Na abertura do Encontro de Turismo dos Açores a sazonalidade surgiu como o “inimigo a abater”

Na abertura do Encontro Regional de Turismo dos Açores, na ilha de Santa Maria, a secretária Regional de Turismo, Berta Cabral, reiterou que a qualidade e a mitigação da sazonalidade são prioridades para o turismo na região. Na mesma sessão, a presidente da Câmara de Vila do Porto, Bárbara Chaves, reivindicou melhores acessibilidades para Santa Maria.
A secretária Regional de Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, defendeu, sexta-feira, dia 11 de Novembro, em Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, que as grandes prioridades para o turismo açoriano passam pela qualidade da oferta e pela atenuação da sazonalidade. A governante falava na sessão de abertura do Encontro Regional de Turismo dos Açores, que decorreu sexta feira e sábado, numa iniciativa da Secretaria Regional de Turismo, que reuniu mais de 160 participantes e em que o Turisver esteve presente.
Referindo que este ano “os Açores vão superar o número de hóspedes e dormidas de 2019, mas vão, sobretudo, bater o recorde de proveitos gerados pelo setor”, Berta Cabral sublinhou que “este é um marco que importa deixar bem vincado e sublinhado”.
“A região está a crescer, a desenvolver-se e afirmar-se como um destino de valor acrescentado, onde se reconhece qualidade e se gera riqueza”, afirmou, realçando, no entanto, que “é preciso garantir que quem visita os Açores testemunhe a qualidade em todas as atividades económicas da cadeia de valor do turismo em todo o território”.
A qualidade “contribui para atenuar a sazonalidade e criar um maior equilíbrio na procura ao longo do ano”, frisou a secretária Regional do Turismo, deixando claro que a mitigação da sazonalidade “é o maior desafio e uma das prioridades” do Governo Regional, tornando-se, no entanto, necessário que “a iniciativa privada também se mobilize nessa missão”.
Com o objectivo de mitigar a sazonalidade, disse, estão a ser trabalhadas diversas acções, nomeadamente, a majoração de apoios financeiros à realização de eventos em época baixa, a realização de eventos-âncora descentralizados, a estruturação das Rotas Açores, o apoio a eventos desportivos de natureza e aventura, e o investimento qualificante nos recursos termais e na estruturação de redes integradas de atividades de natureza e aventura.
A estas se junta a captação de eventos de grande dimensão para épocas de menor procura, como o congresso da APAVT, que se realiza em dezembro em Ponta Delgada – “uma oportunidade de ouro para alavancar a projeção dos Açores no mercado nacional”, sublinhou Berta Cabral que aproveitou para anunciar, em primeira mão, a realização da Bienal Ibérica de Património Cultural em Angra do Heroísmo, que terá lugar em outubro de 2023.
Os Açores são o único arquipélago no mundo certificado como “Destino Sustentável”; são o “Melhor Destino de Turismo de Aventura da Europa” (World Travel Awards); são um caso de estudo na União Europeia em matéria de sustentabilidade; são referenciados pela National Geographic Traveller como um dos Melhores Destinos do Mundo; e foram identificados, esta semana na WTM, por profissionais de turismo internacionais como o destino com maior potencial de crescimento.
Estes são reconhecimentos que Berta Cabral considera trazerem “a legitimidade e a confiança para afirmar a região como um destino único, de eleição e autenticidade” e manter “o desenvolvimento e posicionamento como destino de excelência, sustentável e próspero”.
A governante aproveitou ainda para se referir aos novos e grandes desafios que se adivinham para 2023, que vão colocar à prova o setor, nomeadamente, “a pressão inflacionista, a crise energética, a guerra na Ucrânia, as disrupções em cadeias de abastecimento, alguns resquícios da pandemia, mas também a falta de mão-de-obra trazem motivos para estarmos atentos e sermos diligentes na atuação”, vincou.
Para a secretária regional, estes são desafios que exigirão de todos “a arte e o engenho para os superar” num ano que considera de “grande importância para o futuro do turismo dos Açores” e que está a ser encarado com “determinação”.
Presidente Câmara de Vila do Porto reivindica melhores acessibilidades para Santa Maria
Na sessão de abertura do Encontro Regional de Turismo dos Açores a presidente da Câmara de Vila do Porto, Bárbara Chaves, começou por sinalizar que “se o setor do turismo tem sido um fator de desenvolvimento para muitas ilhas dos Açores, algumas enfrentam ainda alguns desafios”, caso, disse, da ilha de Santa Maria. Mas, antes de falar dos desafios, a autarca destacou as oportunidades que se abrem a Santa Maria em matéria de turismo, por via do seu património histórico e natural. “Queremos ser uma ilha de futuro e com futuro, para o qual temos ainda um longo caminho a percorrer”, afirmou.
Falar de turismo em Santa Maria, disse, é “promover as particularidades das nossas experiências turísticas”, nomeadamente, ao nível dos trilhos pedestres; trilhos cicláveis; mergulho; eventos culturais; turismo ornitológico, com a presença da ave mais pequena da Europa (a Estrelinha de Santa Maria) e Geoturismo, através da promoção do seu Paleoparque. Sinalizou, também, a recuperação da paisagem vitivinícola; a gastronomia e a preservação das reservas marinhas, salientando, neste caso, que devem ser “evitados constrangimentos que atualmente existem entre os pescadores e os operadores turísticos”.

Mas, falar de turismo, é também falar de acessibilidades porque “sem elas nada será potenciado economicamente”. Por isso, reivindicou “melhores acessibilidades para servir os marienses e permitir uma maior e melhor circulação dos potenciais visitantes”.
Santa Maria, afirmou, continua a sofrer com as lacunas que “infelizmente persistem até hoje” ao nível dos transportes de passageiros, seja aéreos (no inter-ilhas e nas ligações a Lisboa) como marítimos, sendo mesmo inexistentes neste último caso deste 2020, situações que muito têm prejudicado a ilha em termos turísticos, facto que se tem refletido na diminuição do número de dormidas este ano face a 2019, último ano em que existiram ligações marítimas
Ao nível do transporte aéreo, a autarca adiantou que, em março deste ano, existiu uma reunião, juntamente com alguns empresários do setor, com o presidente da SATA, “que demonstrou a sua sensibilidade para as nossas questões e abertura para trabalhar em melhores ligações para a ilha” mas que, ainda assim os problemas continuam.
*O Turisver deslocou-se à ilha de Santa Maria com o apoio da Azores Airlines e da Bestravel