No Inverno nos Açores “pode fazer-se tudo à exceção de tomar banhos de sol” afirma Catarina Cymbron
Os Açores estão a recuperar bem dos dois anos de pandemia. Esta foi a opinião transmitida ao Turisver por Catarina Cymbron, diretora da Melo Travel, uma das mais antigas agências de viagens de incoming dos Açores e pioneira na oferta de experiências de natureza.
“Pode dizer-se que os Açores começaram a ter uma boa recuperação logo a partir do segundo semestre de 2020” e embora os fluxos turísticos tivessem baixado durante o inverno, a recuperação foi retomada em 2021”. Este ano, a retoma está a decorrer a um ritmo superior já que “temos mais ligações diretas, o que faz com que tenhamos mais lugares disponíveis de avião”.
Por outro lado, explica Catarina Cymbron, “sendo os Açores ainda um destino pouco conhecido na Europa, mas sento também um destino reconhecidamente seguro e próximo, os turistas quiseram descobri-lo”.
Apesar de a Melo Travel trabalhar basicamente com mercados internacionais, a responsável reconhece que em 2020-2021 “notou-se que havia muito mercado nacional e menos internacional porque muitos destinos ainda estavam fechados e o turista nacional veio redescobrir os Açores”. Já este ano, as coisas estão mais divididas porque “já há muito mais turistas internacional”.
A retoma turística está, segundo Catarina Cymbron, a acontecer em todas as ilhas, sendo até “mais acentuado em outras ilhas que não a de São Miguel porque a maior parte das pessoas que vêm aos Açores não se fixam numa única ilha, normalmente vêm fazer um circuito e como São Miguel é a ilha mais conhecida, a preferência agora é conhecer as outras”. Isto faz com que haja “uma boa distribuição de turistas por todas as ilhas”.
No que toca à Melo Travel, a responsável afirma notar-se “um crescimento bastante grande do mercado francês, um mercado em que há alguns anos fazíamos muita promoção mas que, como não havia voos diretos, acabavam por não vir muitos turistas”, isto apesar de reconhecer que “houve sempre um crescimento deste mercado” mas gora “com os voos diretos da Transavia e da SATA, o mercado francês deu um salto”. Outro mercado que está a ter importância é o mercado italiano que “surpreendentemente, disparou durante a pandemia, mesmo sem haver voos diretos e que este ano continua com força”. Os mercados do Benelux e o americano também estão a crescer na Melo Travel, levando Catarina Cymbron a resumir que “já voltámos a ter de tudo um pouco”.
Receber o Congresso da APAVT nos Açores é sempre um orgulho para os agentes de viagens açorianos
Receber o congresso da APAVT nos Açores é sempre motivo de orgulho e satisfação para os agentes de viagens açorianos, mais ainda para Catarina Cymbron, que é delegada da Associação nos Açores e secretária da mesa da Assembleia Geral. “Para nós é sempre muito bom, desde logo pela importância do congresso no âmbito da atividade turística em Portugal, depois porque é sempre mais uma oportunidade para darmos a conhecer, de forma direta, a nossa região, os nossos serviços, as nossas infraestruturas para a organização de eventos de larga dimensão e isso para mim é um orgulho”.
Para acolher eventos de grande dimensão, a ilha de São Miguel dispõe do Teatro Micaelense e, a diretora da Melo Travel diz que “para já” não se tem sentido a necessidade de haver outra infraestrutura para este tipo de eventos. “Até este momento, o Teatro Micaelense consegue colmatar as necessidades” além de que “é um edifício muito bonito”.
Dada a dimensão do congresso da APAVT, São Miguel continua a ser a ilha açoriana que dispõe de melhores condições para a sua realização mas Catarina Cymbron defende que as outras ilhas “acabam sempre por beneficiar” do congresso. “Qualquer ilha que receba qualquer tipo de evento, de maior ou menor dimensão, beneficia sempre as outras ilhas porque fica sempre nos congressistas a vontade de conhecer as outras ilhas, se não o fizerem logo num pré ou pós congresso, principalmente se for a primeira vez que vêm aos Açores”.
Sobre os entraves que ainda hoje se colocam à operação turística nos Açores, a responsável diz que se colocam mais ao nível do “equilíbrio entre voos, hotelaria, serviços e restauração uma vez que, em picos de procura, ainda se nota que há um défice. Hoje, com a falta de trabalhadores, o que não acontece apenas nos Açores, nota-se que a qualidade do serviço não é aquilo que desejaríamos, mas este é um mal transversal”. Por isso defende que “se a sazonalidade se esbatesse mais, seria benéfico para todos e é neste sentido que temos que trabalhar, tentando mostrar que os Açores também são um destino de inverno e que, ao nível de grupos, incentivos e eventos, tudo se pode fazer fora da época alta”.
No Inverno, nos Açores, afirma, “pode fazer-se tudo à exceção de tomar banhos de sol, mas também não somos um destino de praia”, por isso frisa que “para andar a pé, fazer caminhadas, que é uma das atividades que atrai muitos turistas aos Açores, é preferível o inverno porque no verão faz muito calor”. Daí que defenda que “o importante é assegurarmos que os serviços fiquem abertos no inverno”.
No que toca a perspetivas para este ano na Melo Travel, “ainda é um pouco cedo para sabermos se vamos atingir ou não os resultados de 2019” ainda assim acredita que “quase de certeza que vamos até passar os resultados de 2019”.