“O turismo não pode crescer excessivamente”, alerta Jorge Rebelo de Almeida

Na conferência de imprensa que antecedeu a inauguração do hotel Vila Galé São Miguel, no passado sábado, Jorge Rebelo de Almeida, sublinhou a importância do turismo para o país mas alertou que “o turismo não pode crescer excessivamente” sob pena de perder a autenticidade e deixar de ser atrativo para os turistas.
“O turismo é um setor de atividade que é importante para este país”, afirmou o presidente do Grupo Vila Galé que, no entanto, defendeu que “ao contrário do que muitos dizem, o turismo não pode crescer excessivamente”. O turismo, disse, “deve ocupar o seu lugar, que é importante, mas o país não pode ser excessivamente turístico. Passo a vida a recomendar aos presidentes de câmaras e aos governantes para que não deixem perder a autenticidade nacional”.
Na opinião de Jorge Rebelo de Almeida, “os centros históricos das cidades, como Lisboa ou como o Porto, podem ter uma atividade turística mas têm que manter e preservar a realidade e a nossa autenticidade”, pelo que estes espaços ao devem ser ocupados apenas pelo Alojamento Local, perdendo os seus habitantes naturais que lhes dão essa autenticidade.
“Não tenho má vontade nenhuma contra o alojamento local”, declarou, referindo “o papel importantíssimo do AL na recuperação de património e de edifícios que se encontravam degradados em vários pontos das cidades. Alertou, no entanto, que “não se pode exagerar, porque se eu chegar a uma das nossas cidades, com centros históricos lindíssimos e se neles só existir turismo, perdem a graça toda”.
Preservar, recuperar, manter a autenticidade foi, portanto, a ‘receita’ deixada por Jorge Rebelo de Almeida para o futuro do turismo em Portugal, uma ‘receita’ que o Grupo Vila Galé tem vindo a seguir. Outra das ‘receitas’ que o Grupo tem seguido tem sido a do investimento no interior do país. Afirmando que hoje “temos um interior mal aproveitado, mal usado”, apesar de todos defenderem que o interior deve ser desenvolvido, Jorge Rebelo de Almeida considerou que o turismo “pode dar uma grande ajuda ao interior do país”, principalmente se formar aliança com acultura.
“Este país para ser interessante, até para o turismo, precisa que de ser equilibrado, precisa de ter um desenvolvimento harmonioso em vários setores de atividade. Defendo que o turismo tem de estar ligado à cultura”, afirmou, sustentando que “hoje, o nosso turismo, para se valorizar, tem de ter uma ligação muito intensa com a cultura porque temos que valorizar aquilo que é nosso”, nomeadamente o património: “Se há coisa de que hoje não tenho a menor dúvida é que em Portugal, uma das grandes apostas que se deve fazer é a de recuperar património histórico porque se trata de um valor que distingue o país. Por incrível que pareça, temos muito património descuidado, abandonado, destruído ou em vias de destruição e é isso que devíamos mudar”, sustentou.
Sobre os Açores, onde agora inaugurou o Vila Galé Collection São Miguel, Jorge Rebelo de Almeida afirmou ser um destino “com um potencial muito grande”, que está a crescer muito e que “tem um cliente diferenciado”, um cliente que valoriza a natureza, o ambiente, a cultura e as tradições.
Apesar de ser um destino em crescimento, o presidente do Grupo Vila Galé frisou que “não interessa – a ninguém e muito menos aos açorianos – transformar os Açores num destino de massas, interessa-nos ter aqui um nível de turismo equilibrado, com uma oferta cultural interessante”.
“Digo sempre que não devemos fazer um país para os turistas, o que devemos fazer é desenvolver o país para quem cá mora” porque “se tivermos um país harmoniosamente desenvolvido em vários sectores de atividade, se calhar atraímos mais turistas e os turistas se calhar vão gostar mais de estar aqui”, acrescentou.
O Turisver viajou para os Açores a convite do Grupo Vila Galé