OTAs permitem chegar a novos mercados mas objetivo dos hotéis é aumentar reservas diretas

Na mesa redonda “Dilema reservas diretas vs OTAs: como integrar e concorrer” do 34º Congresso da AHP que terminou sexta-feira, no Funchal, ficou claro que o objetivo a longo prazo dos hoteleiros é que as reservas diretas sejam determinantes. Até lá, no entanto, há que investir em tecnologia e marketing digital e aproveitar ao máximo as OTAs.
Filipe Bonina, diretor de Marketing da DHM – Discovery Hotel Management, Pedro Dias de Sousa, diretor comercial da Amazing Evolution e Louise Lijmbach, Area Manager da Booking.com para Portugal e Cabo Verde, foram os intervenientes no painel que abordou a problemática das reservas diretas e das online travel agencies.
Os benefícios das OTAs para a hotelaria foram desde logo sublinhados por Filipe Bonina, diretor de Marketing da DHM, ao afirmar que através delas foi possível chegar a mercados onde os hotéis só chegariam “com muito mais dificuldades e com muito mais custos”. Por isso, acredita que o peso das reservas pelas OTAs vai continuar a crescer.
Ainda assim, o grande objetivo dos hoteleiros é conseguir alcançar um número cada vez maior de reservas diretas porque estas trazem maior rentabilidade, não estando sujeitas ao pagamento de comissões às OTAs, as quais foram consideradas elevadas.
“Queremos aumentar as reservas diretas o mais possível”, até porque, sublinhou Filipe Bonina, “são mais rentáveis”. Investir cada vez mais em tecnologia e em marketing digital, foi a receita deixada para o aumento das reservas diretas mas porque o maior crescimento continua a verificar-se nas reservas através das OTAs, há que continuar a trabalhar com elas, tentando tirar delas o melhor partido possível.
Desconhecimento sobre o cliente e comissões elevadas: dois problemas das OTAS
Também Pedro Dias de Sousa, diretor comercial da Amazing Evolution, sublinhou o objetivo de “crescer no segmento direto”, uma aposta que tem dado resultados muito positivos com crescimentos anuais a dois dígitos, na sua empresa. No entanto, num mundo em que “o preço continua a ser rei”, alerta que as empresas têm que atentar no custo associado às reservas diretas.
Tal como Filipe Bonina, também Pedro Dias de Sousa reconheceu o importante papel das OTAs, nomeadamente no que se refere a fazer chegar os hotéis a mercados onde, por si próprios, através dos seus sites, dificilmente chegariam. No entanto, apesar de estas plataformas de reservas usarem uma tecnologia muito avançada, não permitem que o hotel conheça o seu cliente nem fazer o seu acompanhamento. Neste âmbito, apontou que um dos problemas das OTAs é que quando os clientes chegam aos hotéis estes não sabem nada sobre eles, o mesmo acontecendo após a sua saída – a única informação é a dos comentários, numa Booking, por exemplo, mas há muitos que não o fazem e aí o hoteleiro fica sem saber se a experiência do hóspede na sua unidade o satisfez ou não.
As elevadas comissões são outro dos problemas. Por isso o diretor comercial da Amazing Evolution deixou claro que “gostava de ver um mercado mais concorrencial”, um mercado que não fosse dominado por uma ou duas OTAs tendo, no entanto, manifestado dúvidas em que as comissões venham a descer nos próximos tempos.
Booking.com quer aportar valor a clientes e parceiros
Por seu turno, Louise Lijmbach, Area Manager da Booking.com para Portugal e Cabo Verde, defendeu que a Booking.com, enquanto intermediário entre os clientes finais e os parceiros visa aportar valor aos dois lados.
Embora refutando a ideia de que o cliente apenas procura preço, a responsável afirmou, no entanto, que o objetivo da Booking é dar preços atractivos ao cliente embora este seja tanto ou mais apetecível quanto os preços dados pelos hotéis sejam mais competitivos. “Não inventamos preços”, afirmou.
No fundo, defendeu, trata-se de uma parceria entre as OTAs e os hotéis, tendo referido a propósito que o crescimento do turismo em Portugal ficou a dever-se ao trabalho conjunto entre ambas as partes.