Júlio Mateus desde a primeira “pedra” na Bestravel
Júlio Mateus, sócio-gerente da Bestravel Carregado, é o mais antigo franchisado de uma rede que ajudou a criar, já que é um dos agentes de viagens que esteve na génese da marca e do projeto Bestravel.
Em conversa com o Turisver, à margem da XVII Convenção da Bestravel, afirma que há 22 anos, quando entrou no setor do turismo, não tinha ideia do percurso que iria fazer. Recorda que à época, “vinha de um mercado completamente diferente, da grande distribuição e “aterrei” de para quedas no mundo do turismo, que não conhecia, e foi um mergulho no desconhecido”. Ao longo dos anos, diz, “foi necessário ultrapassar muitas dificuldades” mas hoje, confessa, “estamos no sítio certo e é um enorme orgulho fazer parte da família Bestravel que é hoje uma marca de que nos podemos vangloriar”. Júlio Mateus não esconde até o seu regozijo por “de alguma forma, ter contribuído para a criação e implantação desta marca em Portugal”.
O responsável da Bestravel Carregado esteve, assim, ligado à criação da rede e conta que o arranque deu-se em duas fases, sendo que na primeira foi utilizada outra marca que duraria apenas três anos porque “correu mal”. Só a partir daí é que, em conjunto com outros sócios, é decidido “relançar o projeto com uma nova marca”, aí sim, a marca Bestravel. O arranque da rede deu-se com 27 agências a usarem a marca Bestravel “depois fomos crescendo ao longo dos anos e hoje temos 45 e penso que estamos no bom caminho” porque “são agências consolidadas” e “as que entram agora, tanto quanto sei, entram já com um grande apoio, com uma estrutura muito forte e todos os últimos projetos têm sido vencedores”.
Sobre os anos mais próximos, Júlio Mateus diz que, depois de um ano de 2019 em que “estávamos no auge e em que pensávamos que, depois de outras crises passadas íamos, finalmente, ganhar algum dinheiro” e um ano depois nada disso era verdade porque “surgiu a pandemia e ela veio para arrasar com todo o mercado, com toda a economia, a nível mundial”. O turismo, sabe-se, foi dos sectores mais afetados e dentro dele, as agências de viagens não fugiram à regra. “A pandemia provocou um rombo enorme nas nossas contas, as nossas margens esgotaram-se, os nossos recursos financeiros acabaram, as agências estão descapitalizadas”, comenta, acrescentando no entanto que “tanto quanto sei, as agências Bestravel conseguiram, de alguma forma, resistir, estamos cá todos ou quase e neste momento o que queremos é ter um futuro melhor”.
No “pós pandemia” a recuperação já se começa a notar
Neste âmbito, o nosso entrevistado assume que “a recuperação já se começa a notar”, com as agências a precisarem agora de algum apoio ao nível dos fluxos de capitais, para poderem prosseguir a sua atividade com sucesso. O início deste ano, afirma, “estava muito prometedor”, com os números a ficarem “em cerca de 75% dos valores de 2019” mas o futuro ainda não é certo: “penso que se não houver agravamento das condições poderemos ainda recuperar um pouco mais”. Mas há muitas incógnitas: “não sabemos como é que a pandemia se vai desenrolar daqui para a frente e temos problemas graves na Europa, decorrentes da guerra na Ucrânia”, o que torna muito difícil traçar perspetivas, até porque “já começam a existir alguns sinais preocupantes, nomeadamente ao nível dos preços dos combustíveis e dos bens, em geral”. Por outro lado, diz, há o problema do sentimento de insegurança que as pessoas podem ter em viajarem para determinados destinos, que não apenas a Rússia e a Ucrânia.
Positivo é o facto de as agências estarem a recuperar clientes: “na minha agência no Carregado estamos não só a recuperar os nossos clientes habituais como a ganhar outros que não vinham habitualmente à nossa agência e que agora nos procuram”. Trata-se, diz, de uma questão de confiança: “sabemos que houve quem não cumprisse mas na minha agência todos os clientes foram integralmente reembolsados de todos os valores”.
Na Bestravel Carregado, o grande “boom” da procura é Cabo Verde – “nunca tivemos uma procura tão significativa por Cabo Verde”, comenta, acrescentando que outros destinos com grande procura são a Disney, a Madeira e Espanha – “destinos tradicionais” – ao mesmo tempo que “já começámos a ter alguma procura para o Senegal que é novidade este ano”.
Sobre o relacionamento entre agências de viagens e operadores turísticos, Júlio Mateus confessa não sentir problemas, adiantando mesmo que, face às situações trazidas pela pandemia “colaborámos uns com os outros e eles cumpriram a sua parte nas obrigações”. Aparte isso “a nossa relação com os operadores sempre foi de muita proximidade, e continua a ser”, tanto que “estamos aqui com quase todos os operadores que estão no mercado”.