Na Nortravel “temos uma excelente relação com todas as redes de distribuição” afirma Nuno Aleixo

Embora sem atingir ainda os resultados da pré-pandemia, 2022 foi o ano do “início da retoma” para a Nortravel que espera, em 2023, superar os números de 2019, avançou ao Turisver o diretor-geral do operador, Nuno Aleixo, que acumula agora este cargo com novas funções dentro do grupo Ávoris em Portugal.
Com a restruturação na Ávoris, as suas funções também sofreram alterações, não no que já fazia, ou seja, enquanto diretor-geral da Nortravel, mas porque acumulou estas com novas funções, não é assim?
Para além de continuar com a direção-geral da Nortravel, que é, em Portugal, o operador do Grupo Ávoris com maior expressão e com maior dimensão e variedade de produto, agora passou também para a minha alçada a parte do produto em Portugal, não em termos da sua criação mas sim do apoio à Jolidey e à Travelplan e também algum apoio aos colegas da Catai, mais ao nível de voos à partida do nosso país. Não sendo nós, aqui em Portugal, os estrategas do produto seremos, no entanto, as pessoas mais indicadas para poder estruturar o produto para ser apresentado ao mercado português.
A nossa experiência ao longo dos últimos anos, com a integração da Nortravel desde 2018 nos sistemas Ávoris e em toda a estrutura do grupo, foi realmente um sucesso e vamos tirar partido disso para as outras marcas, porque consideramos que as competências do sistema no mercado espanhol são realmente fantásticas, só que depois há especificidades para o mercado português que a Nortravel já conseguiu desenvolver e, obviamente, que as outras marcas aqui em Portugal irão também poder fazê-lo. Será, nesse sentido, mais uma ligação direta com o Javier Castillo, para podermos definir uma série de produtos, a forma da comercialização, da distribuição e penso que será uma mais-valia para todo o grupo o facto de podermos apoiar as outras marcas.
Quando se dão fusões ou aquisições na área da distribuição, por vezes as integrações dos sistemas são, por vezes, processos demorados…
Em 2018, quando integrámos a Nortravel, foi só em 2019 que começámos a fazer integrações dos sistemas. É, realmente, um processo muito moroso e é um processo onde reside a nossa maior dificuldade quando ele não funciona bem. Isso para nós é essencial e temos notado que, passado este ano, desde 2021 até agora, já começámos a sentir as marcas da Globalia integradas dentro das marcas que eram do Grupo Ávoris e isto é uma mais-valia porque o sistema está a estabilizar.
No princípio, não vou negar que houve muitas dificuldades para ajustar o sistema mas podemos garantir que em 2023 vamos ter um sistema conjunto de todas as marcas, onde o agente de viagens vai conseguir ter uma linha de raciocínio idêntica em todas as marcas, apesar de cada marca manter as suas características, mas vai ser uma navegação fácil e um procedimento relativamente simples. Este é um dos maiores desafios que temos, para consolidar todo o trabalho que fomos fazendo desde 2019. Em 2022 o sistema já esteve muito mais estável e em 2023 estará totalmente estabilizado.
Mas vão continuar com sites independentes?
Os sites serão sempre independentes, as plataformas é que não. As duas únicas empresas que ainda estão um pouco fora disso são a Catai e a LePlan, devido à especificidade dos seus produtos.
2022 começou com pandemia mas tornou-se um bom ano
Como é que foi o ano de 2022 para a Nortravel?
No primeiro trimestre, com o aparecimento da Covid com uma força maior, estávamos muito apreensivos e tivemos alguma cautela no produto que disponibilizámos para o verão, o que fez com que não colocássemos no mercado todo o produto que tínhamos em 2019. Felizmente, a partir de meados de março, o mercado começou a reagir muito melhor e houve um “boom” de procura que nos levou a reforçar alguns dos destinos, para além dos produtos que tínhamos já previsto para 2022.
A Nortravel é muito conhecida pelas características de qualidade dos seus circuitos, de viagens acompanhadas na Europa, e não só, pela muita força que tem nas ilhas portuguesas, Madeira e Açores e a pandemia levou-nos a fazer um novo produto que foram os circuitos em Portugal, onde a “Nacional 2” foi o de maior destaque e ainda é hoje em dia. Em abril, quando já se começam a vender bem os circuitos e outros produtos, já não conseguimos repor produto tão rapidamente como gostaríamos. Por outro lado, programámos mais produto em charter e o caso de Cabo Verde foi um sucesso muito grande. Os Açores tiveram uma retoma muito rápida, mas aí estávamos muito bem estruturados, tal como para a Madeira.
No primeiro trimestre estávamos muito pessimistas relativamente aos circuitos na Europa mas veio a ser uma agradável surpresa, mesmo com os preços elevados que a Europa teve. A Europa está com preços muito elevados no alojamento e dadas as características do produto da Nortravel, que assenta em hotéis de quatro estrelas o mais centrais possível, que é onde os maiores aumentos de preços estão a acontecer, os serviços tiveram os seus preços inflacionados.
Portanto, 2022 foi um ano com “para-arranca” mas a partir de abril arrancámos bem, embora não tivéssemos chegado aos valores de 2019, aliás já tínhamos previsto que não iriamos chegar aos números de 2019, mas foi um ano melhor do que aquilo que estávamos à espera. Nós colocámos a estrutura preparada para aquilo que tínhamos feito para 2022 e, por isso, não podemos ainda dizer que foi o ano da retoma completa mas já foi o princípio da retoma. Em 2023, seguramente, já iremos ter números que ultrapassem os de 2019, esse é o nosso objetivo.
As apostas que fizeram em charter incidiram em Cabo Verde e Tunísia?
