Na Les Roches o objetivo é que “o aluno chegue ao seu potencial máximo dentro deste setor” afirma Mano Soler
Mano Soler, diretor-geral da Les Roches Marbella, esteve no congresso da ADHP onde foi falar sobre as novas tendências do talento na hospitalidade. À margem do evento, o Turisver falou com o responsável do campus de Marbella para saber quais as novas tendências do turismo que estão a ser incorporadas nos cursos das Les Roches e da adesão dos alunos portugueses a esta escola de hospitality, entre outros temas.
A Les Roches, e mais concretamente o campus de Marbella, já se restabeleceu completamente do período da pandemia?
O período da pandemia foi um momento muito difícil para a Les Roches de Marbella – como foi para todos – mas também o vimos com uma oportunidade. Por exemplo, em plena crise pandémica aproveitámos para reforçar os nossos cursos de Gestão de Crises, o que ajudou muito a escola a ser muito mais ágil, ao nível da formação e dos programas e também no entendimento do que era as necessidades dos alunos. Isto ajudou a que tivéssemos um momento muito bom de crescimento e a que recuperássemos muito bem. Posso dizer que o ano de 2022 foi um ano recorde para a Les Roches.
Quando diz que foi um ano recorde refere-se ao número de alunos?
Sim, sobretudo ao número de alunos. Por exemplo, em setembro, pela primeira vez na história da Les Roches, tivemos mais de mil alunos presenciais por semestre. Foi também um ano muito importante para a Les Roches porque inaugurámos uma nova residência para alunos, com 220 camas.
Os vossos alunos são principalmente internacionais ou são espanhóis?
Um dos valores mais importantes da Les Roches reside no facto de a maioria dos nossos alunos ser internacional, aliás só 25% são espanhóis, e há também um elevado número de alunos portugueses. O ano passado tivemos alunos de 93 nacionalidades – portugueses foram 45 mas no que se refere apenas a novos alunos – e esta internacionalização é uma das mais-valias que temos.
Alunos portugueses integram-se muito bem na Les Roches
O número de alunos portugueses tem aumentado?
Tem, o nosso objetivo é sempre aumentar estes números e tem havido muita procura. Cada vez mais há a tendência para se investir na formação, os próprios diretores hoteleiros têm cada vez mais interesse nisso e essa mentalidade tem ajudado a que os números aumentem.
Como é que o aluno português se adapta a uma escola que tem alunos de 93 nacionalidades?
Na minha opinião, o aluno português tem um perfil que é já muito internacional, fala muito bem inglês e essa é uma vantagem competitiva relativamente a alunos de outros países. Isso ajuda muito a que tenha uma boa integração e a própria maneira de ser dos portugueses, que são muito hospitaleiros também torna a adaptação mais fácil. Mais do que adaptarem-se bem, os alunos portugueses são também protagonistas e isso é muito bom para a escola.
Que tipo de cursos são mais procurados pelos alunos portugueses?
Principalmente o bacharelato, que é um programa de três anos e meio para todos os alunos que estão a terminar o liceu e buscam uma carreira em hospitality mas o que está a crescer muito agora são os programas de pós-graduação executiva que são programas direcionados para quem já está a trabalhar mas quer continuar com a sua formação. Este é um programa muito interessante, sobretudo para os diretores de hotéis, porque permite uma formação contínua mas muito flexível e também porque o programa possibilita uma importante rede de networking entre profissionais já que são praticamente todos diretores de hotéis dos mais diversos países.
Esta pós-graduação é presencial ou mista?
É mista. É importante que tenhamos esta flexibilidade, atendendo a que a pós-graduação executiva se direciona a profissionais que já estão no mercado de trabalho. Trata-se de um modelo a que chamamos híbrido, que tem uma parte online e inclui quatro semanas presenciais, no campus, em vários momentos do ano porque entendemos que os momentos presenciais com todos os candidatos são muito positivos para os alunos.
Evolução do turismo leva à introdução de novas áreas na formação
O turismo está em evolução permanente, o que obriga a que também os cursos tenham que ser atualizados. O que é que têm introduzido de novo?
