Nuno Costa o “Ronaldo” da Jamaica quer levar charters de Portugal para a ilha de Bob Marley

Depois da experiência de dois operadores portugueses em 2005, uma operação charter para a ilha de Bob Marley poderá voltar em 2023, confia Nuno Costa que tem estado em Portugal a representar o Turismo da Jamaica.
Está em Portugal desde inícios de março, a participar nos principais eventos turísticos, como a BTL, convenções de redes de agências e roadshows, em representação do Turismo da Jamaica, um país que conhece bem e onde reside e trabalha desde 2005, ano em que o Mundovip e a Abreu decidiram lançar a Jamaica como novo destino nas Caraíbas.
Foi assim que aconteceu a ida de Nuno Costa para a Jamaica: “como eu era responsável pela contratação das Caraíbas, o José Manuel Antunes, que era diretor do Mundovip, pediu-me para ir fazer uma pesquisa de mercado, contratar um recetivo e guias”. Nuno Costa foi e o que encontrou foi “uma grande falta de pessoas que falassem, pelo menos, espanhol”, pelo que “acabei por ficar mais tempo do que estava previsto”. Mais tempo que foi até hoje. Nuno Costa resolveu ficar mesmo a viver na Jamaica, primeiro a trabalhar como representante do Mundovip e a fazer a “ponte” com o recetivo jamaicano. Como a operação era apenas de verão, acabou por ficar a trabalhar nesse recetivo com o intuito de desenvolver outros mercados. Foi o que fez: desenvolveu o mercado europeu num recetivo que antes funcionava muito à base do mercado americano, onde ainda hoje assenta muito o turismo na Jamaica. Entretanto, o nosso entrevistado criou na Jamaica o seu próprio recetivo, o MNM Group, com especialização no mercado português, espanhol e Europa de Leste.
A adaptação, confessa, “não foi nada fácil porque saí de um país europeu onde há um tempo para as coisas serem feitas e uma exigência por parte de quem manda e na Jamaica não é nada assim, as coisas acontecem devagarinho”.
Jamaica tem uma cultura diferente dos países do Caribe de língua hispânica
Profundo conhecedor da Jamaica, aquilo para que Nuno Costa tem alertado os agentes de viagens que o têm abordado, é que “não se pode vender a Jamaica como se vende, Cuba, México ou República Dominicana – é uma cultura completamente diferente. Se o turista vai à espera da recetividade latina, ela não existe num país que culturalmente tem uma componente muito forte inglesa e outra, também muito forte, africana”.
Também ao nível da oferta, o turista vai encontrar coisas diferentes daquilo que encontra noutras ilhas das Caraíbas. “A ilha não é muito grande, é mais ou menos da dimensão do Algarve mas o que tem para ver, que é muito à base da natureza, está muito concentrado”. Assim, numa excursão de dia inteiro, o turista consegue ficar a conhecer três ou quatro locais diferentes, todos “muito à base da natureza, da selva, da montanha, das cataratas, dos rios”.
Mas trata-se também de um destino com componentes únicas: “o Bob Marley e toda a componente da música e do reggae, que é muito forte, o movimento rastafári e as aldeias dos maroons” (escravos que fugiram para as montanhas).
Quanto às praias “é importante saber a quem se está a vender. Se for alguém para quem a praia é a principal componente das férias, o sítio indicado será Negrill porque em Ocho Ríos, apesar de ter uma localização mais central, as praias são mais pequenas”.
No que toca aos preços também há diferenças: a Jamaica é um destino mais caro que outras ilhas das Caraíbas e o nosso entrevista explica: “o custo de vida na Jamaica é caro a todos os níveis, desde os bens de primeira necessidade à energia e isso encarece bastante o produto turístico, os hotéis. Diria que a Jamaica está ao nível do México mas um México médio-alto”. Também ao nível hoteleiro é preciso saber o que o cliente quer porque há unidades onde 90% dos clientes são americanos, o que não se passa tanto noutros hotéis, principalmente de cadeias europeias, onde predominam turistas do Velho Continente. Entre estes, o mercado número um é o Reino Unido, sendo que, antes da pandemia “o mercado italiano também era muito forte, com charters todo o ano”. A partir daí “é um misto, um pouco de todos os países da Europa, incluindo do Leste”.
O Turismo da Jamaica quer conquistar de novo o mercado europeu
“Há um esforço muito grande por parte do Turismo da Jamaica, que estou a representar nestes eventos em Portugal, de puxar um pouco pelo mercado europeu mas a questão dos voos é problemática porque uma coisa é ter voos diretos, outra bem diferente é ter que fazer escalas em várias cidades”. Um problema para o mercado português, até porque nem sequer há voos diretos à partida de Espanha.
A relação de Nuno Costa com o Turismo da Jamaica já vem de há anos. “Não era uma relação direta, não os representava, mas estava presente nas feiras com o meu recetivo, no stand deles. Com a pandemia houve uma restruturação completa no Turismo da Jamaica no que se refere à promoção na Europa e sabem que o mercado português reage muito bem quando há operações charter para a Jamaica”. Porque “querem colocar outra vez o nome da Jamaica no mercado português” desafiaram o nosso entrevistado a fazer a representação do destino nos eventos de promoção no nosso país, desde a BTL às convenções das redes de agências de viagens e roadshows.
Dos contactos que tem mantido em Portugal confessa-se “confiante” e mesmo “convencido” em que, no próximo ano, possa existir uma operação charter de Portugal para a Jamaica, até como alternativa aos destinos mais habituais nas Caraíbas”. Indo diretamente de Lisboa “são mais ou menos 9,5 horas de voo”, o que não tem comparação com o momento atual em que um turista português que pretenda ir à Jamaica tem que passar primeiro por vários países europeus e várias companhias aéreas: “pode ir-se por Zurique ou Frankfurt e mudar de companhia para chegar a Montego Bay. Há outras alternativas mas obrigam a dormir uma noite numa cidade europeia”.
A terminar, Nuno Costa disse-nos estar cada vez mais dividido entre a Jamaica e Portugal pelo que “este trabalho que estou a fazer para o Turismo da Jamaica é ótimo para mim porque consigo estar lá e estar cá”. E é isso que pretende continuar a fazer.