Fizemos Cabo Verde e Tunísia, aliás a Tunísia já era uma continuidade de uma pool que tínhamos no passado com a marca Jade e em 2022 distribuímos o produto com as marcas Nortravel e Travelplan.
“(…) acabou a empresa Jade e toda a sua estrutura foi integrada na Nortravel enquanto empresa, e depois acabámos com a marca comercial Jade. O primeiro passo já foi dado quando ainda não tinha existido a fusão entre o Grupo Ávoris e o Grupo Globalia. Hoje em dia, a equipa continua na Nortravel, alguns dos produtos fora descontinuados e outros fora integrados e reforçados, como aconteceu com a Tunísia e também com o Egito”
Marca Jade que acabou?
Acabou, primeiro acabou a empresa Jade e toda a sua estrutura foi integrada na Nortravel enquanto empresa, e depois acabámos com a marca comercial Jade. O primeiro passo já foi dado quando ainda não tinha existido a fusão entre o Grupo Ávoris e o Grupo Globalia. Hoje em dia, a equipa continua na Nortravel, alguns dos produtos foram descontinuados e outros foram integrados e reforçados, como aconteceu com a Tunísia e também com o Egito – este ano fizemos um charter para o Cairo com cruzeiro no Nilo. No fundo, diminuímos o número de destinos mas aumentámos a oferta para os destinos em que apostámos.
O Egito foi programado em charter partilhado com a Travelplan?
Foi e a Catai também teve alguns produtos. A Tunísia também foi partilhada com a Travelplan e Cabo Verde foi partilhado com a Jolidey, ou seja, já começamos a ver mais uma situação de interação entre as marcas do grupo porque o importante é termos sucesso nas operações.
Mencionou há pouco os preços da hotelaria e dos serviços na Europa mas nas nossas ilhas não ficaram muito atrás em termos de aumento de preços. Como é que estão a olhar para esta situação?
Em relação a 2022, ainda não sentimos totalmente os aumentos de preços porque a contratação foi feita o ano passado. Em 2021 tínhamos feito uma boa operação para os Açores e para a Madeira, embora neste caso não tão boa quanto para os Açores, e isso permitiu-nos contratar com bons valores para 2022. Claro que quando começámos a pensar em grupos extra os preços já foram totalmente distintos, mesmo na aviação mas, principalmente, no terrestre, e não só na hotelaria mas em serviços como a restauração e transporte de autocarros, que já começam a ter bastante peso no custo dos produtos.
Devido à contratação ter sido feita em 2021 não sentimos tanto a questão do aumento de preços embora possa dizer, para se ter uma melhor noção daquilo de que falamos, que o Circuito Açoriano em 2018/2019 era vendido a uma média de 1.200€ por pessoa e em 2022 estava perto dos 1.400€, o que já é um crescimento acentuado.
O nosso drama, e isso já estamos a sentir bastante, é 2023 e muitas vezes nem é tanto o mercado nacional mas sim a questão dos mercados internacionais – antigamente sentia-se mais na Madeira mas agora já se sente bastante nos Açores.
O que é que destacaria como sendo o sucesso Nortravel em 2022, em termos de produto?
Claramente, foram as ilhas portuguesas e principalmente os Açores. A Madeira também correu muito bem mas não tínhamos mais espaço, nem nos aviões nem na hotelaria. Outra das boas surpresas foi a consolidação de Cabo Verde, que já é uma aposta nossa desde 2016, ano em que, pela primeira vez, fizemos um charter para a ilha da Boavista. A Tunísia também foi uma agradável surpresa, tanto Djerba como Monastir, que operávamos dentro de uma pool, com a Nouvelair, mas em 2023 vamos operar sozinhos.
Nortravel tem excelente relação com as agências de viagens
Em termos da relação da Nortravel com o mercado, o que é que têm estado a fazer? Há novidades no relacionamento com o agente de viagens ou a fórmula de sucesso que têm tido é para manter?
É exatamente como diz, temos uma fórmula de sucesso e em equipa que ganha não se mexe. Nós temos uma excelente relação com todas as redes de distribuição, eles conhecem bem as características da Nortravel, sabem bem, em termos comerciais, quer seja na estruturação de produto, quer seja na comercialização do produto, quer seja no pós- venda das viagens, com o que contam da parte da Nortravel e até agora não temos tido nenhuma necessidade de fazer reajustamentos, porque temos um forte entendimento e uma boa distribuição com todos os parceiros.
Não há uma única exceção em termos deste bom relacionamento, porque nós jogamos aberto, todos sabem que condições máximas podemos dar, em que condições é que a Nortravel está disposta a apoiar e também em termos de algum apoio que possamos dar às redes para promoverem melhor os nossos produtos, dar maior suporte com formações, com comunicação. Temos vindo a fazer tudo isto desde há muitos anos e vamos continuar a fazer, a menos que houvesse uma grande alteração no mercado e as características da distribuição mudassem drasticamente – aí teríamos que nos reposicionar -, mas não vejo que haja qualquer problema, pelo contrário, há parcerias excelentes.
A Nortravel vai ter, como é habitual, a apresentação da sua programação de forma independente?
Ainda não fechámos essa situação mas é nossa intenção fazer isso. Obviamente, teremos sempre a presença de outras marcas mas será sempre a situação a que já acostumámos o mercado. Aliás, com a quantidade de produto que nós vamos retomar, com as novidades que vamos colocar no mercado, inevitavelmente teremos que ter um tempo só para nós. Se misturarmos tudo, ninguém vai perceber nada.
Na quinta feira, no Turisver.pt, pode ler a segunda parte da entrevista a Nuno Aleixo, diretor-geral da Nortravel onde são abordados, entre outros temas:
- Programação geral da Nortravel para 2023
- Novidades Nortravel em charter
- Programação da Jolidey e Travelplan para 2023