Mercado das Viagens vai superar o orçamentado em vendas e rentabilidade, avança Adriano Portugal

A pouco mais de um mês do final do ano, é tempo de começarem a fazer-se balanços da atividade das viagens e turismo em 2023. Foi isso que fizemos com o diretor-geral da rede Mercado das Viagens, Adriano Portugal, durante uma conversa em que abordámos também temas como a formação, o crescimento da rede e as perspetivas para 2024.
O ano de 2023 decorreu da forma que tinham perspetivado?
O ano ainda não terminou mas está a decorrer dentro daquilo que tínhamos perspectivado, penso que até vamos superar ligeiramente aquilo que tínhamos previsto, uma vez que o ano passado tínhamos deixado de contar com três dos nossos balcões – dois por vontade própria, outro que não estávamos a contar -, no entanto os resultados são bastante satisfatórios e dentro daquilo que tínhamos orçamentado.
Uma questão que hoje se coloca sempre é a da rentabilidade. Também a este nível o ano correu bem?
No cômputo geral, a rentabilidade também tem subido embora ligeiramente, sabendo nós que há datas que nos fazem ter uma percentagem mais baixa que acaba por nos estragar a rentabilidade.
Essas datas coincidem com as campanhas que são feitas para o consumidor final?
Sim, principalmente as campanhas como esta da Black Friday que está agora a decorrer, mas também aquelas que são feitas para a BTL – sabemos que nestas alturas existem preços no mercado que, na minha opinião, deveriam ser repensados porque nem sequer dignificam a classe.
Falamos de vendas e temos também que falar daquilo que se vende. O que é o cliente procurou mais este ano? Produto mais barato ou vendeu-se de tudo?
Quando estamos espalhados pelo país como a nossa rede já está neste momento, é natural que tenhamos relatórios das agências muito diferentes uns dos outros, ou seja, há vendas com produto mais barato e há vendas com produto mais caro. Nós temos algumas agências que têm um tipo de cliente médio-alto e outras em que os clientes têm um poder de compra mais limitado mas o que interessa é que temos produto para todos.
As Caraíbas foram o carro-chefe das vendas?
Continuam a ser, sim, mas tivemos outros destinos que continuaram a ter vendas muito interessantes, como é o caso de Cabo Verde que também se mantém como um produto muito vendável, e o Senegal.
Os agentes de viagens estão sempre a dizer que é preciso colocar novos produtos no mercado. Os novos produtos que foram surgindo têm tido saída ou nestes casos as vendas são mais difíceis?
O problema é a localização desses produtos que vão saindo, ainda há um certo desconhecimento dos clientes, o que é normal que aconteça quando até os próprios destinos não são tão conhecidos quanto isso. Contudo, o grau de progressão nas vendas tem sido interessante e são mais uma opção a oferecer ao cliente.
“Abrimos mais três agências este ano e estamos neste momento com 19 balões. Abrimos Faro há poucos dias, abrimos Paços de Ferreira e um balcão na ilha Terceira, nos Açores”
Disse há pouco que o ano passado tinham ficado com menos três balcões mas entretanto houve outros que passaram a integrar a rede…
Exato. Dentro daquilo que temos vindo a dizer, nós tínhamos uma meta a atingir para este ano e conseguimos atingi-la e também aqui estamos a crescer dentro do que tínhamos perspetivado para o ano de 2023. Para o ano de 2024 temos outras metas mas aquilo que continuamos a pretender é um crescimento sustentado, tendo como limite um determinado número de agências.
Quantas agências têm atualmente?
Abrimos mais três agências este ano e estamos neste momento com 19 balões. Abrimos Faro há poucos dias, abrimos Paços de Ferreira e um balcão na ilha Terceira, nos Açores, que foi a nosso primeira agência da região. Tem sido um desafio muito interessante porque é um mercado diferente mas com uma progressão interessante.
A agência dos Açores vai fazer só outgoing ou também vai fazer incoming?
Vai fazer incoming, outgoing e também tem rent-a-car, que é a Sunset Rent-a-Car.
As agências que têm aberto são de empresários já ligadas ao setor?
Temos algumas pessoas que são ligadas ao setor, outras que não são mas nós temos um modus operandi muito próprio que permite que, no momento em que a agência abre portas, os empresários terem já um grau de conhecimento avançado.
Em termos do trabalho com as vossas agências, desenvolveram muitas ações durante este ano?
Nós temos duas épocas distintas para dar formação e na maior parte esta formação é dada pelos players que estão no mercado, sejam operadores turísticos, companhias aéreas ou de cruzeiros. Neste caso, a grande maioria das ações de formação é ministrada online e têm tido um grau de progressão muito interessante. As formações mais técnicas têm sido divididas em duas fases para que haja uma evolução mais constante por parte de quem está ao balcão.
As agências têm aderido a essas formações?
Temos tido cerca de 90% de participação nestas formações mas também temos tido o cuidado de as promovermos em datas em que as agências estão mais disponíveis.
O Mercado das Viagens tem “excelente relação” com todos os fornecedores
O relacionamento de uma empresa que já tem o número de balcões que tem o Mercado das Viagens com os parceiros de negócios está melhor ou ainda há muitas pressões entre redes e fornecedores?
Nós temos uma excelente relação com a maior parte – para não dizer a totalidade – dos fornecedores. A marca Mercado das Viagens tem-se pautado por manter uma posição no mercado que é, acima de tudo, de boa convivência e tentamos não defraudar, no momento das negociações, aquilo que são as expectativas tanto de um lado como do outro, razão pela qual a marca é respeitada pelos players e respeita esses mesmos players.
Nos últimos tempos tem havido muitos agentes de viagens a falarem na necessidade de voltar a haver charters de verão para o Brasil. Qual é a sua opinião?
O Brasil é sempre um destino apetecível, é um daqueles destinos que é sempre vendável, embora se saiba que neste momento o preço não é tão apetecível como já foi. Cabe a quem é especialista na negociação de operações charter avaliar se isso é viável ou não.
Como é que estão a ser as vendas para o final do ano?
Para ser franco não estão acima do ano passado. São vendas interessantes para esta época do ano, mas nada que nos faça entrar em euforias, muito por culpa da conjuntura económica em que vivemos e das guerras que não vieram ajudar em nada. Tudo isso junto, acaba por se refletir na procura por parte do cliente.
Por via dessa conjuntura de que falou, espera que é expectável que o impacto das pré-vendas que vão começar em breve –aliás, algumas já começaram – seja o mesmo do ano passado?
O ano passado foi um ano excecional e foi uma surpresa em vendas antecipadas para este ano. Isso é sinal de que o público já se apercebeu que comprar antecipadamente é melhor e deixou de guardar tudo para a última hora à espera de preços melhores, o que também não era bom para os operadores nem para as agências.
Com as vendas antecipadas nós podemos programar o verão ou o ano seguinte, de uma forma muito mais tranquila, sabendo nós que há muitos pontos de interrogação para o próximo ano: a situação económica, toda esta instabilidade que estamos a viver em termos de política interna mas também a nível internacional, acaba por nos obrigar a ter os pés bem assentes no chão para as decisões que possamos ter que vir a tomar. Com toda a franqueza, acho que 2024 é uma incógnita.