Para a Tunísia “50% da oferta de lugares em charter já está vendida” disse Leila Tekaia

Em 2022, a Tunísia alcançou 96% dos turistas portugueses face ao ano anterior à pandemia mas este ano, segundo disse ao Turisver Leila Tekaia, diretora do Turismo da Tunísia para Portugal e Espanha, os números de 2019 vão ser ultrapassados até porque metade da oferta de lugares charter colocada no mercado, já está vendida.
Portugal este ano já vai atingir os números de 2019 para a Tunísia?
O ano passado chegámos aos 96% do volume de turistas portugueses que tínhamos em 2019, fechámos o ano de 2022 com 28 mil portugueses a visitarem ou fazerem férias na Tunísia, e não existem dúvidas porque não temos voos regulares só voos charter que são fretados pelos operadores em Portugal.
A procura dos portugueses pelas praias tunisinas está mais dispersa, hoje muitos turistas procuram Djerba. Pensa que é possível divulgar no mercado português outras regiões e produtos?
Estamos num momento chave para preparar o futuro, a Tunísia já está na programação dos operadores, esse trabalho está feito, e a escolha parece clara: a porta de entrada dos portugueses na Tunísia é Djerba, o que possibilita os circuitos para o deserto o que é uma grande vantagem.
Mas quando pensamos num futuro próximo os operadores portugueses vão competir por camas com outras nacionalidades que estão a regressar e a voltar a programar este destino. Com o regresso dos mercados emissores tradicionais com um maior volume, como o mercado alemão e o francês, haverá mais dificuldades e o que temos que fazer, relativamente ao mercado português, é começar a propor outros destinos e a nossa intenção é a de apoiar os operadores turísticos portugueses que já estão com essa perspetiva, propondo destinos como Monastir, Sousse, Port El Kantoui, Mahdia, ou seja, outras alternativas no litoral, aproveitando o beneficio de ter voos diretos para Monastir.
No norte da Tunísia temos vários aeroportos que podem ser aproveitados, como Tunes, Enfidha, que fica entre Hammamet e Port El Kantoui, e Monastir. Neste momento, os operadores portugueses vão para Monastir mas podiam também aproveitar Enfidha mas isso também já tem a ver com os acordos entre as companhias aéreas e os aeroportos.
Os preços da hotelaria em Portugal têm subido. Acontece o mesmo na Tunísia?
É relativo, mas acho que os preços da hotelaria na Tunísia ainda se mantêm muito competitivos e penso que a relação qualidade-preço vai ser a principal mais-valia do destino. Isso explica-se de uma forma muito simples porque ainda há muita coisa que ainda é subvencionada pelo Governo tunisino pelo que há muitos produtos que podem ser oferecidos a um preço mais competitivo. No dia em que o Governo deixe de subvencionar alguns dos produtos, o preço irá subir.
A vossa expectativa é posicionar a oferta com partidas de Lisboa e do Porto. Já têm garantido um bom leque de partidas do aeroporto do Porto?
Os operadores turísticos têm operações charter tanto de Lisboa como do Porto e de acordo com o que me foi comunicado, 50% da oferta de lugares em charter já está vendida e isso é muito bom.
O Turismo da Tunísia apoia os operadores portugueses? O que é que eles podem esperar da vossa parte?
Nós temos uma política de apoio dos operadores turísticos e sempre o fizemos numa base de 50-50%. Com a pandemia, os operadores não estavam em condições de corresponder com a totalidade da sua parte mas penso que a partir de agora já o podem fazer. A nossa política prevê que o apoio do Turismo da Tunísia seja para fazer uma boa comunicação do destino.
É verdade que a Tunísia está a candidatar-se a receber um dos próximos congressos da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo?
Essa é uma ideia que nós temos já há muitos anos e que foi interrompida devido à pandemia. No entanto, posso garantir que quando for restabelecida uma ligação aérea direta, o congresso da APAVT voltará a estar na agenda e faremos um convite à Associação para que considere a Tunísia para sedear o seu congresso. Penso que esse seria um momento muito importante para a Tunísia e também uma forma de agradecer a todos os operadores turísticos e agentes de viagens o apoio que têm dado ao nosso destino.
“Estamos a trabalhar conjuntamente com a Embaixada e com a aviação civil na Tunísia no sentido de recolocarmos um voo direto regular entre Portugal e a Tunísia, o que seria muito importante porque os charters funcionam muito bem mas são se estendem pelo ano todo”
Pensa que estará para breve o restabelecimento dos voos diretos entre Portugal e a Tunísia?
Estamos a trabalhar conjuntamente com a Embaixada e com a aviação civil na Tunísia no sentido de recolocarmos um voo direto regular entre Portugal e a Tunísia, o que seria muito importante porque os charters funcionam muito bem mas são se estendem pelo ano todo. O nosso antigo Embaixador acaba de ser nomeado secretário de Estado do Ministério de Assuntos Exteriores e leva consigo o dossier para apoiar as companhias aérea mas não será, provavelmente, a companhia nacional [tunisina] porque não tem capacidade, seria uma companhia aérea privada tunisina que já voa para vários aeroportos europeus.
Se o ano passado já atingiram 96% do número de turistas portugueses que tinham antes da pandemia, este ano poderão ultrapassar o ano de 2019?
Com toda a certeza. Pensamos que com a programação que existe, com os voos dos operadores turísticos a começarem mais cedo do que o ano passado e a chegada da Abreu que tem a sua operação própria, fará com que ultrapassemos os números de 2019, apesar de ficarmos ainda longe do número recorde de turistas que chegou a rondar os 50 mil, por volta do ano de 2005.
O turista português é muito querido na Tunísia, nomeadamente na hotelaria porque é um excelente consumidor de serviços hoteleiros, gosta de fazer vida no hotel, ou seja, não é um cliente que beneficie do pacote turístico e nada mais.