José Theotónio: “Uma guerra nunca beneficia o setor do turismo”
No painel “Gerir em tempos de mudança” do Congresso da AHP, José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group deixou claro que turismo e guerra são realidades que não combinam e que não há guerra alguma que beneficie o turismo.
O CEO do Pestana Hotel Group foi desafiado pelo moderador do painel a dizer de que forma Portugal poderia “vender lenços” a partir da guerra da Ucrânia, ou seja, de que forma Portugal poderia ser beneficiado por esta guerra, mas José Theotónio deixou claro que “uma guerra nunca beneficia o sector do turismo”, tanto que “em termos globais o turismo ainda não recuperou e em parte por causa da guerra”.
Apesar de reconhecer que “Portugal e Espanha, por estarem na Europa e por serem os países que estão mais no oeste, ou seja, os países que estão mis longe do teatro onde as coisas estão piores”, podem ser preferidos pelas “pessoas que estão a viajar”, o CEO do Grupo Pestana não deixou de alertar, de novo, que uma guerra nunca é positiva, não beneficia, antes cria um ”clima de incerteza” que é prejudicial ao turismo, nunca se sabendo qual o momento em que as coisas vão piorar. Por isso, “é preciso ter muito cuidado quando dizemos que a guerra poderá beneficar”.
Pelo contrário, assumiu, a guerra pode prejudicar e muito, nomeadamente devido ao aumento de custos, desde os custos com o pessoal, os custos com a energia e dos produtos alimentares. A isto se somam as restrições que alindam existem ao nível da aviação e que levam a que alguns mercados tenham ainda restrições ao nível das viagens.
Por outro lado, considerou o responsável, a guerra pode ainda prejudicar mais, caso o conflito venha a agudizar-se. Se isso acontecer, a incerteza e a ansiedade serão ainda maiores – e a incerteza é, neste momento a única certeza, disse, parafraseando o presidente da CTP.
Importação de mão de obra
A falta de mão de obra foi outro dos temas abordados, tendo sido referido o acordo estabelecido com a CPLP para importação de trabalhadores. “Esta medida foi anunciada em Junho e na altura eu disse que com a velocidade que se fazem as coisas em Portugal, acabaria por ser regulamentada em Outubro que é quando já não faz falta”, disse o CEO do Grupo Pestana, frisando que “a regulamentação saiu no dia 31 de outubro”
Ainda assim, José Theotónio reconheceu que “é uma boa lei. Não serviu em 2022 mas pode ser que sirva em 2023”. A propósito, defendeu que “é muito importante trazer as pessoas e dar-lhes um tempo de formação” até porque “mesmo aqueles que trabalham no setor, quando entram numa nova unidade, precisam de conhecer os cantos à casa, conhecer a cultura das empresas”.
*Turisver em Fátima a acompanhar o Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, a convite da AHP