Na Golegã: Grupo Vila Galé investe 20 M€ para transformar Quinta da Cardiga em resort de campo de 4 estrelas
O Grupo Vila Galé apresentou na sexta-feira o projeto que vai transformar a Quinta da Cardiga, na Golegã, num resort de campo ligado à tradição equestre, que integrará um hotel de 4 estrelas com 116 quartos e equipamentos vários. A quinta foi concessionada ao grupo hoteleiro por 50 anos, renováveis por mais 50.
Por: Fernando Borges
A Vila Galé vai investir cerca de 20 milhões na reabilitação da Quinta da Cardiga, na Golegã, onde surgirá o hotel Vila Galé Collection Tejo – Country Resort Hotel Convention, Spa & Equestrian Sports, que terá como tema a história da Ordem dos Templários e da Ordem de Cristo.
Um investimento de 20 milhões que para já está em aberto e poderá vir a ser ultrapassado porque, como explicou o presidente do Grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, na apresentação do projeto realizada na sexta-feira, 8 de Novembro, na Quinta da Cardiga, na Golegã, “estas recuperações nunca dá [para respeitar os orçamentos], porque vão surgindo surpresas. E há uma outra coisa que eu aconselho que não deva entrar nas obras, mas que neste tipo de obra entra, que é o já agora. Já agora podemos fazer mais isto, já agora aquilo, já agora… e depois chega-se ao fim e o orçamento já foi”.
Enaltecendo a história do local, o futuro Vila Galé Collection Tejo, cujos trabalhos deverão começar no 2º trimestre de 2025, vai ser desenvolvido em duas fases.
A primeira fase será dedicada à recuperação do núcleo principal do empreendimento, composto pelo Palácio – preservando-se os seus amplos salões, cúpulas e abóbadas seculares, bem como os múltiplos painéis de azulejos e estatuária –, Lagar e Celeiro. Mas também dos antigos edifícios das cocheiras, do picadeiro, de forma a poder receber competições oficiais, e da capela, decorada com azulejaria de padrão e retábulo de pedra na capela-mor com alto relevo da Nossa Senhora da Misericórdia.
Nesta fase vão estar integrados 71 quartos, receção, bar panorâmico, restaurante, spa com piscina interior, salas de massagens e ginásio, piscinas exteriores para adultos, zona de lazer para crianças e campos de futebol, padel e polidesportivo, picadeiros externo e coberto e cocheiras.
No edifício principal, onde pode ser visitado o quarto modelo, vão ficar 21 dos 71 quartos previstos para esta fase, com Jorge Rebelo de Almeida, a explicar que o quarto modelo vai servir para todos os 21 quartos do edifício principal onde “podíamos ter feito mais quartos mas quisemos que as áreas do piso térreo fossem todas áreas de serviço para restaurantes”.
“Nós temos que criar aqui condições para atrair gente para ficar cá e para ir também depois visitar as redondezas” Por isso, “vamos ter aqui dois restaurantes [Versátil e Inevitável}, vamos ter bar e vamos ter animação”, avançou.
Esta primeira fase, que se iniciará no segundo trimestre do próximo ano, deverá estar concluída em junho de 2026, desde que não haja demora na aprovação do projeto e necessários licenciamentos, disse Jorge Rebelo de Almeida
Já a segunda fase, que decorrerá em 2027, será dedicada ao conjunto de edifícios a norte da Quinta da Cardiga, também desativados e em ruínas. Ali, surgirão mais 45 quartos e um grande salão de eventos com capacidade para 800 pessoas.
“Queremos fazer aqui um hotel de grande qualidade, que permita atrair mais turistas e visitantes para a região. Será um resort de campo que, como não podia deixar de ser, estará muito ligado à tradição equestre. Mas também homenageará o valor histórico do Palácio e de toda a propriedade, tirando partido da sua localização e da beleza das paisagens que rodeiam”, antecipa o presidente da Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, que considerou que um dos ex-libris do local será o amplo jardim com vista para o Tejo.
“Trata-se de mais um projeto de recuperação de património e, mais uma vez, no interior do país, porque queremos cada vez mais contribuir para o seu desenvolvimento, até para aliviar a carga turística que existe no litoral”, sublinha.
A abertura desta unidade de 4 estrelas, que criará 40 postos de trabalho na 1ª fase, está prevista para junho de 2026 se a aprovação e licenciamento for favorável até ao fim do 1º trimestre de 2025.
Relativamente aos mercados que o Grupo Vila Galé vai tentar atrair para esta unidade, o presidente do Grupo afirmou que “são todos (…) um produto destes vai buscar em todos os mercados”. Ainda assim, avançou que, para atrair turistas internacionais fora da época alta, os mercados “mais interessantes”, serão o americano e o brasileiro, tendo acrescentado que “há um mercado que tem andado arredado em Portugal, mas que a gente tem que correr atrás deles, que são os espanhóis. Os espanhóis reduziram alguma ocupação em Portugal, mas acho que podem regressar. Se calhar temos é que voltar a apostar em captar mais mercado espanhol”, defendeu.
Quinta da Cardiga
Classificada como imóvel de interesse público desde 1952, a Quinta da Cardiga soma vários séculos de História. Em 1169, estas terras foram doadas por D. Afonso Henriques aos Templários, que ali ergueram um castelo integrado no sistema defensivo do Médio Tejo, do qual fazem também parte Almourol, Ceras e Zêzere.
Com a extinção da Ordem Templária, a Quinta é entregue à Ordem de Cristo. Posteriormente, no século XVI, durante o reinado de D. João III, transforma-se numa propriedade de veraneio, de cariz apalaçado, graças à intervenção do arquiteto João Castilho (que também assinou a ampliação do Convento de Cristo, em Tomar). As novas construções, incluindo áreas habitacionais, claustros, pátios e produção agrícola, tiveram por base o castelo templário medieval, de que subsiste a torre de menagem. A partir de então, por aqui passou muita da nobreza e burguesia portuguesas, até que, após a revolução liberal e extinção das ordens religiosas, em 1836, a Quinta da Cardiga foi vendida em hasta pública por 200 contos de reis. A partir de então, teve sucessivos proprietários privados até ao seu declínio e abandono a partir da 2ª metade do século passado.
Fotos: ©Fernando Borges