Na Alegretur “perspetivas para 2024 são ainda muito intranquilas”, admite Isaac Assor
Agência de viagens e turismo especializada em turismo religioso e histórico, particularmente no destino Israel, a Alegretur sofreu uma onda de cancelamentos a partir do momento em que começou a guerra entre Israel e o Hamas, como disse ao Turisver o seu diretor, Isaac Assor, na FITUR.
O Isaac é o grande especialista do destino Israel em Portugal…
Nós temos sido, ao longo dos anos, uma das maiores agências a transportar turistas portugueses para Israel como também a receber o mercado israelita em Portugal, em particular nos últimos anos.
Face à atual situação geopolítica, estará agora a sentir uma grande quebra no negócio?
Desde o dia 7 de outubro que tudo o que eram grupos que estavam programados, tanto para Israel Terra Santa como de Israel para Portugal, tanto ao nível do mercado de leisure como ao nível dos incentivos, foram cancelados. Para ser mais preciso, posso dizer que desde 7 de outubro até ao final de dezembro do ano passado tivemos cerca de 40 grupos cancelados. Além disso, as perspetivas para 2024 são ainda muito intranquilas, tanto mais que tínhamos grupos de peregrinação marcados para Israel que já cancelaram.
A Alegretur também trabalha outros destinos naquela região?
Trabalhamos a Jordânia e o Egito, depois um pouco mais fora daquela zona trabalhamos a Turquia e posso dizer que são destinos que também estão completamente a zero neste momento.
Aqui na FITUR, onde estamos, já visitei alguns fornecedores desses destinos, incluindo alguns de Israel e aquilo que me disseram é que não há negócio.
Para vocês isto é quase tão mau como a pandemia, ou pior ainda?
Eu espero que isto só esteja a ser assim tão mau para nós e para aqueles que trabalham o destino Israel ou que recebem mercado israelita em Portugal, e que seja uma fase, porque infelizmente, as perspetivas a nível global não são as melhores e aí todo o turismo irá sofrer também.
Na pandemia, não sabíamos nada, tudo aconteceu muito de repente e fazíamos tudo um pouco “no ar” – acho que só começámos a apalpar algum terreno no final do primeiro ano. Neste caso, no entanto, estamos a ver duas guerras – a guerra entre Israel e o Hamas e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia – e a sentir a influência que estão a ter não apenas no fluxo de pessoas como também de mercadorias, o que vai inflacionar muito os serviços
Hotelaria em Portugal teve comportamento “exemplar”
Já tinha ou tem ainda alguns serviços contratados em firme ou pelo menos apalavrados. Qual foi a reação desses fornecedores?
Devo dizer que, em Portugal, a hotelaria portou-se muito bem, com uma lisura muito grande porque muitos clientes estavam a querer o dinheiro de volta, os depósitos que foram pagos, e a hotelaria respondeu sempre a 100% , e tenho que dizer que estamos extremamente gratos pela forma como lidaram com este problema, que é complicado.
Nós tínhamos grupos a chegar a 8, 9 e 10 de outubro, e os cancelamentos vieram na véspera, ou mesmo no próprio dia.
No caso de Israel, a maioria dos operadores israelitas está a manter os valores em crédito, o que não é a melhor solução, ou seja, a forma como em Portugal se lidou com a situação foi realmente exemplar.
Que estratégia vão seguir agora na empresa? Vão procurar outros destinos?
No caso do outgoing há destinos que continuam a ser populares, como a Polónia, a Espanha, que é um grande mercado a nível de peregrinações, e França. A Turquia poderá voltar ou não.
No caso do incoming nós felizmente temos alguns mercados com que trabalhamos, caso do mercado brasileiro e do mercado americano. No entanto, particularmente no que se refere ao mercado americano estamos com alguns problemas porque se trata do mercado americano judaico que devido ao aumento dramático do antissemitismo no mundo está a sentir algum receio de viajar, principalmente no que se refere a pessoas de fé judaica. Portanto, vamos ver como as coisas evoluem – saímos do Covid, levamos com esta situação mas tenho esperança em que nos consigamos levantar.
*O Turisver está na FITUR a convite da ARPT do Alentejo