Mercado das Viagens quer sentar “à mesa” a tour operação e as agências viagens para discutir a rentabilidade

Apesar dos resultados de 2024 terem sido favoráveis, os responsáveis do Mercado das Viagens, consideram que a rentabilidade poderia ter sido superior, não fossem as muitas campanhas que os operadores turísticos colocam no mercado. Por isso, quer agências e operadores a discutirem o tema de “olhos nos olhos”.
A rentabilidade é aquilo que preocupa os responsáveis do Mercado das Viagens, que se insurgem contra as campanhas sistemáticas que vão sendo lançadas, em função de uma cada vez maior agressividade do mercado, como sublinha Adriano Portugal embora diga entender “o lado dos operadores”, avança que “temos que nos sentar à mesa de uma vez por todas para encontrarmos soluções. Porque são campanhas sucessivas” num mercado que é pequeno.
Defendendo que “está na altura de nos sentarmos à mesa entre todos e encontrarmos soluções que dignifiquem a nossa profissão”, avançou mesmo que “há alguns operadores que já se manifestaram a favor dessa atitude de tomarmos de uma vez por todas decisões que beneficiem o nosso mercado e que protejam o nosso mercado em si”.
Nuno Pereira, um dos administradores do Mercado das Viagens quis, no entanto, deixar claro que “não são as campanhas de vendas antecipadas” que preocupam, “o que nos preocupa são as campanhas sobre campanhas como as black fridays, as blue mondays, as feiras e campanhas que deixam margens de rentabilidade de 4% e 5%”, o que o levou a afirmar que “das duas, uma, ou não sabem fazer contas, ou, então, estamos a viver uma situação perigosíssima”.
Por outro lado, considerou o diretor-geral, Adriano Portugal, estas campanhas acabam por ter um efeito dissuasor das reservas antecipadas, que deve ser sempre o objetivo a ter em mente: “Por mais que a gente trabalhe, como trabalhamos há muito tempo, para a venda antecipada, o cliente cada vez vai esperar mais pela última hora porque a campanha que vem a seguir é sempre melhor do que a outra”, ou seja, “andámos anos a educar o cliente para comprar antecipadamente e toda a gente ganhava. O operador conseguia escoar o seu produto, as agências ganhavam o seu dinheiro com antecedência, conseguiam gerir melhor o ano. Com isto estamos a provocar que o cliente comece outra vez a adquirir os maus hábitos de antigamente e à espera da campanha de última hora”, criticou Adriano Portugal para quem “isto não dignifica o nosso mercado”. Foi ainda mais longe ao considerar que “estamos a prostituir-nos em termos de preços”.
“Se calhar está na altura da própria APAVT se sentar mais com as bases, por forma a ouvir as necessidades das agências de viagens e isto é importante que seja dito”
Questionado sobre se nem todos os operadores quiserem ouvir as questões que estão a ser levantadas pelas agências em matéria de preços/rentabilidade, o responsável assegurou que “essas soluções passam muito pelo tailor made”, pela formação de quem está ao balcão.
Inquirido sobre se a APAVT deveria tomar a frente desta situação, sentando para discutir a questão os operadores turísticos e as agência Adriano Portugal considerou que “ a APAVT tem vindo a fazer o trabalho, que pode ser feito. A lei não permite que a APAVT faça muito mais do que aquilo que tem vindo a fazer”. Ainda assim, observou, “se calhar está na altura da própria APAVT se sentar mais com as bases, por forma a ouvir as necessidades das agências de viagens e isto é importante que seja dito”.
Para os responsáveis do Mercado das Viagens, o excesso de oferta foi uma das causas que levou ao abaixamento dos preços dos pacotes em last minute em 2024 mas há uma outra questão que passa pela regulação da profissão que consideram ser uma necessidade pela proliferação dos denominados consultores de viagens “que andam por aí, que toda a gente sabe e toda a gente vê (…) e muitos deles não sabem o que andam a fazer”. Portanto, um dos elementos regulatórios deveria ser o de “não permitir que alguém sem RNAVT venda viagens”.