Opinião: Novo Governo “agridoce” para o turismo
Quando foi anunciada a orgânica do novo Governo, que agrupou três Secretarias de Estado – Turismo, Comércio e Serviços -, o setor sentiu a perda da autonomia e viu a situação como uma diminuição da importância na orgânica do novo Executivo.
Esta junção de Secretarias de Estado levou mesmo muitos empresários a referirem que o primeiro-ministro se tinha esquecido da importância que o turismo teve na recuperação da economia nos anos pós-troika, e não gostaram. Neste mesmo sentido, a Confederação do Turismo de Portugal, enviou um comunicado às redações dos jornais onde deixava clara a sua “deceção”, perante esta situação.
As reações também não foram as melhores quando foi conhecido o nome de António Costa e Silva para liderar o Ministério da Economia e do Mar, e muito boa gente faz questão de recordar que o agora indigitado ministro foi presidente das Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e autor do documento “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030”, onde os serviços, e particularmente o turismo, não têm grande representação.
Depois do “fel veio o mel”. No fim de semana foi publicada a lista de secretários de Estado do XXIII Governo, onde se constatou que Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, transitava para o novo Executivo, acumulando agora Comércio e Serviços. Esta era a figura que o turismo queria ver na Secretaria de Estado e isso funcionou como “um chupa-chupa na mão de uma criança”. Apreciada pelas associações pela forma como geriu a situação complicada que se viveu no turismo em tempos de pandemia, o que levou mesmo o presidente da CTP, Francisco Calheiros, em dezembro último, no congresso da APAVT, a afirmar que “temos a ideia de que os políticos anunciam dez medidas e concretizam uma. A engenheira Rita Marques anuncia uma e concretiza dez”.
Mas a orgânica do Governo que aí vem traz outra novidade, a ascensão de Mariana Vieira da Silva, ministra de Estado e da Presidência, a “número dois” do Governo, acumulando o planeamento, a coordenação política do Governo e a Administração Pública, a “super ministra” concentra ainda a gestão política do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), dotado de mais de 17 mil milhões de euros e a coordenação dos fundos comunitários, que serão executados por vários Ministérios. Mas não é por ser novidade que refiro aqui a importância desta ministra, mas sim porque é das áreas que ela dirige que vão sair os principais apoios, nomeadamente para as empresas.
Este vai ser um Governo que vai exigir do movimento associativo do setor, uma grande proatividade e um trabalho redobrado em sensibilizar vários governantes e estruturas do Estado. É neste sentido que o trabalho da secretária de Estado do Turismo também se tornará mais útil até pelo conhecimento adquirido, se bem que mais complexo dada a abrangência da sua Secretaria.
J.L.E.