Operadores do grupo Newtour reforçam a oferta no mercado “à volta dos 25%” revelou Gonçalo Palma

Na segunda parte da entrevista com Gonçalo Palma, diretor-geral dos operadores do Grupo Newtour (Soltrópico, Egotravel e Turangra), começámos por falar nas operações de verão que a Egotravel vai colocar no mercado. As relações com o mercado e a tecnologia que está à ser colocada à disposição das agências de viagens fora outros dos temas abordados.
Que produto é que a Egotravel vai ter este verão no mercado?
Na Egotravel, em termos de operações charter, temos a novidade de Al Hoceima que é um destino em que estamos a investir e a abrir portas, e temos Djerba que é o nosso destino bandeira.
Depois temos vários destinos em voo regular em que também estamos a investir bastante, como é o caso de Malta. A Air Malta vai voltar este verão a voar para Portugal e nós já temos o produto online, não só para Malta mas também a ilha de Gozo, em combinado Malta e Gozo que é um produto muito bom e que se vendia muito. Nós, no passado, tínhamos mesmo um ‘commit’ nos voos da Air Malta e já temos uma proposta para retomar mas, independente de o virmos a ter ou não, a programação já existe e já está disponível.
Temos também programação para o Egito, para todo o destino Marrocos e para as ilhas espanholas – parece que a TAP, além das Canárias vai agora também voar para as Baleares e nós também vamos ter programação. Claro que este produto já tem um grande peso dos operadores espanhóis que programam charters para lá mas nós conseguimos oferecer sempre algumas ofertas diferentes e competitivas.
Djerba é um destino tradicional da Egotravel. Este ano vai haver reforço da oferta face ao ano passado?
A oferta é superior porque o ano passado a TAP cancelou os voos e quando isso aconteceu nós já tínhamos quase 600 lugares vendidos, depois tínhamos um charter de Lisboa, que vamos continuar a ter com a SATA, tínhamos outro charter do Porto e um voo com a Tunisair, de abril a outubro. Quando a TAP cancelou nós tentámos reacomodar as pessoas nos voos da SATA mas quase que íamos esgotar a operação charter que já estava a ser vendida e ficar sem produto em Janeiro era muito complicado. Por isso, tivemos que reforçar a operação e agora temos mais dois voos, um de Lisboa e outro do Porto às quintas feiras, com a Air Horizont.
Nesse sentido, a operação este ano vai ser reforçada porque o ano passado tivemos só um voo do Porto e outro de Lisboa e este ano vamos ter dois de cada lado, às quartas e quintas feiras, tanto de Lisboa como do Porto. Há um voo do Porto que faz abril e maio, ou seja, faz a operação da Páscoa e continua até setembro, todos os outros são de junho a setembro.
O ano passado também fizemos operação na Páscoa mas foi só de Lisboa. Os resultados económicos não foram espetaculares mas em termos de passageiros foi bom. Nunca ninguém tinha feito esta colagem da operação da Páscoa à de verão mas acho que os operadores também têm que fazer estas coisas para criarem habituação no mercado. Temos que fugir um pouco à época alta que pressiona muito em termos de preço e para quem gosta de fazer praia, Djerba em abril e maio também já é muito bom.
Vão manter os voos com a Tunisair?
Não, este ano a Tunisair está a passar por uma reestruturação e não vai poder fazer a operação, por isso substituímos a operação da Tunisair pela da Air Horizont às quintas feiras. No fundo, o número de lugares aumenta, o ano passado ficámos em cerca de 7.000 lugares, este ano teremos cerca de 10 mil.
Em voo regular, quais são os destinos em que mais vão apostar?
Garantidamente, Malta e também o Egito, maioritariamente para Sharm El Sheik mas também temos Hurghada. Antigamente vendíamos muito Hurghada mas agora como há charters para este destino há um desvio de passageiros. Os voos para o Egito são de Lisboa e do Porto, via Istambul, porque trabalhamos com a Turkish Airlines.
Malta não é um típico destino de praia, embora tenha praias muito boas na zona norte mas é mais um produto de cidade, de turismo cultural.
“Pensamos que não nos cabe a nós, operadores, desnivelar, muito embora se possa pensar que como temos a Bestravel e agora a GEA dentro do grupo existem condições diferentes, mas não existem. Há um espírito de independência, existem gestões que são separadas e nós respeitamos isso e gostamos de ser respeitados”
Como é que tem sido a negociação com os agrupamentos e com as agências de viagens?
Nós temos uma política comercial que é um pouco horizontal, ou seja, nós não queremos que seja a operação a desnivelar o nível de comissionamento das redes ou das agências. Onde nós desnivelamos tem a ver com o cumprimento de certos objetivos, é nas metas que começamos a desregular.
Pensamos que não nos cabe a nós, operadores, desnivelar, muito embora se possa pensar que, como temos a Bestravel e agora a GEA dentro do grupo existem condições diferentes, mas não existem. Há um espírito de independência, existem gestões que são separadas e nós respeitamos isso e gostamos de ser respeitados.
A negociação é sempre difícil, aliás é cada vez mais difícil porque as margens são cada vez mais pequenas. Os players são mais, o efeito low cost em alguns destinos retira-nos quota de mercado, o facto de existirem permite às agências fazerem produtos à medida através de OTAs e isso faz-nos perder algum espaço. o que depois leva à perda de rentabilidade.
