Maldivas, Al Hoceima em Marrocos e talvez Cayo Coco, entre as novidades da Sonhando em 2023

Maldivas em voo regular e o destino marroquino Al Hoceima, em voo charter são duas das novidades em que a Sonhando irá apostar em 2023, mas o operador pode mesmo vir a retomar a operação para Cayo Coco, em Cuba, segundo adiantou ao Turisver o diretor-geral, José Manuel Antunes.
Antes de entrarmos nas novidades que a Sonhando está a preparar para o próximo ano, gostava de saber como é que foi o ano para a Sonhando?
Foi um ano razoável, podemos até considerar que foi um bom ano mas é preciso não esquecer que nós fomos dos poucos operadores que em 2021 tinha tido um ano excecional, portanto, compreendo que os meus concorrentes estejam muito entusiasmados com o ano de 2022, depois de dois anos complicados em 2020 e 2021 mas felizmente para a Sonhando não foi esse o caso: tivemos um ano neutro em 2020 quando se previa o caos e um ano de 2021 que foi um dos melhores anos da nossa história em termos de resultados.
Agora que já estamos no final das operações de verão, já podemos dizer que o ano de 2022 foi parecido com o de 2021 em termos de resultados, o que é bom porque tivemos um grande aumento de despesas na empresa, admitimos vários funcionários, abrimos uma delegação no Porto com dois funcionários, logo em fevereiro, e a meio do ano admitimos um diretor comercial.
Tivemos três operações muito positivas, a da Tunísia, a do Porto Santo e a de Timor, que tiveram resultados excecionais e que são muito importantes para nós. Também aumentámos muito as vendas para São Tomé e tivemos um crescimento extraordinário nas Caraíbas, em voos com a TAP, tanto em Punta Cana como em Cancun, que foram também dois pilares importantes das nossas vendas este ano.
Tivemos um recuo grande no mercado com Cuba que durante alguns anos tinha sido a bandeira da Sonhando mas as bandeiras servem para serem utilizadas e darem marcos de importância e de apoio à empresa e não para se tornarem numa dor de cabeça. Quando Cuba, por influência da entrada dos operadores espanhóis, se tornou uma dor de cabeça, decidimos estar marginalmente no destino. Nós não somos uma empresa tipo ioiô, de entra e sai, que um dia está na APAVT, no outro dia está fora, que um dia está num destino e no outro está fora. Nós estamos quando é para ganhar dinheiro, para dar apoio aos agentes de viagens. Isso é algo que nós garantimos: não nos passa pela cabeça algum dia estarmos fora do Provedor do Cliente, estarmos fora de um seguro de viagens sólido, que os nossos vendedores que são os agentes de viagens, venham a ter problemas por causa da nossa insuficiência de decisão – isso jamais irá acontecer, pelo menos enquanto eu estiver à frente da empresa.
Esse é o caminho que seguimos e se tivermos que sair de Cuba, sairemos – com grande pena minha porque quem me conhece sabe que fui em que em 1994 comecei a sério com charters para lá e que tenho uma paixão grande pelo destino – porque só nos interessam destinos desde que tenhamos capacidade de ter proveitos que sejam capazes de remunerar os agentes de viagens de forma adequada e de continuarmos a pagar os ordenados sem convulsões e sem empréstimos bancários.
Também foi um ano em que acho que conseguimos congregar um maior apoio das agências de viagens, uma confiança mais generalizada.
Sonhando vai fazer uma aposta muito forte nas Maldivas
Sei que já estão a preparar a programação do ano que vem e que já estão a fechar contratação para 2023. Estão a incidir sobre os mesmos destinos?
Obviamente que sim. Os três destinos que foram pilares em 2021 e 2022 vão continuar a ser, refiro-me à Tunísia, ao Porto Santo e a Timor.
É vidente que, como é público, a TAP vai abandonar o voo para Punta Cana, o que para nós é uma preocupação porque era um destino que estávamos a vender bem e a ter excelentes resultados, e vamos ter que ter alguma alternativa a isso. Para já, será reforçar Cancun, também com a TAP mas temos algumas perspetivas, uma posso já anunciar porque já está bastante avançada e será pública dentro de duas ou três semanas: a Sonhando vai fazer uma aposta muito forte nas Maldivas, Já há alguns meses que andamos a preparar um programa de grande nível, o nosso diretor comercial, o Fernando Bandrés, esteve há pouco tempo mais de uma semana nas Maldivas para ultimar a contratação, e posso anunciar que iremos fazer um roadshow de lançamento do programa em meados do próximo mês, provavelmente nos dias 14 e 15 de novembro, no Porto e em Lisboa.
Queremos fazer o lançamento das Maldivas com pompa e circunstância porque é um destino em que vamos apostar bastante em 2023, mas vamos começar já no fim deste ano.
Quando fala numa grande aposta, fala apenas em voo regular ou, em determinado período, também em operação charter?
Para já será com voo regular. Neste momento temos já acordos com três companhias regulares, concretamente com a Turkish Airlines, com a Lufthansa e com a Emirates e é com essas três companhias que vamos lançar o programa e inicialmente será assim. Mais tarde, se vier a revelar-se um destino de tal forma forte, nós, como fazemos parte de um grupo que tem uma companhia de aviação por detrás, obviamente que está sempre no nosso horizonte a possibilidade de o transformar em destino charter.
Aliás, a única vez que em Portugal se fez charters para as Maldivas fui eu que os fiz, com o Club Vip, e curiosamente também, com a euroAtlantic, em 1999. Portanto, se isso vier a acontecer será uma retoma daquilo que eu idealizei e concretizei há já 23 anos, com um êxito relativo.
