O que os agentes de viagens precisam saber sobre São Tomé para informarem os seus clientes – Parte I
O operador turístico Sonhando realizou, na passada quarta feira, em Lisboa, uma apresentação do seu destino São Tomé e Príncipe às agências de viagens do grupo Viagens El Corte Inglês. O Turisver assistiu à apresentação e dá conta das informações que ali foram transmitidas sobre a operação, o destino e o que nele se pode ver e fazer.
A apresentação foi feita pelo diretor comercial do operador turístico Sonhando que tem em São Tomé e Príncipe um dos seus destinos mais antigos e mais queridos, onde faz uma aposta de ano inteiro. Um destino que, começou por dizer Fernando Bandrés, “apesar de ter uma grande ligação com Portugal é ainda desconhecido para muitos”.
A história de São Tomé começa em 1470, ano em que é descoberto pelos portugueses. Desabitado até aquela data, o povoamento de São Tomé foi feito com escravos levados de Cabo Verde e Angola, o que marcou para sempre a sua idiossincrasia, a sua forma de viver e a sua cultura.
País insular localizado no Golfo da Guiné na costa equatorial da África Central, São Tomé e Príncipe é composto pelas duas ilhas que dão nome ao território. A maior ilha, São Tomé, tem 854 Km2 e a mais pequena, a Ilha do Príncipe, com 136km2. Com apenas 60Km contados de norte a sul, o Príncipe acaba por ser marcado por uma dupla insularidade.
Curioso é o facto de se dizer que São Tomé é o “umbigo” do mundo, porque neste território passa a linha imaginária do Equador (Paralelo 0) que divide o mundo em hemisfério Norte e hemisfério Sul – no Ilhéu das Rolas existe um marco, e sob ele um mapa desenhado no chão que permite colocar um pé em cada hemisfério – e o Meridiano de Greenwich, que divide o mundo entre Oriente e Ocidente.
As ligações entre São Tomé e Portugal, são feitas por duas companhias aéreas à partida de Lisboa, a TAP que tem frequências praticamente diárias, em que a Sonhando tem “lugares garantidos aos sábados” e a STP Airways que opera com aparelho da portuguesa euroAtlantic airways o que, frisou Fernando Bandrés, “dá-nos garantia de qualidade”.
Para além das frequências há outras diferenças entre as duas companhias, já que a TAP opera a rota com um Airbus A321 e a STP Airways opera com o Boeing 767, um wide body de longo curso. Outra diferença está na bagagem; a STP Airways permite duas peças de 36Kg cada e a TAP apenas permite uma peça até 30Kg.
O voo direto entre Lisboa e São Tomé tem uma duração de cerca de seis horas, mas o diretor comercial da Sonhando chamou a atenção para o facto de a TAP ter “dias em que opera direto e outros em que faz uma paragem de cerca de hora e meia em Acra capital do Gana, em que os passageiros não podem sair do avião”.
A moeda é a Dobra mas o Euro é praticamente aceite em todo o lado, a língua oficial é o português, a população total do país está em torno das 211 mil pessoas, mas há uma particularidade, já que a grande parte da população do país concentra-se na capital e as zonas rurais estão muito despovoadas.
As perguntas mais frequentes que os clientes fazem sobre o destino
Citando algumas perguntas que são sempre feitas pelos clientes e para as quais o agente de viagens deve ter a resposta “na ponta da língua”, o diretor comercial da Sonhando explicou que atualmente os portugueses não necessitam de visto para entrar em São Tomé “sempre que a estada não exceda duas semanas” e que “a validade do passaporte é apenas de três meses” e não seis como acontece em grande parte dos destinos.
Curioso é o facto de durante quase todo o ano não haver diferença horária entre Portugal e São Tomé mas também aqui “há uma particularidade”, uma vez que “nós mudamos o horário de inverno para horário de verão e em São Tomé não, pelo que no nosso verão, em São Tomé é menos uma hora do que em Portugal”.
