Novo Convention Bureau do Centro de Portugal deverá ter sede em Coimbra, anunciou Pedro Machado
O Turisver aproveitou a presença de Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal, na apresentação do congresso da AHRESP, que aconteceu quarta feira, em Lisboa, para fazer o balanço do ano turístico naquela região e falar, também, dos efeitos dos incêndios na Serra da Estrela.
Como é que está a decorrer o ano para a região Centro, nomeadamente face às expectativas que tinham?
O ano de 2022 está a confirmar não só o processo de retoma mas em particular, em muitos casos, está mesmo a ultrapassar os números que tínhamos no nosso ano de referência que é o de 2019. Está, do ponto de vista do número total de dormidas e também do ponto de vista de valor em receitas. Neste momento a nossa preocupação está em saber se vamos ou não encerrar o ano económico de 2022 com esta tendência. Os dados que nos chegam, sobretudo as noticiam que nos chegam sobre os valores da inflação e os custos de contexto, trazem-nos grande apreensão e grande preocupação.
Ainda assim, à data de hoje, estamos a confirmar um crescimento superior àquilo que foi o ano de 2019. Em particular, na região centro, os últimos dados do INE revelam que no acumulado temos mais 100 mil dormidas do que tínhamos em 2019. Temos portanto, uma expectativa elevada mas, sublinho, com forte preocupação.
O crescimento, não apenas o que está a verificar-se este ano mas também o que se verificava antes da pandemia, em que a região Centro também já vinha a crescer muito, tem levado a novos investimentos?
Felizmente, sim, aliás recentemente vi publicado o conjunto dos novos licenciamentos e a região Centro, depois do Norte, é aquela que apresenta o maior número de pedidos de licenciamento em termos de novos equipamentos turísticos, muito em particular no que se refere ao Turismo em Espaço Rural, também algum Alojamento Local e alguns Hotéis Boutique, o que significa que estes territórios de baixa densidade ou do interior, hoje têm maior disponibilidade e predisposição para captar novos investimentos e este bom clima mantém-se. Por outro lado, unidades hoteleiras de cadeias conhecidas como a Hoti Hoteis, a Tryp, a Vila Galé, estão neste momento com projetos novos para a região Centro pelo que, de alguma forma, tem-se vindo a confirmar a tendência de que o turismo de natureza, o turismo ativo, que sai da linha dos nossos produtos turísticos mais convencionais, estão a ser fortemente competitivos e atrativos e consideramos que vão ainda nascer outros novos investimentos.
Ao nível da componente de saúde está prevista, ainda para este mês, a inauguração de um novo equipamento em Gouveia, totalmente dedicado ao turismo de saúde, o New Life Gouveia. Isto significa que também há investimentos segmentados que começam a confirmar-se no Centro de Portugal.
Anunciou há pouco a criação de um Convention Bureau, tendo falado apenas de Coimbra. Mas será para toda a região?
Claramente, será o Convention Bureau do Centro de Portugal, com uma fortíssima probabilidade de se instalar em Coimbra, até porque Coimbra tem, neste momento, o maior equipamento da região que torna possível a realização de grandes congressos e também porque Coimbra tem uma notoriedade nacional e internacional muito fortes.
Páscoa de 2023 está comprometida na Serra da Estrela
Depois da calamidade que foram os incêndios na Serra da Estrela, está feito o levantamento dos prejuízos na área do turismo?
Estamos praticamente em cima das datas. A senhora secretária de Estado do Turismo anunciou 15 dias para ser feito o relatório e o levantamento, tenho uma reunião agendada para 3 de outubro com a Comunidade Intermunicipal Beiras e Serra da Estrela para fazermos não só a confirmação do levantamento dos prejuízos mas também já a discussão e apresentação do plano de meios que vamos alocar para reabilitar a perceção e a imagem da serra da Estrela. Portanto, no dia 3 de outubro estaremos em condições de tornar públicos esses dados.
Quando se fala em reabilitar a Serra da Estrela, não pode ser daqui a cinco anos tem que ser já…
Esse é o problema que depois nos vai levar para outras agendas, nomeadamente o do ciclo da água que é extraordinariamente crítico na Serra da Estrela – as alterações climáticas, a seca que Portugal está a viver, a falta de água associada ao aumento de custos que alguns municípios estão a levar a efeito, são preocupações -, também o ciclo da floresta e em particular o processo de reflorestação que está a acontecer na região – algumas unidades hoteleiras estão a triturar detritos e a plantar plantas de crescimento rápido para que no final do próximo inverno possamos ter já um coberto vegetal que permita, pelo menos, mitigar a perceção que temos hoje.
Apesar disto, há uma realidade que não podemos escamotear: a Páscoa de 2023, para nós, está comprometida porque os hotéis no perímetro da área ardida da Serra da Estrela, que vivem essencialmente da natureza, não vão ter natureza disponível para poderem apresentar e vender. Ou seja, até à Páscoa de 2023 há um período longo que é preciso calcular e ressarcir os empresários.