IV Convenção da ARAC: Desafios da mobilidade também são oportunidades para o setor

Os desafios da mobilidade e o que deles resulta em oportunidades para o setor, foi a tónica deixada por Paulo Pinto, presidente da ARAC, na abertura da IV Convenção Nacional da associação, em Alcobaça, onde também deixou claro que a mobilidade elétrica não avançará enquanto não houver postos de carregamento suficientes. Na mesma sessão, Nuno Fazenda prometeu apoios por parte do Governo.
Sustentabilidade e digitalização foram os dois grandes desafios enumerados pelo presidente da ARAC, Paulo Pinto, que os considerou “conceitos inseparáveis da mobilidade” que estão sempre no mindset dos gestores do setor associados da ARAC, referiu o responsável que também destacou o facto de estarem presentes na convenção mais de150 empresas associadas, representativas de “24% da aquisição anual do parque de ligeiros”, sublinhou Paulo Pinto.
Na sua intervenção na sessão de abertura, o presidente da ARAC quis deixar alguns pontos para reflexão, alguns deles já considerados tendências, caso da “mudança geracional transformadora da mobilidade” e tem que ver com a desvalorização da posse em detrimento do uso e da experiência. Ou seja, as novas gerações (a “Z” e em breve a “Alfa”), em especial nos centros urbanos, não têm como ideia prioritária a aquisição de automóvel próprio.
Esta é, segundo Paulo Pinto, “uma oportunidade única para o setor” que pode oferecer, numa mesma plataforma, vários meios de mobilidade como automóvel ligeiro, autocaravana, mota scooter, bicicleta, e oferecer pacotes em que estejam incluídos vários destes meios, num conceito de mobilidade integrada. Outra possibilidade, que já existe e ganha adeptos, é o carsharing, acessível através de qualquer telemóvel, num conceito de “flexibilidade” que os jovens muito apreciam e a que as empresas têm que se adaptar. O que segundo o responsável está a ganhar cada vez mais adeptos é o sistema de subscrição dando acesso às viaturas 24 horas por dia, sete dias por semana.
A par da desmaterialização de processos, a digitalização é outro elemento que as novas gerações não dispensam e “uma realidade incontornável” e “indissociável” do aluguer de veículos, catividade que cada vez mais tem que saber responder “em tempo real”.
Utilização de IA na inspeção de veículos que resultem em processos mais competitivos e claros para o cliente, aposta na mobilidade sustentável, através da mobilidade elétrica foram outros desafios que enumerou tende deixado claro que, em particular no que toca à mobilidade elétrica “precisamos de ajuda, sozinhos não podemos continuar”, disse, referindo-se à falta de postos de carregamento destes veículos – apenas existem 6.000 espalhados por todo o país, indicou.
“Enquanto o turista não conseguir carregar a sua viatura durante a pernoita, o aluguer de veículos elétricos não avançará”, afirmou o presidente da ARAC”. A este repto lançado ao Governo, juntou ainda outro: a alteração do modelo de pagamento das portagens que obriga as empresas locadoras de veículos a agirem como cobradoras junto dos clientes (os nacionais, porque relativamente aos turistas estrangeiros estes são valores que permanecem como incobráveis para as empresas).
Nuno Fazenda: Governo continuará a apoiar a mobilidade elétrica
Também na sessão de abertura da IV Convenção da ARAC, o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, sublinhou o “papel importantíssimo” das empresas locadoras de veículos “naquilo que diz respeito à mobilidade, naquilo que diz respeito a proporcionar experiencias no turismo ao longo de todo o território, no que diz respeito à visitação turística por todo o território”. Por isso, continuou, estas empresas “têm um papel importantíssimo no desenvolvimento do turismo e na coesão territorial”.
Lembrando que Portugal tem a ambição de “liderar o turismo do futuro”, nomeadamente ao nível da sustentabilidade e digitalização, o governante deixou claro que “os apoios à mobilidade elétrica têm que prosseguir e a avançar”, tendo referido, a propósito, que “em 2022 criámos cerca de 30 postos elétricos por semana, sendo o pais da Europa com mais postos de carregamento por cada 100Km”. Neste sentido anunciou que o Governo vai atuar ao nível da “agilização do licenciamento dos postos” e está a trabalhar numa “nova campanha para criar mais postos elétricos, designadamente em territórios onde há menor apetência do mercado e menor densidade turística”.
Respondendo ao presidente da ARAC, Nuno Fazenda deixou também a promessa de que o Governo vai “reforçar o diálogo relativamente à matéria das portagens”.