José Theotónio: “Sou contra toda a taxa turística, seja ela qual for e de que valor seja”
Em conferência de imprensa esta terça-feira, o CEO do Pestana Hotel Group revelou ser contra as taxas turísticas e assumiu o desejo de que o turismo possa ter peso suficiente para resolver questões essenciais que passam por áreas como as infraestruturas ou a imigração.
“Esta mania que existe de quando um setor está bem começar a taxá-lo, não é o melhor em termos económicos”, disse José Theotónio assumindo-se contra toda e qualquer taxa turística “porque as empresas já pagam impostos, já pagam o IVA”.
José Theotónio, que respondia a uma questão dos jornalistas sobre o aumento da taxa turística em Lisboa para 4€ por pessoa/noite, sublinhou que o setor dos serviços é dos poucos que paga o IVA em Portugal, portanto “já pagam impostos a mais em Portugal e sobre isto ainda há uma taxa em cima”, disse.
Para o responsável, “o grande argumento para se mostrar a importância do turismo é olhar para trás, para os anos em que não houve turismo e ver como a economia foi afetada, a economia toda, na cidade e no país, o desenvolvimento que [essa situação] não deu à sociedade como um todo e o que as populações sofreram”. Um argumento que serve também para contrapor àqueles que se queixam de haver turismo a mais.
Ainda assim, reconheceu que devem existir “políticas públicas e privadas concertadas no sentido de se conseguir fazer uma melhor circulação e uma melhor dispersão dos fluxos de turismo na cidade”.
“Se olharmos para a cidade de Lisboa e quando comparamos com os fluxos turísticos internacionais noutras cidades, são baixos. O que nós temos é uma concentração muito grande em poucas áreas turísticas, o que obviamente tem impacto”.
Sobre as medidas que devem ser implementadas para o turismo pelo novo Governo, o CEO do Grupo Pestana recordou que este é um setor “eminentemente privado” em que a resolução dos grandes problemas passa por outras áreas que não o turismo.
“É fácil o setor do turismo concertar com o secretário de Estado do Turismo, o importante era ter uma Secretaria de Estado do Turismo que conseguisse ter peso para que muitas das decisões que são necessárias tomar em outros setores de actividade e que impactam no turismo, fossem tomadas”.
É o caso das infraestruturas, nomeadamente no que se refere ao aeroporto de Lisboa, mas também das políticas de imigração.
“Nós, como estamos em Cabo Verde, em Marrocos, temos acordos formais com as Escolas de Hotelaria de lá e conseguimos os candidatos, mas depois há um processo burocrático porque eles têm que obter visto e em muitos casos o visto não vem”, desabafou, acrescentando que “isso não depende do secretário de Estado do Turismo nem das entidades do turismo (…) e o importante era que o turismo tivesse peso” na orgânica do Governo para que aqueles que são “os seus principais problemas, pudessem ser resolvidos”.