Al Hoceima é o destino do norte de Marrocos que a Sonhando vai operar em charter em 2023
Tendo como objetivo dar novos destinos aos portugueses, penso que também andaram a ver um novo destino no norte de África. É assim?
É verdade. Já é uma das mais-valias que o nosso diretor comercial, Fernando Bandrés, trouxe para a empresa, ele é que teve a ideia e nós estamos a explorar a hipótese de operar um destino no norte de Marrocos. Já lá fomos, gostámos, é um destino com potencial, achamos que terá que ser uma operação repartida com mais operadores para ter uma alavanca razoável. O destino é Al Hoceima, tem dois hotéis de bom nível na praia, um Radisson e um Mercure.
Os vossos parceiros habituais que apostam desde há anos em Saidia, podem estar interessados?
Não faço ideia, o que garanto é que nós não estamos interessados em Saidia.
E o Brasil?
O Brasil, para já, está a atravessar uma convulsão social complicada com as eleições que me preocupa até por causa da nossa operação de fim de ano. As eleições são no final do mês e as consequências dos eventuais resultados são uma coisa que me preocupa do ponto de vista social porque animicamente a situação está complicada. O turismo é a indústria da paz, gera a paz mas também precisa de paz para progredir. Por exemplo, um país extraordinário para fazer turismo é o Irão as neste momento ninguém imagina ir de férias para o Irão.
O Brasil tem reduzido os seus índices de receção de turistas de uma forma drástica, tem conseguido segurar-se, do ponto de vista das unidades hoteleiras, porque tem um turismo interno muito forte mas do ponto de vista do turismo internacional a situação não está fácil.
Portanto, entrar numa operação de risco, pelo menos para o verão de 2023, está fora de questão?
Está. Finalmente temos um acordo com a TAP e vamos lançar o destino e fazer tudo para o vender mas não vejo possibilidade de o nordeste brasileiro substituir Punta Cana no acordo que temos com a TAP, em número de passageiros. Estamos a vender dezenas de passageiros semanalmente para o voo de Punta Cana com a TAP e não penso que tenhamos a capacidade de fazer o mesmo para o nordeste brasileiro.
Mas a TAP não irá retomar o voo no próximo verão?
A TAP vai suspender o voo a partir de dia 22 de outubro e penso que não vai retomar, por falta de frota e, sobretudo, por falta de rentabilidade do voo.
“Em relação a São Tomé temos uma obrigação acrescida por ser a nossa empresa a fazer os voos mas o critério da qualidade tem que estar sempre presente. São Tomé é um bom destino mas sem a componente da ilha do Príncipe fica um destino “coxo”. Quando o Príncipe fica de fora por incapacidade dos voos, travamos um pouco a divulgação mas é um destino em que acreditamos muito e em que apostamos muito”
São Tomé ainda não conquistou uma grande preferência no mercado português. Porque é que não se vende mais e, sobretudo, porque é que continua a ser um destino pouco divulgado em Portugal?
Não será tanto assim, nós vendemos razoavelmente bem, vendemos todas as semanas e durante o ano todo, embora talvez seja uma venda discreta e silenciosa, mas não há semana nenhuma em que não haja turistas da Sonhando em São Tomé.
Há alojamento de qualidade no Príncipe e também algum em São Tomé mas há alguma precaridade a outros níveis. Os voos entre São Tomé e o Príncipe estiveram suspensos e é um destino que ainda não está solidificado em termos de podermos garantir a mesma qualidade de serviços ao mesmo nível durante todo o ano.
Em relação a São Tomé temos uma obrigação acrescida por ser a nossa empresa a fazer os voos mas o critério da qualidade tem que estar sempre presente. São Tomé é um bom destino mas sem a componente da ilha do Príncipe fica um destino “coxo”. Quando o Príncipe fica de fora por incapacidade dos voos, travamos um pouco a divulgação mas é um destino em que acreditamos muito e em que apostamos muito.
Aliás, em breve, vamos fazer, com o nosso maior cliente que é a GEA, uma fam tour exclusiva para divulgação do destino. Está previsto que seja no fim de novembro e será o Fernando Bandrés a acompanhar o grupo.
Aquilo que temos estado a falar, em termos de operações e destinos em 2023, significa que vão aumentar a oferta em charter na ordem dos 20%, se mantiverem as operações deste ano e somarem mais um ou dois destinos?
Será um pouco mais do que 20%, sobretudo se conseguirmos concretizar a operação de Al Hoceima, que está previsto que seja extensa, talvez 16 semanas e de Lisboa e do Porto, o que significa 32 voos.
Também estamos a estudar a hipótese de fazermos ainda outra operação. Estamos a estudar vários destinos e até pode dar-se o caso dessa operação ser a do nosso coração, que é Cayo Coco. Nós queremos fazer uma operação de longo curso e seguramente que a iremos fazer, há vários destinos sobre a mesa, mas só revelo Cayo Coco porque todos sabem que já a fizemos e com sucesso.
Pela nossa ligação à nossa companhia aérea, a euroAtlantic, que vai ter dois novos aviões Boeing 777 com capacidade para 336 lugares e porque queremos fazer parte desta nova etapa da história da nossa empresa mãe, temos necessidade de fazer uma operação intercontinental de grande porte.
A maior critica que eu oiço fazer à Sonhando, e não é de agora, tem a ver com o site. Quando é que vocês decidem mudar o vosso site?
Estamos a fazer isso e vamos mudá-lo em breve. De facto, reconheço que o site é fraco, embora não o seja tanto do ponto de vista das vendas mas do ponto de vista da informação podia ser muito melhor. Nós temos essa noção, temos tido poucos recursos humanos para o melhorar mas estamos a tratar disso, para o tornarmos mais friendly para o utilizador e mais “apetitoso”.