Por outro lado, assistimos também à entrada de novos players que querem ser muito agressivos e que por vezes dão condições que para nós não são possíveis porque não são sustentáveis.
Os operadores estão a ser cada vez mais assediados para lançarem produto especial, nomeadamente em tempo de reservas antecipadas e para patrocinar isto ou aquilo. Como é que reagem a esses pedidos?
É verdade que isso acontece e gerir isso não é fácil, aliás muitas vezes há situações que não se conseguem executar. Por exemplo, a BTL é um dos momentos em que não conseguimos dar exclusivos a ninguém. Existem três ou quatro momentos muito fortes de venda no mercado e não conseguimos dar exclusividades, seja em preço seja de outras formas. O que normalmente patrocinamos tem a ver com ajudas de marketing para dinamizar a venda de viagens – para isso estamos disponíveis mas não para preços exclusivos.
O que é que têm delineado para este ano no sentido de uma aproximação maior aos agentes de viagens?
Nós vamos estar presentes em todas as convenções de agrupamentos e redes para que somos convidados. Vamos estar presentes na BTL e pretendemos dar continuidade a uma academia online que tivemos no passado, o que nos permite estar cada vez mais com os agentes de viagens para partilhar o nosso conhecimento. Aparte disso, pretendemos fazer fam trips para que os agentes de viagens possam ter um conhecimento cada vez maior dos produtos in loco para saberem vender melhor os nossos produtos. Isso para além de no dia a dia termos presença nas agências que estamos a tentar retomar.
Por outro lado, a tecnologia permite-nos estar próximos dos agentes de viagens, o que ontem estava longe está hoje à distância de uma videochamada e nós estamos a investir muito nesse tipo de contactos. Mas claro que os eventos aproximam as pessoas, tal como as fam trips e nós também apostamos nisso.
“Em tecnologia nunca está tudo concluído, é um processo, vamos é concluindo várias tarefas”
Já se falou aqui de tecnologia. O ano passado, quando falámos, disse-me que a tecnologia que a Egotravel tinha estava a ser montada na Soltrópico. Esse trabalho está todo concluído?
Em tecnologia nunca está tudo concluído, é um processo, vamos é concluindo várias tarefas, mas posso dizer que o processo de implementação na Soltrópico foi mais rápido do que esperava, concluímos as metas com mais velocidade e com mais êxito do que eu esperava. Note-se que a Soltrópico já tinha a tecnologia, a base já lá estava, nós começámos foi a trabalhar de outra forma ao nível da contratação, da divulgação, da dinâmica no site e em certas ferramentas que não tínhamos, aproveitámos muito o trabalho que já vinha da Egotravel mas também já houve muita coisa construída na fase em que estamos os dois.
A tecnologia só avança quando encontramos dificuldades e a Soltrópico trouxe desafios que inicialmente não tínhamos presentes e que tivemos que ultrapassar. Penso que temos feito um trabalho muito bom e já temos mais duas ou três coisas na calha.
A programação do Brasil é toda tecnológica, a das Maldivas e das Maurícias também, os combinados são hoje apresentados de uma forma muito mais clara.
Hoje as vossas plataformas são muito mais “amigas” dos agentes de viagens?
Muito mais. Basta referir o marketplace que permite chegar aos produtos da Ego através do site da Soltrópico, e vice-versa, e em breve acontecerá o mesmo com a Turangra. É uma ferramenta que agrada muito aos agentes de viagens, principalmente porque mostra toda a programação dos operadores da Newtour, independentemente do site por onde o agente de viagens entrou e tem uma compatibilização de login, ou seja, não é necessário sair de um site para ir para outro.
Falando no conjunto dos operadores da Newtour pode dizer-se que o aumento da oferta se situa a que nível?
Ainda não fiz essa conta, mas diria que andará à volta dos 25%.
Isso vai dar como resultado um acréscimo de trabalho para corresponder ao aumento de vendas?
Essas são as dores boas, as que vêm pelo aumento das vendas e nós estamos preparados para isso. Hoje há muita coisa que é resolvida através da tecnologia, embora não do ponto de vista comercial, mas estamos preparados para esse acréscimo de trabalho.
A equipa com que vão encarar 2023 já foi montada durante o ano passado?
Já, inclusivamente durante o final do ano de 2022 tivemos algumas entradas já a pensar em 2023. Vamos ter uma nova entrada muito em breve que tem a ver com o coordenador de vendas da Turangra que vai integrar a equipa comercial.
O que é que eu não perguntei que gostassem de dizer?
Talvez dizer apenas que o ano de 2022, apesar de toda a sinergia que foi implementada entre a Egotravel e a Soltrópico, terminou com uma equipa bastante feliz, o que nos dá muito ânimo e uma boa perspetiva para 2023.
Dentro do grupo há um trabalho que é estável, com a Soltrópico e a Egrotravel a vai também ser assim com a Turangra. A mensagem que gostava de passar é que nós estamos cá para ficar e é por isso que nos preocupamos tanto com a sustentabilidade, não estamos aqui ao sabor do vento. Sabemos o que queremos fazer e sabemos o que podemos fazer.
Leia aqui a primeira parte da entrevista a Gonçalo Palma diretor-geral dos operadores do Grupo Newtour e Sandro Lopes, diretor de vendas da Soltrópico.