O Alentejo “rejeita a ideia do turismo predador” afirmou António Lacerda no encerramento do congresso
“O Alentejo é agora muito mais”. A frase, proferida na abertura do II Congresso de Turismo do Alentejo pelo presidente da Câmara de Beja, foi citada por António Lacerda, diretor executivo da Agência de Promoção Turística do Alentejo na apresentação das conclusões por representar “a sumula das conclusões”.
Passados 13 anos sobre a realização do I Congresso, a Entidade Regional de Turismo e a Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo juntaram-se para organizar o II Congresso de Turismo do Alentejo que decorreu em Beja nos dias 31 de maio e 1 de junho.
Antes do encerramento, coube a António Lacerda, diretor Executivo da Agência de Promoção Turística, apresentar as conclusões do congresso que, segundo afirmou, podem ser resumidas através da ideia deixada na abertura pelo presidente da Câmara de Beja: “O Alentejo é agora muito mais”. O “agora” encerrava em si o comparativo entre aquilo que é hoje o turismo no Alentejo e o que era em 2010, aquando do primeiro congresso.
Da retrospectiva feita durante o congresso e que foi resumida por António Lacerda, houve outra ideia que ressaltou, a de que hoje o Alentejo é um destino turístico. Em 13 anos, sublinhou António Lacerda, foram percorridos muitos caminhos “por gente com nome, que nas empresas, nas instituições e na vida garantem a esta atividade o dinamismo que lhe permitiu em 13 anos ser genericamente mais do dobro do que era, procurando não se desvirtuar”.
“Não temos dúvidas que o Turismo é um desígnio do Alentejo”, enfatizou o diretor executivo da ARPTA, defendendo que a região é a prova de que “há um turismo bom, que ajuda ao desenvolvimento dos territórios. Um turismo que faz sentido, que aproveita os recursos endógenos para se diferenciar”.
Patente nos trabalhos ficou também a ideia de que o Alentejo “rejeita a ideia do turismo predador” e, ao invés, defende “o turismo enquanto elemento que integra a diversidade regional”, que atrai pessoas sem as quais o próprio turismo não seria possível.
António Lacerda vincou que a região “tem de dar a conhecer o que a diferencia para assim ser atraente. Tem de usar o conhecimento, o saber, seja este antigo, ou seja fruto da evolução do pensamento, para que em cada encruzilhada decida com acerto por onde seguir”
Defendendo que o Alentejo tem valores distintivos, António Lacerda vincou que a região “tem de dar a conhecer o que a diferencia para assim ser atraente. Tem de usar o conhecimento, o saber, seja este antigo, ou seja fruto da evolução do pensamento, para que em cada encruzilhada decida com acerto por onde seguir”, o que deve ser feito apostando na “complementaridade intersectorial” porque “não podemos deixar que um qualquer setor cresça matando os outros”.
Para isso, há ferramentas, como a legislação que “tem de acompanhar o evoluir dos contextos, joeirando o que de uma forma abrangente, nos garanta ou comprometa o amanhã” mas também as “medidas de política pública, nas escalas municipal e intermunicipal, que estão a ser prosseguidas, que visam inverter outros constrangimentos, como o sejam as acessibilidades, a mobilidade e a conectividade”.
Outro constrangimento ao desenvolvimento global do Alentejo é a questão demográfica “marcada pela nossa impossibilidade em estancar o êxodo da população, sobretudo dos seus ativos mais capacitados”. Um constrangimento que se sente sobretudo no turismo e que “apenas conseguirá ser invertido por politicas públicas de fomento de captação de efetivos, criando infraestruturas que melhorem a oferta do parque habitacional dedicado ao arrendamento, que dotem os territórios de centros de co-work bem servidos por excelente conetividade digital e que assegurem a existência das condições fundamentais para os Alentejanos de nova geração”.
Outra das ideias referidas no Congresso e que António Lacerda resumiu é a de que “o Alentejo é feito de “Alentejos”, diferentes e complementares, com caraterísticas comuns onde avulta a segurança e a qualidade de vida”. Uma diversidade que, defendeu António Lacerda, “é fator igualmente diferenciador, que bem serve ao turismo”.
A terminar, o diretor executivo da Agência de Promoção Turística do Alentejo considerou que “estamos no caminho certo para que graças ao agora, amanhã possamos afirmar e proclamar que o Alentejo está efetivamente suportado numa trempe em que um pilar é a sustentabilidade económica e social, outro a compatibilização das atividades que se exercem neste território para salvaguarda da natureza e ambiente e o terceiro consubstancia-se na salvaguarda do património, da cultura e das entidades locais”.
“Temos uma população, um tecido empresarial e instituições que querem exatamente isso e disso serão o principal garante”, concluiu.
Foto: ©AlexGaspar