Natalie Lopes da Viagens 4 Seasons reviu Natal e Pipa vinte anos depois e fala das diferenças que encontrou
Vinte anos depois, para Natalie Lopes, é Pipa que mais ganha na comparação, embora a hotelaria de Natal também apresente diferenças. Pelo que oferece, o destino continua a valer a pena mas teria muito a ganhar se voltasse a haver operações charter como havia há duas décadas. Sem elas, o produto encarece e o Brasil fica em perda face às Caraíbas.
Por: Fernando Borges
Esta não é a sua primeira vez em Natal e Pipa. Agora que estamos a chegar ao fim desta viagem, quais as maiores diferenças que encontrou face a visitas passadas?
Eu estive cá há 20 anos, numa viagem de férias, de lua de mel, e nessa altura fiz um combinado de Natal e Pipa, exatamente aquilo que fizemos agora, e voltar 20 anos depois foi encontrar, no caso de Natal, diferenças significativas na oferta hoteleira. Ou seja, há hotéis que foram adquiridos por outras cadeias, nomeadamente o Parque da Costeira, que deixou de existir para agora pertencer ao grupo do Ocean Palace, e apareceram outros hotéis que não existiam na altura. Tirando este aspeto não notei grandes diferenças.
Já em Pipa sim, encontrei grandes diferenças. Tinha vindo numa altura em que havia muito comércio noturno, mas em que as bancas eram colocadas no chão, e neste momento essas bancas passaram a ser lojas permanentes na rua principal. Na realidade Pipa evoluiu imenso, não só em termos de comércio mas também em termos de infraestruturas hoteleiras. Passou a haver uma enorme panóplia de oferta que não existia na altura, como o aparecimento de imensas pousadas, e um grande número de restaurantes que fazem com que se possa escolher comer o que se quiser porque há sempre um restaurante onde encontramos o que nos apetece e onde podemos escutar o tipo de música que quisermos. Direi mesmo que é incrível a oferta que Pipa passou a ter. E também passou a ser ainda mais cosmopolita do que já era.
Do que vivenciou agora o que é que vai levar consigo que possa utilizar para influenciar os seus clientes a optarem por este destino?
O que vou levar é Pipa. Sem dúvida que nós temos que nos focar mais em Pipa porque Natal não deixa de ser uma cidade “industrial”, com uma praia que não é de todo brilhante, muito devido à situação do avanço do mar, e o turista português que procura praia quer que ela ofereça um tranquilo relaxamento, que é o que encontramos aqui em Pipa. Por isso irei focar-me muito em Pipa. E isso é importante, se bem que tenhamos uma hotelaria também incrível em Natal, com tudo incluído, o combinado é uma boa opção. E é nisso que vou igualmente focar-me porque vale a pena.
E dos hotéis que visitámos quais acha que se enquadram mais no gosto dos portugueses e que por isso sejam mais fáceis de vender?
Para os portugueses há dois hotéis que destaco em Natal; o Serhs e o Wish. São hotéis de categoria superior, que vão mais ao encontro do cliente europeu.
Visitámos um hotel de um grupo português, o Vila Galé Touros. Que importância tem para o agente de viagens haver uma marca nacional nesta região do Rio Grande do Norte?
A marca Vila Galé é uma segurança para os portugueses, e há muitos que já os conhecem em Portugal e sabem que indo para um Vila Galé irão encontrar qualidade. E como é muito standard, os portugueses acabam por se sentir mais confortáveis, e até nós, agentes de viagens, conseguimos vender com muito mais facilidade um serviço em tudo incluído. Esse é também um hotel que podemos referenciar aos nossos clientes, mas terá que ser sobretudo a um cliente que basicamente queira fazer vida de resort, porque se eventualmente quiser outras opções, como passeios, sair à noite ou de dia, conhecer a região, sem dúvida que Touros está um pouco mais afastado. E esta situação leva a uma outra questão, que são as estradas, que continuam a ser tão más como eram há 20 anos.
“Quando propomos o Brasil ou as Caraíbas, o cliente vai sempre optar pelas Caraíbas, porque a diferença de preços é muito discrepante, e para o cliente português esse fator é muito importante na hora de tomar decisões”
Pensa que é justa a relação preço/qualidade de umas férias em Natal e Pipa?
Eu acho que o que encarece são mesmo os voos. Nós há 20 anos atínhamos os charters, e o facto de agora apenas termos linha regular faz com que este destino fique um bocadinho em segundo plano. E isto porquê? Porque quando o cliente nos procura e diz querer um destino de praia com tudo incluído nós questionamos logo qual seria o budget que teria disponível para esta viagem. E quando propomos o Brasil ou as Caraíbas, o cliente vai sempre optar pelas Caraíbas, porque a diferença de preços é muito discrepante, e o para o cliente português esse fator é muito importante na hora de tomar decisões. Seria mesmo muito importante para todos, porque se iria vender muito mais, começar a haver uma operação charter para este destino.
E entre as excursões/opcionais que fez, quais vai aconselhar aos seus clientes?
Em Natal as dunas de Genipabu, onde foi filmada a novela “Tieta”, e aqui tem que ser um full-day porque é um tour muito intenso, muito completo. Passamos por várias praias, temos a experiência dos buggies nas dunas, a Lagoa de Pitangui…. Aqui em Pipa a Lagoa da Coca-Cola, a Praia do Amor, a dos Golfinhos, a Barra do Cunhaú, o Chapadão… E claro que é obrigatório vivenciar as experiências oferecidas pelos passeios em buggy, num jeep 4×4 ou numa jangada. Há tanta coisa fantástica para ver e fazer… Uma pessoa que venha para aqui pode contar que tem uma oferta diferente todos os dias.
O Turisver viajou para Natal e Pipa a convite da Soltrópico