Jorge Rebelo de Almeida: “Procurámos que o hotel [VG Collection S. Miguel] fosse açoriano”

“Depois de muitos anos a tentar fazer qualquer coisa nos Açores”, a Vila Galé inaugurou sábado o seu primeiro hotel na região, o Vila Galé Collection São Miguel que “estourou o orçamento previsto”, mas que é, segundo Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo, “o hotel mais bonito dos Açores”, marcado por uma relação estreita com a história e a cultura da região.
Em conferência de imprensa em Ponta Delgada, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida explicou que este projeto foi conseguido através de uma ligação com a Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada, proprietária do edifício agora ocupado pelo Vila Galé Collection São Miguel, com quem o Grupo fez “um acordo para ter o direito de superfície por 40 anos, renovável”.

O edifício onde se encontra o hotel é “muito bonito, muito impactante”, classificou Jorge Rebelo de Almeida. “Acho que fizemos aqui o hotel mais bonito dos Açores”, defendeu, explicando que isso foi possível porque “procurámos que o hotel fosse açoriano” e que refletisse a história dos Açores “desde o Descobrimento, passando pela Autonomia até à realidade atual”. Isto porque, assumiu, na Vila Galé “gostamos de fazer coisas diferenciadoras”
A reabilitação do edifício e a sua adaptação a unidade hoteleira com o cunho da Vila Galé – este é mais um hotel temático – não foi fácil, contou o presidente do Grupo, precisando que as obras “estouraram o orçamento” previsto, que tinha sido de 12 milhões de euros, tendo-se cifrado em 15 milhões, muito por via do aumento de preços dos materiais de construção, da dificuldade de encontrar mão de obra para o sector da construção e também de fazer chegar alguns dos materiais a Ponta Delgada.
Apesar disso, Jorge Rebelo de Almeida afirma que a reabilitação de património para uso turístico é o caminho a seguir, defendendo que o futuro do turismo deve passar por uma ligação estreita com a cultura e pela busca de autenticidade. “Temos que continuar a crescer no turismo, mas temos que manter e preservar a autenticidade”, afirmou, acrescentando: “Um centro histórico, como os de Lisboa e Porto, se forem só turismo perdem a autenticidade”.


Por isso, os hotéis Vila Galé instalados em património recuperado, e já são vários, como é o caso de Elvas, Braga e Alter do Chão, por exemplo, a que se junta agora o hotel dos Açores, “não pretendem trazer nada de diferente, pretendem absorver e valorizar a cultura local, integrar-se com a população (…) até porque para os turistas é interessante virem a um espaço destes e verem que há clientes locais”, considera.
“Não temos de copiar modelos importados, temos é que fazer coisas que são autênticas”
Jorge Rebelo de Almeida enfatizou ainda que em Portugal “não temos de copiar modelos importados, temos sim é de fazer coisas que são autênticas, que são nossas, para nos diferenciarmos, e diferenciar”, ou seja, há que “recuperar património, dar lugar à cultura portuguesa”, afirmou.
E, se a relação íntima com a cultura deve ser um caminho para o turismo, outro será o de a atividade contribuir para o desenvolvimento do interior: “Dizemos há anos que devemos desenvolver o Interior. Temos um interior lindíssimo, mas mal aproveitado. Este país para ser interessante, até para o turismo, precisa de ser equilibrado, de ter desenvolvimento harmonioso”, defendeu.


Afirmando que o Vila Galé Collection São Miguel é “um hotel que ninguém pode copiar” devido ao edifício onde está situado e a toda a história e estórias que o seu interior conta, Jorge Rebelo de Almeida avançou que “desde que abriu” portas, no passado dia 1 de junho, “não está a correr mal” em termos de ocupação e negócio e, já com os olhos postos no futuro, assumiu acreditar que “os maiores promotores do hotel vão ser os seu clientes”.
Clientes que chegarão ao hotel por via dos mercados já tradicionais dos Açores mas Jorge Rebelo de Almeida gostaria de apostar também no mercado brasileiro, dada a relação que a Vila Galé tem com o Brasil, onde o grupo já possui 10 hotéis. Admite, no entanto, que não é fácil por não haver ligações aéreas diretas.
“Achamos que o brasileiro vai adorar vir aos Açores (…) mas para um brasileiro é complicado ter que ir a Lisboa e depois vir para aqui”. Por isso considera que seria “importante ter algumas ligações diretas do Brasil”. Uma situação que podia até levar o grupo a pensar com mais precisão em via a ter mais algum projeto no arquipélago, algo que Jorge Rebelo de Almeida não descartou, embora não para já, uma vez que neste momento o grupo tem vários projetos em andamento. Ainda assim, Pico, Terceira ou São Jorge – “a minha ilha preferida”, afirmou – poderiam ser localizações a estudar.


O Turisver viajou para os Açores a convite do Grupo Vila Galé