No que toca aos procedimentos de saúde pública, Fernando Bandrés explicou que relativamente à COVID, para entrar em São Tomé os viajantes já não precisam de apresentar certificados de vacinação nem fazer testes. No que se se refere a outras vacinas não é preciso nenhuma em especial, uma vez que até a vacina da febra amarela só é necessária para quem viaje de um país onde esta doença seja endémica, o que não é o caso de Portugal.
O responsável informou ainda que “com os pacotes da Sonhando, a consulta do viajante é ‘free’, sendo realizada online.
“A minha recomendação seria que as pessoas com algum problema de mobilidade não devem viajar para este destino”
Ainda a nível da saúde ficaram os conselhos de sempre em destinos deste tipo: beber apenas água engarrafada e por isso não beber bebidas com gelo, lavar as mãos frequentemente proteger-se contra a picada dos mosquitos porque “a malária é residual mas ainda existe no país, especialmente na ilha de São Tomé”. Acresce que devem ser evitados os alimentos crus. Tudo isto para prevenir uma ida ao hospital porque, alertou, “as infraestruturas hospitalares são muito básicas e faltam alguns medicamentos” pelo que “cada pessoa deve levar consigo os medicamentos e que precisa”. Também sobre isto, pediu: “por favor, alertem os clientes de que os medicamentos não devem ir nunca na mala de porão mas sempre na mala de mão”.
Dos medicamentos para a mobilidade, alertou ainda que “ao contrário do que acontece com outros países africanos, São Tomé não está preparado para pessoas com mobilidade reduzida” pelo que “a minha recomendação seria que as pessoas com algum problema de mobilidade não devem viajar para este destino”.
O que é que se deve levar na bagagem para além de uma farmácia bem composta? Conhecedor do destino, Fernando Bandrés responde que é indispensável levar “umas boas botas de trekking porque uma das características do país é a possibilidade de fazer trilhos”, chinelos de praia e sapatilhas que permitam caminhar pelas rochas e uma capa de chuva “inclusive na altura que é considerada a estação seca” porque às vezes acontecem pancadas de água e “quando chove em São Tomé, chove a sério”.
Pergunta que todos se fazem é se o destino é seguro? “A resposta curta é sim”, afirmou Fernando Bandrés, acrescentando, no entanto, que “temos que ter regras de bom senso” como por exemplo andar vestido com simplicidade – Não faz sentido usar Louis Vuitton ou Gucci num país como São Tomé”, gracejou.
Num mundo em que cada vez mais cada pessoa é “fotógrafo”, outro alerta que deixou foi o de sempre se dever “pedir permissão antes de fotografar pessoas, especialmente na capital”.
Outras perguntas que sempre são feitas pelos clientes e de que os agentes de viagens devem saber a resposta “na ponta da língua”, têm a ver com a moeda local e as formas de pagamento. Sobre estes temas, o diretor comercial da Sonhando adiantou que a moeda local é a Dobra, muito embora o Euro seja geralmente aceite. O câmbio é de 24,5 Dobras por cada Euro e os pagamentos, nas cidades, podem ser feitos com cartões de débito ou crédito “exceto no caso dos cartões American Express que dificilmente são aceites”, explicou Fernando Bandrés. Já nas zonas rurais, o mais indicado é “levar dinheiro” vivo.
Aconselhou ainda a que se informem os bancos antes de ir para São Tomé: “às vezes os bancos começam a ver muitos pagamentos de um determinado sítio e cancelam pagamentos”, justificou.
Qual é a melhor altura do ano para viajar para São Tomé? Fernando Bandrés diz que, ao nível do clima, São Tomé tem duas estações, a seca (ou gravana) que vai de junho a setembro e a estação das chuvas, nos restantes meses do ano e a melhor altura, claramente, é a estação seca porque a temperatura também é mais amena (ronda os 27ºC, em média), menos húmida, proporciona melhores condições para mergulho e também é a melhor altura para assistir à colheita do café e do cacau.
Ilustrações gentilmente cedidas pelo operador turístico Sonhando
Na 2ª parte do artigo falaremos daquilo que se pode ver e fazer em São Tomé e Príncipe, com destaque para as excursões possíveis.