Museu do Tesouro Real: o cofre que guarda as joias da coroa
A nova joia de Lisboa guarda no seu seio mais de mil peças, entre joias da coroa e exemplares da ourivesaria real portuguesa estão agora expostas na totalidade e num único local. O público pode conhecê-las a partir de quinta feira num espaço que deverá ser anualmente visitado por 275 mil pessoas.
Projetar Lisboa como um destino cada vez mais atrativo para residentes e visitantes de todas as partes do mundo é o desígnio que o novo equipamento cultura pretende cumprir. Instalado na ala poente do Palácio Nacional da Ajuda, o Museu do Tesouro Real vai abrir portas ao público na próxima quinta feira, dia 2 de junho, após ser inaugurado, um dia antes, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas e o presidente adjunto da Associação de Turismo de Lisboa, José Luís Arnaut.
Esta segunda feira, a caixa forte que é o Museu do Tesouro Real abriu portas à comunicação social que pode ver em primeira mão o seu valiosíssimo recheio: cerca de mil peças de valor patrimonial inestimável, entre as quais se contam joias raras, insígnias e condecorações, moedas e peças de ourivesaria civil e religiosa, como é exemplo a coroa, a laça de esmeraldas de D. Mariana, aquela que se pensa ser a segunda maior pepita de ouro do mundo ou a caixa de tabaco encomendada por D. José ao ourives do Rei de França, no séc. XVIII, e que a amante de Luís XV não queria deixar sair de Paris.
Peças que, como disse o diretor do Palácio Nacional da Ajuda e do Museu do Tesouro Real, José Alberto Ribeiro, “estiveram fechadas durante décadas e décadas” e que “são o exemplo do que melhor se fez a nível de artes decorativas portuguesas e europeias do século XVI até ao século XX”. Trata-se de uma coleção das mais valiosas do mundo, como aliás assinalou Pedro Moreira, diretor de operações do Museu do Tesouro Real ao sublinhar que “não existe no mundo nenhum museu com estas caraterísticas”.
11 núcleos expositivos em três pisos
Pelo seu valor, o Museu do Tesouro Real tem um sistema de segurança que em Portugal apenas se pode comparar ao do Banco de Portugal e até o próprio museu, em si próprio é diferente de todos os outros, já que para o visitar há que entrar numa caixa forte que é uma das maiores do mundo: com três pisos e munida de sofisticados equipamentos de segurança e videovigilância. Com 40m de comprimento, 10m de largura, esta caixa forte em tons de ouro velhos tem uma porta blindada que pesa “só” cinco toneladas e pode ser bloqueada caso haja uma falha na segurança, vitrinas com controlo de temperatura e humidade e vidros à prova de bala. Ainda assim, na caixa forte só se entra depois de passar por detetores de metais.
Toda esta segurança é amplamente justificada já que entre as mais de mil peças expostas há verdadeiros tesouros, como a coroa de D. João VI, a laça de esmeraldas de D. Mariana, um hábito da ordem do Tosão de Ouro onde não faltam diamantes cor de rosa, rubis, safiras, e bordados a ouro e prata, espadas, joias pessoais de reis e rainhas e uma das maiores pepitas de ouro em bruto existentes no mundo. Isto além de um trono real e de mantos de coroação, insígnias, medalhas e baixelas.
A exposição, que ali se poderá ver em permanência, foi pensada em 11 núcleos, sendo o primeiro dedicado ao Ouro e Diamantes do Brasil. No segundo núcleo, está exposta a parte selecionada do conjunto de moedas e medalhas da Coroa, sendo dominado pela prata e pelo outo.
No terceiro núcleo estão as joias que compõem o acervo do Palácio Nacional da Ajuda, sejam joias da coroa como as particulares dos membros da família real, enquanto o quarto núcleo é dedicado às Ordens Honoríficas
Seguem-se as Insígnias Régias: Objetos Rituais da Monarquia; ; os objetos de uso civil em prata lavrada, objetos das coleções particulares de D. Fernando II e D. Luís I; as ofertas diplomáticas; um núcleo dedicado à Capela Real, um outro dedicado à Baixela Germain e, por fim, o 11º núcleo que denominado Viagens do Tesouro Real.
Turismo foi o principal investidor
Resultado da bem-sucedida relação entre a Cultura e o Turismo, o projeto, incluindo obra de remate da ala poente do Palácio Nacional da Ajuda que esteve inacabada durante 226 anos, bem como a requalificação do espaço público na Calçada da Ajuda, tem um valor de investimento de 31 milhões de euros, maioritariamente viabilizado pelo Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa (18 milhões de euros). O Ministério da Cultura/DGPC investiu quatro milhões e 800 mil euros e a Associação Turismo de Lisboa investiu nove milhões de euros. A sua execução foi da responsabilidade da Associação Turismo de Lisboa, por incumbência da Câmara Municipal de Lisboa, com o acompanhamento da Direção Geral do Património Cultural. A gestão científica do Museu é da responsabilidade do Palácio da Ajuda e a gestão operacional e turística fica a cargo da Associação Turismo de Lisboa.
Durante a visita, que foi acompanhada pelo diretor do Palácio Nacional da Ajuda e do Museu do Tesouro Real, José Alberto Ribeiro, pelo diretor geral da Direção Geral do Património Cultural e arquiteto responsável pelo projeto, João Carlos dos Santos, por Pedro Moreira, diretor de operações do Museu do Tesouro Real e ainda pelo diretor geral do Turismo de Lisboa, Vítor Costa, pudemos ficar a saber que se esperam, para este novo equipamento, cerca de 275 mil visitantes por ano, 60% dos quais deverão ser estrangeiros. Para os atrair está a ser preparada uma campanha de promoção internacional do novo equipamento de Lisboa.
Horário
- Verão: Todos os dias, das 10h00 às 19h00
- Inverno: Todos os dias, das 10h00 às 18h00
Bilhetes
- Jovens (7 aos 24 anos) e Seniores (maiores de 65 anos): 7€
- Adulto (25 aos 64 anos): 10€
- Crianças (0 aos 6 anos) e portadores do Lisboa Card: Gratuito
- Escolas: 2€
- Família (2 adultos e 2 jovens): 32€
- Parceiros/Grupos: 8€
Fotos: ATL e DGPC