Nuno Leandro novo diretor do Arribas Sintra Hotel quer “captar cada vez mais mercado nacional” para a unidade

Com mais de duas décadas de experiência na hotelaria, Nuno Leandro assumiu, há cerca de uma semana, o cargo de diretor-geral do Arribas Sintra Hotel, na Praia Grande. Ao assumir este novo desafio, o Turisver falou com ele sobre a unidade hoteleira que agora dirige e as estratégias que pretende implementar, entre outros temas.
Depois da experiência açoriana, que segundo parece, foi muito marcante, o Nuno Leandro volta ao Continente. Quais foram os aspetos mais significativos dessa experiência?
Foi de facto uma experiência marcante e interessante, saí da minha zona de conforto, tive que me deslocar e viver longe da família, numa geografia que desconhecia, mas muito rapidamente e facilmente me integrei na comunidade, e na equipa do hotel, e estar a viver no hotel durante cerca de cinco meses, ajudou e facilitou a minha integração. Os açorianos, sabem muito bem receber e, percebendo que estava sozinho, ajudaram a que isso acontecesse.
Contudo, estamos localizados no meio do Oceano Atlântico, o que implica novos desafios como, no inverno, estarmos dependente dos navios de carga e do mar possibilitar ou não que os barcos tragam os contentores, o que acaba por ser um desafio para a parte operacional da unidade hoteleira.
De resto, foi uma experiência poder conhecer o Grupo Pestana, onde estive durante este ano, um grupo muito bem organizado em todas as vertentes (estratégica, financeira, operacional) e onde me foi dado bastante apoio, o que permitiu, ao dia de hoje, trazer essa experiência para poder ajudar o Arribas Sintra Hotel.
Agora, de volta ao continente, tem um novo desafio como diretor do Arribas Sintra Hotel?
Fui desafiado pelo Paulo Amorim para vir dar o meu pequeno contributo a um hotel que dispensa apresentações, um hotel com 60 quartos, com a maior piscina oceânica da Europa, com mais de 100 metros de comprimento, uma valência enorme a nível de salas de reunião, restaurantes, snack-bar… o que nos leva a estarmos a tentar captar cada vez mais mercado nacional, o mercado local, pelas qualidades que temos aqui da nossa gastronomia e hotelaria.
É evidente que já conhecia a unidade e já está familiarizado com ela. O que é que numa visão rápida vai mudar?
Para já não iremos mudar nada, como eu digo internamente, isto é uma ultra maratona. Não vale a pena estar a mexer numa equipa vencedora, faz sentido, sim, analisarmos estrategicamente, e temos que ter uma visão de curto, médio e longo prazo.
Neste momento, é isso que estamos em conjunto a fazer, é analisar como estamos, para onde queremos ir e de que forma queremos ir. Portanto, não vale a pena, e não quero estar a gastar dinheiro ao acionista, mas, sobretudo, investir capital do acionista sem definir uma estratégia.
“(…) no verão já temos excelentes taxas de ocupação, mas poderemos ter oportunidades de melhoria do preço médio, não é que o nosso preço médio seja mau, que é bastante interessante, contudo, o que é que estamos a trabalhar e vamos estrategicamente trabalhar é dar mais experiências e serviço ao cliente, para que tenhamos o equilíbrio do value for money”
Normalmente, quando se é contratado para diretor de um hotel, são traçados alguns objetivos, nomeadamente em termos de ocupação, de preços médios ou de redução de despesas… Quais são as vertentes para as quais vai olhar mais em pormenor nesta primeira fase?
Acima de tudo, vamos olhar internamente para a equipa, fazer uma avaliação de como estamos, não vale a pena estarmos a definir metas de “cortar cabeças” ou de reduções de headcount, até porque como costumo dizer, todas as pessoas são válidas em prova em contrário. Portanto, temos que fazer essa análise, que não é numa semana, não é num mês. Isso está a começar a ser delineado.
Depois, do ponto de vista da oferta ou da requalificação da mesma, temos uma excelente carta de restaurante, portanto, é continuar a trabalhar, e tentar perceber quais são as oportunidades, por exemplo na escolha dos melhores parceiros (fornecedores), porque muitas vezes podemos ter um produto excelente, mas temos que escolher os melhores parceiros que nos possam apresentar um bom preço de custo para conseguirmos entregar melhores resultados ao acionista. Por fim, o que é uma verdade de “la palice” também é maximizar a satisfação do cliente. Queremos que o cliente, quando entra no Arribas Sintra Hotel, acabe por sair com o efeito “wow” Portanto, desde o momento da chegada até o momento da saída do cliente, temos que garantir que nada fica deixado ao caso. É nisso que também estamos a trabalhar.
Num hotel com estas características, é fácil perceber que no pico do verão a ocupação já é muito grande, pelo que o crescimento possível será pequeno, mas no resto do ano será possível crescer. Digamos que o objetivo será crescer em preço no verão, porque a ocupação é maior, e crescer em número de clientes no inverno?
O que nós queremos é o equilíbrio. No verão já temos excelentes taxas de ocupação, mas poderemos ter oportunidades de melhoria do preço médio, não é que o nosso preço médio seja mau, que é bastante interessante, contudo, estamos a trabalhar estrategicamente a forma de dar mais experiências e serviço ao cliente, para que tenhamos o equilíbrio do value for money. Queremos que o cliente sinta que o preço que está a pagar é um preço justo e que está, de alguma forma, a ser recompensado pelo mesmo.
Por outro lado, na época baixa, temos algumas oportunidades, embora cada vez mais a sazonalidade na Lisbon Coast Area acabe por ser esbatida, mas a própria elasticidade da oferta e da procura pode ajudar neste sentido.
A dificuldade de captar recursos humanos continua na ordem do dia. Neste caso, e dada a localização do Arribas, um bocadinho foram dos grandes centros, há dificuldade em fixar os colaboradores?
Neste momento nós temos uma equipa composta, neste momento está completa, estamos a fazer uma análise cirúrgica de onde é que podemos melhorar, quais são as áreas que podemos melhorar. Existem algumas áreas em que podemos ter algum crescimento residual, mas de uma forma geral a equipa está composta.
Sei que vocês têm pacotes formatados para atrair clientes para pequenas estadias. Quais são aqueles que podem “calçar” bem num cliente de proximidade, no cliente português?
A nível de experiências, estamos a ver oportunidades. Estou cá há uma semana e ainda estamos a fazer essa análise das experiências que existem e das que poderão fazer sentido.
Temos uma localização única e magnífica, na Praia Grande, ideal para o surf e o bodyboard, mas além disso temos ótimas condições para caminhadas, para o trekking, ciclismo, parapente, asa delta… E temos iguais condições para tudo o que é turismo cultural, com a visita de museus, desde o Palácio da Pena à Quinta da Regaleira, sem esquecer a área da enologia, porque existem algumas quintas vinícolas. Ou seja, neste momento está tudo em cima da mesa, estamos a ver o que é que poderá fazer sentido para, do ponto de vista estratégico, atacarmos alguns nichos de mercado.
Dizia há pouco que isto é uma ultra maratona. Dito por um diretor de hotel recém-contratado, quer dizer que pensa ficar por cá muito tempo, fazer aqui uma carreira?
Sim, se essa for também a opção do nosso accionista. O objetivo é poder aportar valor e, com a experiência existente, conseguir colocar um conjunto de experiências únicas neste destino, que é a Praia Grande.