O tema que está hoje mais arreigado na mente de todos é o da sustentabilidade, que é um foco importante, mas há outro igualmente importante que deriva também dos tempos que atravessamos que é a gestão das pessoas. Outra especialização que estamos a lançar é a da gestão do luxo.
Quem queira fazer essa especialização no luxo o que é vai poder encontrar no curso?
Sobretudo o entendimento daquilo que o cliente deseja, o entendimento do que é a personalização do serviço e daquelas que são as necessidades do turismo de alto impacto.
O turismo de luxo na perspetiva desse curso, pode ter assento em qualquer destino?
Uma das particularidades da Les Roches é que temos um campus em Marbella e outro em Crans Montana, na Suíça duas localizações muito estratégicas porque uma é um destino de luxo mais virado para o sol e praia a outra é uma estância de ski de luxo e para nós, a Les Roches não é apenas a área académica mas também a experiência que se vive – e que melhor sítio para apreender sobre turismo de luxo do que estar numa zona de luxo? Tudo o que acrescentamos à experiência académica é muito importante.
Como é que se capta um aluno para o turismo quando ele acaba o liceu? A quem é que compete fazer isso?
Esse foi um tema que considero muito importante e que abordei no congresso da ADHP. Estamos num momento crucial para reforçar a beleza da indústria do turismo e da hospitalidade e esse é um trabalho que compete a todos nós, tem que ser um esforço partilhado por todos os que trabalham no turismo. O facto de estarmos a atravessar um momento em que existe falta de meios humanos, de talento, deve levar-nos a um esforço maior nesse sentido.
No que nos diz diretamente respeito, estamos a trabalhar no sentido de pormos a reputação da Les Roches no top of mind das pessoas, demonstrando que não se trata apenas cursos de turismo mas sim de uma carreira para a vida. Um ponto diferenciador da Les Roches é que, através do turismo, podemos proporcionar uma mudança de vida, tornar realidade o sonho de desenvolvimento das pessoas. O que a Les Roches oferece não é só um título académico em turismo mas sim que o aluno chegue ao seu potencial máximo dentro deste setor.
Para nós, o conceito de hospitalidade é muito simples, é fazer as pessoas felizes e na Les Roches profissionalizamos as pessoas no sentido de tornarem os seus clientes felizes.
A Les Roches tem inovado e olhado para o futuro, nesse sentido tem realizado um evento relevante o SUTUS. Que outras iniciativas têm levado a cabo?
Na Les Roches não nos limitamos a formar as pessoas em hospitality, preparamos os nossos alunos para pensarem novos modelos de negócio, novos conceitos, até porque enquanto escola somos considerados um pouco disruptivos.
O ano passado, em Marbella, realizámos já a 3ª edição da SUTUS, uma cimeira sobre turismo espacial e subaquático, que este ano vai dividir-se pelos nossos dois campus, sendo parte em Marbella e outra parte em Crans Montana. Porque se trata de um evento em que se fala do turismo espacial e em turismo subaquático, trazemos desde engenheiros da NASA, das estações espaciais europeias e do Japão, da Universidade Internacional do Espaço, da Sociedade de Turismo Espacial, entre outras. Na edição do ano passado tivemos até a apresentação daquele que será o primeiro hotel no espaço, que já está a ser construído e vai abrir em 2027. Em termos do turismo subaquático tivemos connosco o filho do Jacques Cousteau que tem uma base no fundo do mar para observação. Este ano estamos a tentar confirmar a presença da Associação Espacial de Portugal.
Com tudo isto o que pretendemos é mostrar aos nossos alunos aquilo que são os novos modelos de turismo e hospitalidade que vão surgir num futuro próximo – é prepará-los para o futuro.
Também nesta linha da disrupção, da inovação e da experiência do cliente do futuro, somos a primeira escola, creio eu que a nível mundial, que tem um sistema de carsharing para os alunos que funciona através de uma app. Ou seja, além da inovação somos também um exemplo no que se refere às soluções de mobilidade em sítios turísticos de alto impacto e um exemplo ao nível de sustentabilidade porque calculamos o nível de CO2 que deixamos de emitir pelo facto de os nossos alunos se deslocarem em veículos elétricos, o que é um projeto único em termos das escolas.