Marco Pereira: “As pessoas querem conhecer outros destinos dentro do próprio país (Cuba)”
Abriu a agência Bestravel com uma sócia, em abril de 2015, em Vila Franca de Xira. Dedica-se essencialmente ao segmento de lazer e partiu com um grupo de agentes de viagens até Cuba, a convite do operador turístico Solférias. Chama-se Marco Pereira e conta na primeira pessoa a sua experiência por terras caribenhas.
O Marco já tinha estado em Cuba?
Nunca cá tinha estado. Penso que estas famtrips são muito importantes para nós, agentes de viagens, para vermos “in loco” quer o destino quer as condições hoteleiras. Na nossa agência sempre que somos convidados e temos disponibilidade vamos aos destinos.
Dos destinos que visitámos, o que venderia aos seus clientes?
Vou colocar a questão ao contrário, nós não visitámos Varadero que é talvez o que se vende mais, até porque as distâncias são menores entre as cidades e a oferta é idêntica ao que temos visto nesta viagem. No entanto, o que venho a notar é que as pessoas querem conhecer outros destinos dentro do próprio país.
Por exemplo, eu tenho agora um grupo de seis pessoas para Cuba, com 10 noites vendidas: quatro em Havana e seis em Cayo Santa Maria. Para mim isso é positivo, esta ligação é possível com a Air Europa, via Madrid, não é um obstáculo para a venda.
E foi importante vir, porque fiquei a perceber que o hotel que eu sugeri aos clientes realmente é bom. O que tento transmitir é que uma só noite em Havana é pouco, porque já se chega ao fim da tarde ao destino e depois não dá para se conhecer quase nada.
“Outro hotel que gostei e, penso que a opinião foi unânime, foi o The One Gallery Resort, também em Cayo Santa Maria, foi uma pena não termos usufruído mais“
Dos hotéis que vimos quais são aqueles que mais se adequam ao nosso mercado e os que não vai recomendar aos seus clientes ?
No caso de Trinidad, eu tinha ideia de que o Iberostar Grand Hotel Trinidad era melhor, porque estava no centro. No entanto, fomos visitar o Mystique Trinidad La Popa e apesar de ficar uns 250 metros mais longe do centro, eu gostei muito mais. Ficámos depois no Meliá Trinidad Península, onde nos foi dito que irão colocar mais areia na praia e aí já poderei vender o hotel com mais confiança.
Já no Cayo Santa Maria, achei o Iberostar Selection Ensenachos, uma desilusão a nível do buffet. A nível das vilas, até podem ser simpáticas, mas para o nosso mercado penso que não se enquadra porque o português valoriza muito a comida. Por outro lado, gostei do Meliá Cayo Santa Maria e do Meliá Buenavista, onde almoçámos e onde teremos tido, na minha opinião, a melhor refeição.
Outro hotel que gostei e, penso que a opinião foi unânime, foi o The One Gallery Resort, também em Cayo Santa Maria, foi uma pena não termos usufruído mais do hotel. E depois acabámos por almoçar no Grand Aston Cayo Las Brujas Beach Resort & Spa, o que foi muito bom.
Já que falou em buffet qual é a sua opinião em relação quer à quantidade quer à qualidade da comida apresentada?
Como já frisei, não gostei do buffet do Iberostar Selection Ensenachos, porque quando comemos lá já não tinha muita oferta. Por exemplo, no caso dos turistas portugueses que gostam de fazer as refeições mais tarde pode haver algum problema, porque a oferta pode já não ser abundante. Mas se o cliente já for alertado para esse facto talvez possa minimizar esse problema. Eu não achei que houvesse falta de comida nos hotéis onde ficámos.
Eu tive uns clientes que estiveram em Varadero há três anos e que todos os dias comeram frango, mas o que me disseram na altura é que não tinham ido ali pela comida, mas pelo destino, pelas praias. E portanto, eu penso que por vezes temos de relativizar os problemas e explicar aos clientes o que vão encontrar.
“Eu tive uns clientes que estiveram em Varadero há três anos e que todos os dias comeram frango, mas o que me disseram na altura é que não tinham ido ali pela comida, mas pelo destino, pelas praias”
Esta famtrip que a Solférias realizou, em parceria com a Air Europa, foi um prémio pelo desafio “Vender = Receber” para Cuba. É importante este tipo de incentivos?
De facto, vendi um grupo para o destino e com esta famtrip espero vir a conseguir vender ainda mais, porque agora já conheço o destino e posso informar melhor os meus clientes. Apresentar ideias de viagens que não sejam só para Varadero, mas também para as outras destinos que visitámos. Ou seja, com este pacote com a Solférias e a Air Europa posso sugerir um tour diferente do que ofereceria com um charter. Por exemplo, tenho uma cliente que vai festejar os 50 anos e vem sozinha poderá fazer uma viagem mais cultural e com praia.
Pensa que Cuba é um destino seguro para quem viaja sozinho?
O Cayo Santa Maria achei seguro, Trinidad também. Havana é como em todas as cidades grandes, é necessário o cuidado habitual.
Como estão a decorrer as vendas, melhor do que o ano passado?
Este ano estamos a vender um bocadinho menos, mas ainda há muita oferta para vender para o verão. Apesar de estarmos muito próximos de Lisboa, os mercados são ligeiramente diferentes e o Covid veio “cortar” uma tendência, que estava a implantar-se que era a de antecipar as reservas. Com a pandemia essa tendência estagnou, embora o pós-Covid, em termos de viagens, tenha sido muito bom para todos. Este ano há ainda muitos pedidos de orçamentos.
Agora penso que há um excesso de oferta no mercado e que quem reserva em primeiro lugar deveria ser “premiado”, mas o que acontece é que quem deixa para reservar por último é que acaba por sair a ganhar.
E quais são os destinos que está a vender mais este ano?
Cabo Verde, Cuba, já se vendeu muito Disney, Maldivas, cruzeiros, mas especialmente Cabo Verde.