“Objetivo é chegar ao final de 2022 a atingir o break even”
O Viajar Tours já lançou no mercado a sua operação charter para o verão, com destaque para Creta, destino que vão operar sozinhos e numa operação mais alargada no tempo do que a que era realizada antes da pandemia. O Turisver falou com o diretor geral do operador, Álvaro Vilhena, sobre as expectativas para o ano de 2022
Como é que o Viajar Tours encara este ano de 2022 que é já considerado como um ano de retoma?
Nós encaramos este ano com algum entusiasmo, que é um entusiasmo próprio de quem tem estado muito contido e estávamos ainda mais entusiasmados antes de acontecer aquilo que todos nós estamos a verificar com a situação da guerra na Ucrânia que não podemos deixar de assinalar.
Nós estávamos com um ritmo de vendas muito interessante e a partir do momento em que estalou a guerra da Ucrânia notou-se alguma contenção. Não sabemos se isso tem tanto a ver com o medo de viajar ou se tem mais a ver com todos os reflexos que a guerra vai ter na economia, no aumento do custo de vida, da inflação e com o que isso irá provocar no bolso das pessoas. Seja mais por uma razão ou mais por outra, o que sentimos é que aquele entusiasmo a que estávamos a verificar, abrandou.
Vocês mantêm como base da vossa programação para este ano os destinos que já eram um pouco a vossa marca?
Sim, mantemos a nossa programação charter na área do Mediterrâneo. Programamos Saidia, mantemos a Tunísia Continental, com um voo semanal do Porto e outro de Lisboa para Monastir e um outro, também de Lisboa e do Porto para Djerba. Todas estas operações são partilhadas mas para Creta estamos sozinhos e até iniciamos mais cedo do que era habitual: começamos a 20 de junho quando, anteriormente, começávamos em meados de julho.
Creta terá este ano vantagens em termos de preço
Creta é o destino que, se a situação da guerra não se resolver, poderá ficar mais complicado?
Penso que não irá ser afetado, porque continua a haver ali uma grande barreira, além de que está no Mediterrâneo. Eventualmente, penso que Creta terá até algumas vantagens em termos da competitividade porque muito do produto das ilhas gregas é um bocado inflacionado pelos mercados e a falta do mercado russo vai trazer naturais vantagens em termos do preço, pelo que poderá ser benéfico para nós. Obviamente, nesta fase, ainda se trata de conjeturas porque aquilo que irá pesar muito é a nossa situação económica. Para já, ainda não se sabe como é que a nossa economia vai ser afetada por tudo isto e os reflexos que isso terá no bolso dos consumidores.
Os preços com que a programação que foi lançada no mercado são idênticos aos de 2019?
São mais baixos porque houve uma capacidade de negociação ao nível da companhia aérea que antes não havia e isso deu-nos condições muito boas. Vamos voar para Creta com a Sky Express, uma companhia grega que está mesmo baseada em Creta e que operava muito com o mercado local, apesar de ter alguns vos regulares para outros destinos, como é o caso de Londres, e tem uma frota de narrowbodies novos, composta por aviões A320neo, para além dos ATR que utilizam no interilhas.
“Se se aprendeu com estes dois anos, acho que não, o modus operandi é praticamente o mesmo que existia antes, com uma ou outra nuance própria das diferentes redes de distribuição”
Já tem contratos fechados com alguns agrupamentos e redes de agências de viagens? Aprendeu-se alguma coisa com estes dois anos e as negociações estão mais fáceis?
Totalmente fechados, não, mas estão alinhavados. Se se aprendeu com estes dois anos, acho que não, o modus operandi é praticamente o mesmo que existia antes, com uma ou outra nuance própria das diferentes redes de distribuição que pretendem que a colaboração seja direcionada num determinado sentido e estamos a analisar até que ponto vamos poder corresponder às expetativas.
Vouchers regularizados desde Maio de 2021
Em relação a estes dois anos, sentiram que tiveram alguns apoios para que a empresa pudesse aguentar?
Seria quase impossível manter a empresa a laborar sem despedimentos para além das não renovações de contratos – e foram mínimas as renovações que não fizemos – se não tivesse havido apoios dos quais todos beneficiamos, como o caso do lay off, até porque houve alturas em que não se vendeu rigorosamente nada. Felizmente, os apoios existiram e, no caso dos vouchers, fomos dos primeiros a regularizar os pagamentos e desde maio de 2021 que temos tudo regularizado, não ficámos com nenhum vouchers em carteira – ficaram algumas situações por resolver, mas não relacionadas com os vouchers, e que entretanto também já foram resolvidas pelas seguradoras.
Se tiverem um ano normal de vendas para a programação que colocam no mercado, vão chegar ao final deste ano com a empresa ao nível de 2019?
É esse o nosso objetivo, chegar ao final de 2022 a atingir o break even.