Interesse na TAP mantém-se mas indefinição sobre aeroporto impactará no preço, alertou Luís Rodrigues
No 48º Congresso da APAVT, o presidente executivo da TAP afirmou que o interesse dos operadores internacionais na privatização da companhia mantém-se intacto. No entanto alertou que a indefinição sobre o novo aeroporto de Lisboa terá um impacto negativo no preço da venda.
Questionado pelo presidente da APAVT no painel “À Conversa com…” sobre se do ponto de vista das empresas interessadas na privatização da transportadora aérea portuguesa, o facto de não haver ainda uma solução para o aeroporto de Lisboa poderá ser um constrangimento, Luís Rodrigues, presidente executivo da TAP deixou claro que “é condicionador, mas isso reflete-se no preço”, uma vez que “qualquer operador que queira comprar [a TAP] vai dizer: se existisse uma infraestrutura aeroportuária livre e com margem de crescimento ou manobra a partir de amanhã o valor que eu ia pagar era este porque o meu processo de crescimento era um. Não sendo o caso, isso vai-se refletir naquilo que é possível prever”.
Significa isto que o Estado poderá ter de vender a TAP por um valor mais baixo do que aconteceria se estivesse definido um plano estratégico para os aeroportos nacionais ou se, pelo menos, se tivesse sido já encontrada uma solução para o novo aeroporto de Lisboa.
Esta consideração vai, aliás, ao encontro daquilo que foi já expresso, em finais de outubro durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados, pelo CEO do Grupo Air France-KLM, Benjamin Smith que na altura considerou que a clarificação da situação aeroportuária de Lisboa será da maior importância para a decisão de licitação na privatização da transportadora aérea portuguesa (ler aqui).
O tema é da maior atualidade e pertinência dado que a definição da situação do novo aeroporto de Lisboa será uma das questões que sofrerá um adiamento por via da queda do governo e das eleições legislativas de março de 2024. Outro dossier que irá também sofrer adiamento será o da privatização da própria TAP. No entanto, segundo Luís Rodrigues, estes adiamentos não terão impacto no interesse dos operadores internacionais que já demonstraram interesse na privatização da companhia.
“O interesse para os operadores estrangeiros continua lá todo. Ainda ontem [sexta-feira] falei com um deles que me disse: ‘nós temos todo o interesse, percebemos que isto é um processo político que tem o seu caminho, não é por causa disso. E, portanto, vocês estão a fazer um bom trabalho, os resultados estão à vista, continuem'”, disse.
Para Luís Rodrigues, a privatização da TAP é uma questão da maior relevância: “Pragmaticamente é impensável ter uma empresa de aviação a atuar num mercado competitivo global a ser condicionada por um acionista, neste caso o acionista Estado. A forma mais óbvia e historicamente fácil de fazer isso é privatizá-la. Não vou discutir [a percentagem]. É privatizá-la e o Estado, dada a importância estratégica que tem para o país, estar lá a acompanhar”, reiterou.
No entanto, se a privatização da TAP não for possível, disse, devem ser criadas regras que permitam que a empresa seja gerida livre dos entraves administrativos a que está sujeita no atual quadro e que a obrigam por exemplo, a ter que pedir autorização ao Tribunal de Contas em caso de despesas acima dos cinco milhões de euros – uma verba que a companhia gasta quase diariamente, dado o peso dos gastos em combustível.