mercado sobre este novo produto?
Já fizemos algum trabalho, mas ainda não conseguimos penetrar com este produto no mercado da forma como poderíamos pensar inicialmente, porque a marca que está realmente bastante implantada em Portugal é a MSC. A nossa quota de mercado é muito forte, depois da pandemia ainda se tornou maior, e isso dá-nos a vantagem de conhecer a distribuição, o mercado, mas são produtos completamente diferentes.
No caso do Explore Jouney estamos a falar de outro segmento, do segmento de luxo em que as pessoas têm outro tipo de vivências e expectativas, e o facto é que o mercado desenvolve-se com suavidade e não com uma dinâmica tão forte como se podia esperar. Em Espanha, França, Itália, Alemanha e Inglaterra, os mercados são muito mais dinâmicos, o que também tem a ver com os segmentos da população.
As nossas vendas não são nada que se possa considerar de números fortes, porque também esta é a primeira vez, ao final quase de um ano e meio, praticamente 3 anos desde que a marca foi anunciada, que temos a visita de um navio a Portugal.
Sabemos que quando as visitas são feitas, a comunicação social também fala muito mais. Vamos ter uma próxima visita dentro de cerca de 15 dias, e a comunicação social também estará, e a partir daí começa alguma alavancagem diferente, até porque até ao momento existiam fotografias mas não havia a parte do “toque”.
Estão a trabalhar a marca com a mesma equipa que trabalha a MSC?
Verdade. Em mercados maiores existem pequenas equipas específicas dedicadas à marca Explora mas nos mercados mais pequenos, como Portugal, Holanda, Bélgicas, é a própria equipa da MSC que trabalha o mercado e isto por uma questão de ajuste ao próprio mercado. Se as vendas não são as consideradas suficientes, não vale a pena começar muito em grande para depois fazer o percurso ao contrário. Portanto, a ideia é começar e continuar a crescer sustentadamente, como fizemos com a MSC em Portugal.
“Se um cruzeiro da MSC tem um valor de mil euros por pessoa, numa determinada época, aqui temos um valor entre quatro a cinco mil euros(…) Mas temos que pensar que, aqui, todos os itens estão incluídos, desde as bebidas, o champanhe, o entretenimento, as taxas portuárias … está tudo incluído, menos as excursões em terra“
Consegue avançar um valor base para um cruzeiro num navio da Explora?
Os preços são dinâmicos mas se tiver que comparar o valor de um cruzeiro da MSC com o do Explora, diria que este é cerca de quatro a cinco vezes mais.
Se um cruzeiro da MSC tem um valor de mil euros por pessoa, numa determinada época, aqui temos um valor entre quatro a cinco mil euros, ou mais ainda conforme as categorias, mas estamos a falar num valor médio. Mas temos que pensar que, aqui, todos os itens estão incluídos, desde as bebidas, o champanhe, o entretenimento, as taxas portuárias… está tudo incluído, menos as excursões em terra. Se somarmos alguns itens ao preço de um cruzeiro na MSC, a diferença será menor, obviamente mas não são só os atributos, o rácio de trabalhadores por hóspede que na Explora é praticamente de 1 para 1 e na MSC é de 1 para 4, também conta.
Dado o conhecimento que já têm do mercado, traçaram um objetivo para o próximo ano?
Estamos numa discussão de budgets para MSC Cruzeiros e a Explora Journeys, que vai durar até dezembro. Tivemos as últimas da MSC Cruzeiros, há cerca de uma semana, a da Explora vai ser no princípio de novembro.
Conhecendo o produto como eu o conheço, neste momento, se me perguntassem qual vai ser o número de vendas, não conseguiria dizer porque o primeiro ano é um ano praticamente zero, um ano em que sentimos que temos que passar a mensagem. Esta foi a primeira ship visit e ainda não foi com clientes, portanto, é um processo relativamente longo para um país que tem 3, 4 escalas do Explora. Por exemplo, Espanha tem 60 escalas no ano.
Temos um mercado relativamente pequeno. Se me perguntar qual é a totalidade do mercado do segmento luxo, eu diria que estamos a falar entre 2.000 / 3.000 passageiros no total do mercado
Temos mercado em Portugal para este produto?
Temos um mercado relativamente pequeno. Se me perguntarem qual é a totalidade do segmento de luxo, diria que estamos a falar entre 2.000 a 3.000 passageiros no total do mercado. Se falarmos nos cruzeiros contemporâneos, o total do mercado deve andar nos 85.000 / 90.000 passageiros. Portanto, são valores completamente diferentes.
Qual é o top de mercados para este segmento?
O primeiro é, sem dúvida, os Estados Unidos, depois temos Alemanha, Inglaterra, Itália, e depois a Escandinava como um todo.
Sem embarques em Portugal quem quiser fazer um cruzeiro na Explora terá sempre de se deslocar de avião …
Nos cruzeiros de luxo, as pessoas não se importam de viajar de avião. Querem algum destino e querem alguma coisa que eles possam olhar e dizer “é exatamente isto que eu queria fazer”. Portanto, entrarem e saírem num ponto ou noutro, é igual porque é um segmento que tem disponibilidade financeira e de tempo para fazer algo de diferente.
2024 foi um ano de crescimento para o mercado dos cruzeiros no geral?
Penso que foi um ano de consolidação porque não houve tantos navios a serem batizados, seja para a MCS, seja para as outras companhias de cruzeiro, porque quando a pandemia se deu, todos os navios já estavam na calha para serem lançados e foram lançados mais mês menos mês. Agora há um interregno para consolidar e perceber os próximos passos e quando isto acontece, a indústria demora um bocado de tempo para crescer, o que é natural.
Em termos do nosso número de passageiros, penso que vai estar próximo do que tivemos em 2023, talvez ligeiramente acima. E penso que será mais ou menos assim no setor todo.
Portugal recuperou melhor do Covid do que os outros mercados?
Ligeiramente melhor mas os nossos números quando comparados com os outros países, são ínfimos. Conseguimos suplantar um bocadinho os países do Norte da Europa, não só por causa do Covid, mas também da guerra na Ucrânia.