José Manuel Bolieiro encara substituição da ATA por nova associação de promoção
Face à atual situação da ATA presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, encara várias possibilidades, incluindo a de “começar tudo de novo”. Em declarações ao Turisver, o governante abordou também a situação da SATA, para deixar claro que “o prejuízo contínuo tem que terminar”.
A ATA está a viver uma situação delicada. Como é que o Presidente do Governo Regional está a acompanhar este problema?
A ATA está num período de transição. Está a encerrar um ciclo e a abrir um novo, mais potenciado e estratégico, com intervenção da Região, no sentido de termos uma valorização do Destino Açores, com promoção estratégica e global dos Açores. Isto, naturalmente, com a liderança da própria Região e, portanto, do Governo Regional e com a participação e associação dos empresários do negócio turístico que são essenciais no conhecimento, no terreno, do que importa fazer, do que importa reforçar e do que importa manter.
Este Governo foi confrontado com um ciclo negativo e estamos agora a promover o encerramento desse ciclo negativo, para iniciar um processo novo e que possa até beber inspiração em experiências consolidadas noutras situações, como por exemplo a da Madeira.
O Governo vai estar então dentro da Associação?
A participação do Governo pode ter várias características. Tenho que ser muito claro e objetivo: é preciso fazer uma espécie de auditoria para conhecer com rigor o estado da arte e depois, se houver a possibilidade de aproveitar e potenciar, renovando, mas se não houver possibilidade alguma de o fazer, não há problema em começar tudo de novo.
Os Açores tiveram um bom comportamento no último ano em termos da recuperação muito à base do turismo do Continente. Tem indicadores de que o turismo internacional recomece este ano com alguma vitalidade?
A componente promocional também visa o estrangeiro mas nós apreciamos muito, e continuamos muito satisfeitos, com o turismo interno nacional e continental, em particular e estaremos sempre de braços abertos para o nosso turismo interno nacional continental, até porque isso ajuda a acrescentar e a dar notoriedade e notabilidade aos Açores enquanto destino turístico no mundo, também para o turismo estrangeiro. Nós somos um destino que tem tudo para ser atrativo para o turista estrangeiro Temos critérios de desenvolvimento sustentável de ligação com a natureza ao qual o turista estrangeiro é muito sensível, temos tranquilidade e segurança em vários planos: não temos criminalidade nem ameaças terroristas, temos segurança alimentar. Temos outra componente que é o bom acolhimento e estamos agora a qualificar também, não só o alojamento, mas a promoção das atividades de ocupação e experiência turística para os turistas estrangeiros.
“Uma coisa é resgatar o passado negativo [da SATA] outra coisa é dar continuidade a um negócio com prejuízo constante, isso tem que ser eliminado”
A SATA tem sido um pilar para o desenvolvimento dos Açores em termos turísticos. Está no rumo certo?
Tal como fiz referência à preocupação quanto à promoção turística e ao estado da ATA, o mesmo se passa com a SATA. Infelizmente, o legado que este Governo recebeu relativamente à SATA era muito preocupante, pondo em risco a sustentabilidade e a sobrevivência da SATA. Estamos a trabalhar arduamente para garantir que a SATA, na componente interilhas, em que cumpre obrigações de serviço público inquestionável e reconhecido pela União Europeia.
A ligação dos Açores com o exterior, que está sob a participação da SATA Air Açores, é também muito importante. O esforço é maior, é mais difícil, mais concorrencial mas estamos a trabalhar também na boa gestão da empresa e da sua sustentabilidade, para o contínuo prejuízo e a necessária subvenção pública – isso tem que terminar. Uma coisa é resgatar o passado negativo, outra coisa é dar continuidade a um negócio com prejuízo constante, isso tem que ser eliminado. Mas estamos a trabalhar na SATA porque ela é decisiva enquanto acessibilidade, nos Açores, no inter-ilhas, e nas deslocações de e para os Açores, com o contexto exterior e por isso também é uma aposta forte que faremos, com base nas reservas que apontei. A SATA Air Açores é mais concorrencial, está na competitividade no negócio a nível internacional e tem outras exigências e outras regras.